Trump e Francisco podem enfrentar novas tensões sobre Cuba

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13 Junho 2017

O presidente Donald Trump e o Papa Francisco tiveram um encontro cordial em 24 de maio, onde salientaram áreas de acordo tais como a liberdade religiosa e a perseguição aos cristãos no Oriente Médio. No entanto, há poucos dias uma autoridade vaticana descreveu a retirada dos EUA do Acordo de Paris anunciada por Trump como um “tapa na cara”, e agora Trump parece estar disposto a reverter a abertura americana a Cuba que Francisco ajudou a construir.

A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada por Crux, 12-06-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Poucos dias depois de citar positivamente o apoio dos evangélicos brancos em um discurso proferido no Faith and Freedom Forum, em Washington, o presidente americano Donald Trump pode estar prestes a criar novos motivos para uma nova tensão com o líder religioso com quem ele já tem uma relação ambivalente: o Papa Francisco.

De acordo com reportagens na imprensa, Trump viajará para Miami na sexta-feira para anunciar uma reversão parcial da abertura a Cuba, pedra angular na política externa do governo Obama. Entre outras coisas, ele irá restabelecer algumas restrições ao comércio e a viagens entre os dois países. O cenário é cuidadosamente escolhido, já que Miami continua sendo uma fortaleza para exilados e dissidentes cubanos contrários à família Castro.

A decisão irá se justificar provavelmente com base nos direitos humanos e a favor da democracia. Assessores advertem, no entanto, que o presidente ainda está para tomar uma decisão final a respeito de Cuba, e os planos para o anúncio ainda podem sofrer alterações.

Pouco depois de assumir o poder, Trump ordenou que sua equipe de segurança nacional realizasse uma revisão da política americana sobre Cuba com um olho voltado a desfazer algumas das aberturas ocorridas sob o comando de Obama. Espera-se que o presidente faça o anúncio na sexta-feira como sendo uma “promessa cumprida”. Supondo que o presidente siga neste sentido, é pouco provável que sua decisão caia bem com o papa.

Quando se anunciou a restauração das relações entre EUA e Cuba em dezembro de 2014, tanto o presidente Barack Obama quanto o líder e Raúl Castro agradeceram o pontífice pelo papel desempenhado ao criar canais de comunicação, após escrever a ambos e pedir que dialogassem.

A carta do Papa Francisco “nos deu um impulso renovado para seguirmos em frente”, disse na época um porta-voz da Casa Branca.

Em outubro de 2014, o Vaticano tornou possível negociações sigilosas entre os dois lados, o que ajudou a pavimentar o caminho para o acordo.

Francisco visitou Cuba em 2015, pouco antes de rumar aos EUA, programação amplamente interpretada como uma forma de reafirmar a abertura entre as duas nações e incentivar a continuação do processo.

“Há alguns meses temos testemunhado um evento que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre esses dois povos depois de anos de desavenças”, disse Francisco na pista do Aeroporto Internacional José Martí imediatamente após chegar ao país insular.

“Eu peço aos líderes políticos que perseverem neste caminho e desenvolvam todas as suas potencialidades como uma prova do serviço ao qual são convocados em nome da paz e do bem-estar de seus cidadãos e de toda a América, como um exemplo de reconciliação para todo o mundo”, disse ele.

Durante essa viagem, o principal assessor do papa, o cardeal italiano Pietro Parolin, afirmou que o Vaticano esperava que as relações diplomáticas restauradas fossem em breve seguidas de uma suspensão do embargo comercial imposto a Cuba pelos EUA, bloqueio desse tipo mais antigo em vigor no planeta.

Portanto, é provável que o Vaticano, sob a liderança do Papa Francisco, não veja positivamente algum revés naquilo que se tem até então entre os dois países.

A possível nova tensão com relação a Cuba compreende outras diferenças entre a Casa Branca e Roma, tocando em temas como imigração, iniciativas contra a pobreza e mudanças climáticas, incluindo a decisão recente de Trump em abandonar os acordos de Paris que Francisco e sua encíclica ambiental Laudato Si’ ajudaram a inspirar.

A retirada dos EUA do Acordo de Paris foi descrita como um “tapa na cara” do Vaticano e do Papa Francisco por Dom Marcelo Sanchez Sorondo, chefe da Pontifícia Academia de Ciências e da Academia de Ciências Sociais.

Apesar das divergências, no Vaticano Trump e Francisco tiveram um encontro cordial no dia 24 de maio, onde salientaram concordâncias básicas em temas como a liberdade religiosa, a dignidade da vida humana, o direito de consciência e a importância de defender os cristãos perseguidos no Oriente Médio.

Todavia, a reviravolta na questão do acordo climático e, agora, com Cuba sugere que, se Callista Gingrich, esposa do ex-presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich, for confirmada pelo Senado americano como a embaixadora para o Vaticano, aquela que já prometia ser uma nomeação diplomática complicada provavelmente será ainda mais.

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