08 Novembro 2019
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG.
A folha viva
Mantém-se o ramo vivo
da verdura. A folha
cai, repõe-se, a copa reverdece,
o seu volume sobe.
Nada é efémero
sob o tom da luz. Tudo
retoma a folha, tem recorte,
o seu pecíolo verde ou outra forma.
Cai a folhagem, tinge todo o chão.
Ou, possuída a terra, ela persiste
e é perene a queda
de uma árvore; depois o surto,
e tudo convergente, se mantém.
Fonte: Fiamma Hasse Pais Brandão. Obra breve. Poesia reunida. Porto: Assírio & Alvim, 2017, p. 93.
Fiama Brandão
Foto: Luísa Ferreira | Casa Fernando Pessoa
Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007): Poetisa, dramaturga, ensaísta e tradutora portuguesa. Foi condecorada com o Prêmio Adolfo Casais Monteiro, e sua obra passou a ganhar mais visibilidade a partir da criação, em 1961, da revista Poesias 61 e, em 1965, quando participou da criação do grupo de teatro Hoje. Traduziu diversos autores alemães e franceses para o português, entre eles, John Updike, Bertold Brecht, Antonin Artaud, e Anton Tchekov. Entre as suas obras, destacamos, Barcas Novas (1967), (Este) Rosto (1970), Âmago I/Nova Arte (1985), Cântico maior (1995), e Epístolas e Memorandos (1996).