23 Agosto 2019
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
Um amor imenso
Amar o universo não me traz mágoa.
Sobretudo, amar a areia
arrebata-me de júbilo e paixão.
Amar o mar completa a minha vida
com o tato de um amor imenso.
Mas veio o vento e, por momentos,
amargurou o meu corpo, a oscilar.
E está o Sol aqui, depois de uns dias
com o jardim obscurecido a beber sombra.
E sei que os átomos zumbem
e dançam como os insetos,
ébrios em redor do pólen.
Fonte: Fiama Hasse Pais Brandão. Cenas vivas. Lisboa: Relógio d´água, 2000, p. 26
Fiama Brandão
Foto: Luísa Ferreira | Casa Fernando Pessoa
Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007): Poetisa, dramaturga, ensaísta e tradutora portuguesa. Foi condecorada com o Prêmio Adolfo Casais Monteiro, e sua obra passou a ganhar mais visibilidade a partir da criação, em 1961, da revista Poesias 61 e, em 1965, quando participou da criação do grupo de teatro Hoje. Traduziu diversos autores alemães e franceses para o português, entre eles, John Updike, Bertold Brecht, Antonin Artaud, e Anton Tchekov. Entre as suas obras, destacamos, Barcas Novas (1967), (Este) Rosto (1970), Âmago I/Nova Arte (1985), Cântico maior (1995), e Epístolas e Memorandos (1996).