Os protestantes reavaliam o casamento?

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26 Outubro 2018

Foto: Settimana News

A tradicional doutrina protestante sobre o casamento o exclui da categoria dos sacramentos. Marco da Ponte, no livro Verso una rivalutazione della sacramentalità del matrimonio? Fra etica e dogmatica nella teologia protestante contemporanea europea (Rumo a uma reavaliação da natureza sacramental do matrimônio? Entre ética e dogmática na teologia protestante contemporânea europeia), analisa em que medida os teólogos protestantes contemporâneos, mesmo sem negar tal doutrina, atribuem ao matrimônio conotações que o aproximam de fato da dignidade de sacramento e quais sejam as razões que os levam a isso.

O comentário é de Paola Zampieri, publicado por Settimana News, 21-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Sua pesquisa examina principalmente os problemas teológicos, enquanto aqueles éticos são abordados apenas para evidenciar seus pressupostos teológico-dogmáticos.

O campo de investigação é limitado, no plano "geográfico", à produção dos teólogos europeus, pertencentes às igrejas evangélicas, reformadas e à igreja anglicana; no plano cronológico, o autor considera os teólogos que produziram estudos e pesquisas sobre o casamento a partir da segunda metade do século XX. Desde aquele momento, de fato, a teologia protestante tem dedicado um espaço cada vez maior às questões da sexualidade e do casamento, impulsionada pelas rápidas transformações da sociedade que começaram logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.

"Em especial - explicou Marco Da Ponte – duas dessas transformações afetaram de forma evidente e com graves consequências a instituição do casamento: a difusão do trabalho feminino, com a consequente redistribuição de papéis entre homens e mulheres dentro do ménage familiar e a chamada "revolução sexual", sob alguns aspectos já iniciada na década de 1960, cujos efeitos sobre a vida sexual dos casais abriram o caminho para o que se tornou uma verdadeira proliferação de situações sócio-culturais bem distantes do modelo tradicional de casal conjugal e de família".

Por outro lado, a emancipação das mulheres obrigava a uma revisão crítica do modelo patriarcal de família, amplamente dominante e dado como certo durante séculos na ética familiar protestante.

Tudo isso, junto com a introdução de leis de divórcio nas legislações dos Estados dos países europeus - acrescenta Da Ponte - deu um grande impulso à reflexão teológica e ética sobre o casamento, "obrigando os teólogos, por um lado, a encontrar maneiras de propor uma mensagem ética ainda significativa, a fim de atender a situações de mudança e, pelo outro, a interpretar que instâncias tais novas situações dirigiam para a moral evangélica e como elas poderiam ser assumidas, ainda que criticamente, como situações de vida às quais direcionar um anúncio que não fosse de pura e simples condenação".

O texto é particularmente recomendado aos presbíteros, aos agentes pastorais, aos formadores e aos educadores.

Mas quem é Marco Da Ponte, o autor desse valioso texto? Ele é laico casado e pai, formado em filosofia e doutor em teologia ecumênica, professor em várias universidades. É diretor do Centro de Estudos Teológicos "Germano Pattaro" de Veneza. Publicou numerosos ensaios e artigos de filosofia e de teologia e editou o volume Germano Pattaro, Dove stanno gli uomini. Scritti di un “teologo itinerante” (Germano Pattaro, onde estão os homens. Escritos de um "teólogo itinerante", 2011).

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