Colômbia. Morte de Dom Jesús Jamarillo não foi apenas um ''erro'', mas um crime horrendo, odioso e gratuito

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04 Setembro 2017

Prezado Sr. Pablo Beltrán, obrigado pelas suas palavras como Negociador-Chefe do Exército de Libertação Nacional (ELN), declaradas à rádio colombiana Kapital Stereo, de Arauca. As suas expressões, em nome do segundo grupo armado de esquerda na Colômbia depois das ex-Farc, são importantes e devem ser enfatizadas, e não esquecidas.

O comentário é de Luis Badilla, publicado por Il Sismografo, 01-09-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O fato de que o ELN, depois de 27 anos, admita aberta, pública e claramente que o horrendo assassinato do bispo Jesús Jaramillo Monsalve foi um erro e peça perdão deve ser acolhido por todos como uma relevante contribuição para a verdade, a justiça e a reconciliação, em suma, para a verdadeira paz que o povo colombiano deseja com angústia e sofrimento há muitas décadas.

O Papa Francisco, no dia 8 de setembro próximo, na cidade de Villavicencio, proclamará bem-aventurado, junto com o Pe. Pedro María Ramírez, o querido Dom Jaramillo e, nessas duas figuras, reconhecerá todas as vítimas, centenas de milhares, que, nesses últimos 70 anos, pagaram com a própria vida o preço do ódio, do fanatismo ideológico e – por que não o dizer sem hesitação – da maldade.

A morte do idoso bispo Jaramillo foi pura e simples maldade, e espero que a autocrítica de vocês, durante um congresso clandestino, tenha sido tão honesta e sincera a ponto de reconhecer a enorme gravidade daquilo que fizeram.

Não se deve esquecer – e nunca esqueceremos – que Dom Jaramillo, preso enquanto estava em visita pastoral aos seus fiéis e sacerdotes, foi processado por um infame e ilegítimo tribunal do “povo”, torturado e, depois, executado “em nome do povo, porque era um contrarrevolucionário”.

Felizmente, esse “povo” do qual vocês sempre falaram grosseiramente é uma invenção de vocês, e não tem nada a ver com o verdadeiro povo colombiano.

Eu conheci Dom Jesús Jaramillo. Entrevistei-o duas vezes para a Rádio Vaticano. Na segunda vez, eu conversei com ele longamente e, portanto, acho que entendi que, no seu ministério sacerdotal, do qual ele estava profundamente apaixonado, havia uma tensão e uma vocação ao serviço, à caridade, ao amor, especialmente aos fracos.

Ele era um homem manso, cheio de bondade, sincero e disponível ao diálogo. Também era um homem tão generoso que estou convencido de que morreu perdoando os seus assassinos e oferecendo a sua vida aos outros.

Caro Beltrán, permita-me uma última observação: o crime horrendo, odioso e gratuito de vocês contra um homem bom causou um dano enorme, irreparável e dilacerante às ideias, aos projetos e às aspirações de milhões de cristãos latino-americanos.

Talvez seja a hora de fazer uma autocrítica também de todo o projeto de você, desde que vocês nasceram, há 54 anos. Das ações de vocês, olhando para trás, permanece no coração e em tantas famílias colombianas apenas dor, luto e sofrimento. Quanto antes vocês chegarem a um acordo de pacificação com as autoridades da Colômbia, melhor será para todos, mas, especialmente, para as consciências de vocês.

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