A Ascensão está ligada diretamente à Sexta Feira Santa: é a vitória da cruz

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10 Mai 2013

Foi levado para o céu. A Ascensão é o fim do tempo de Jesus: Aquele que veio do Pai retorna para o Pai. A Ascensão é também o começo do tempo da Igreja: os discípulos irão receber a força do Espírito que os impelirá até as extremidades da Terra.

A reflexão é de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire, comentando as leituras do Domingo da Ascensão do Senhor. A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

Eis o texto.

Referências bíblicas:
1ª leitura: Atos 1,1-11
2ª leitura: Efésios 1,17-23
Evangelho: Lucas 24,46-53

“É bom para vós que eu parta”

Chegamos hoje ao fim dos quarenta dias misteriosos nos quais Jesus, a uma só vez presente e inaccessível, preparou os discípulos para o tempo em que vai ser necessário crer sem ver. A Ressurreição foi, de fato, um salto na vida de Deus e a Ascensão só fez revelar uma realidade que estava já aí. Quando os discípulos puderam ter como evidente que Jesus havia atravessado a morte, não necessariamente podiam compreender que esta vida nova que O animava já não era mais a mesma de antes da Paixão. Vão ter agora que aceitar esperar a volta do Cristo. Quantas parábolas nos falam do mestre que se ausenta, confiando a casa aos seus empregados! Mas, mesmo se para os nossos sentidos corporais Jesus não esteja mais aqui, não é por isso que estamos sós. Fomos habitados por seu Espírito e assumidos na unidade de um só corpo com múltiplos membros: “É bom para vós que eu parta” dizia Jesus, em João 16,7. E em 17,11: “Já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para ti. Pai santo (...) para que sejam Um assim como nós somos Um.” Por isso Lucas termina o seu relato dizendo que os discípulos “voltaram para Jerusalém com grande alegria”. Esta é a nossa situação atual. Não temos contato com Jesus, nem visual nem auditivo, exceto através das Escrituras, e, no entanto, Ele está aqui, mais perto e mais íntimo a nós do que no tempo de sua vida “terrestre”.

O nome acima de todo nome

Uma vez que o Cristo soube amar a ponto de se submeter à nossa morte, “Deus o exaltou e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre de quantos há no céu, na terra e debaixo da terra. E que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor...” (Filipenses 2,9-11). A Ascensão não é somente um desaparecimento combinado com um novo modo de presença; é também uma elevação. Até mesmo na linguagem corrente, a altitude geográfica é um símbolo de excelência. A imagem de Jesus que sobe aos céus e desaparece na nuvem é para ser tomada neste sentido. Tem um Nome que está acima de todo nome e que, portanto, não é mais um nome: é o Nome impronunciável, o Nome divino a que se refere o relato da sarça que arde sem se consumir, em Êxodo 3,14. Daqui por diante, conforme segue o texto de Paulo, o nome divino, outrora impronunciável, torna-se Jesus. Jesus foi elevado acima do quê? Na segunda leitura, Paulo diz que Deus “o fez sentar-se (...) bem acima de toda autoridade” e de todos os seres que nos dominam. Colocou-O mais alto que tudo, segue dizendo, e “pôs tudo sob os seus pés”, submetendo tudo a Ele. Todos nós temos parte neste poder, porque o Cristo tornou-se “a cabeça da Igreja, que é o seu corpo”, a plenitude total do Cristo, “a plenitude daquele que possui a plenitude universal.” No fundo, os céus para onde o Cristo foi subindo somos nós, a Igreja.

A Ascensão e a vitória da cruz

As palavras usadas por Paulo para falar de tudo o que foi superado pelo Cristo, tudo aquilo que é contra nós, permanecem para nós um pouco abstratas. Vamos tentar precisar mais. Quando Jesus aceitou ir para a morte de cruz, superou o medo e a dúvida, confiando nas Escrituras. A cruz é já uma vitória da fé: vitória bem trabalhosa, para quem acredita no relato do Getsêmani. É uma vitória também sobre tudo o que faz nascer a violência dentro de nós: o desejo de retribuir o mal com o mal, o desejo de opor a força contra a força: as legiões de anjos que não serão convocadas (Mateus 26,53); a necessidade de defender sua honra, sua dignidade. João tem razão ao dizer que, pela cruz, Jesus foi elevado da terra: ele se elevou acima de todas as tentações de poder que nos dominam e nos levantam uns contra os outros. Pois é neste consentimento à fraqueza que se afirma o poder de Deus. Este poder não é um poder “contra”, mas um poder “a favor de”, como no primeiro dia da criação. A cruz é uma vitória da vida sobre as forças da morte, e a Ressurreição só fará explicitar este triunfo de Jesus sobre tudo o que pretendia persuadi-lo a recusar o dom de sua vida, a recusar o amor, portanto. Jesus ressuscitou porque o amor é que O faz viver. Ao extravasar a plenitude do amor, Jesus havia entrado já na vida de Deus, de que a Ascensão será para nós o sinal e a revelação. Logo se vê que o mistério do Cristo se compõe de um conjunto perfeitamente inseparável.

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