22 Setembro 2020
O provincial dos jesuítas espanhóis, Antonio España, anunciou a gravação de um filme sobre os mártires da UCA. E propôs: “seria razoável iniciar o processo de beatificação de Ellacuría”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 21-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Os processos de beatificação devem surgir onde esse jesuíta faleceu, por ora com Ellacuría terá que se esperar, porém, seria razoável iniciá-lo em algum momento”. Antonio España, s.j., provincial dos jesuítas na Espanha, viveu com intensidade o histórico julgamento contra Inocente Montano, declarado culpado do assassinato dos mártires da UCA.
Entrevistado pela Radio ECCA, o religioso analisa o que significou a sentença, tanto para Espanha quanto para El Salvador, assim como o impacto na Companhia de Jesus, onde a chaga deixada pelos mártires da UCA segue presente. “Recebemos a notícia da sentença com uma grande satisfação porque ajuda a aplicar o princípio de justiça universal”, defende España, que insiste em que pode ser “justiça para a reconciliação” no país centro-americano.
A lembrança de Ellacuría e dos seus companheiros segue viva na Companhia de Jesus, que segue tomando com certa calma seu processo de beatificação. De acordo com informações obtidas pela equipe do Religión Digital, no momento os jesuítas estão centrados na causa de Rutílio Grande, e posteriormente se começará a de Ellacuría, assim como a do padre Arrupe, dois símbolos vivos da Companhia hoje.
“Os processos de beatificação devem surgir onde esse jesuíta faleceu, por ora com Ellacuria terá que se esperar, porém, seria razoável iniciá-lo em algum momento”, aponta España, que revela que realizaram conversas muito avançadas para rodar um filme sobre os fatos de novembro de 1989. “Estamos falando com Imanol Uribe, diretor. O filme se chamaria ‘A casa 1516’, porém a pandemia interrompeu as gravações”.
Em outra ordem de coisas, o provincial dos jesuítas espanhóis referiu-se à “volta ao colégio”, apontando que se está “trabalhando duro nos centros educativos da Companhia e se fez com grande insegurança”.
“Passamos de aulas presenciais para não-presenciais durante a pandemia. A presencialidade ajuda para que haja mais impacto educativo”, insiste España, que advoga por “um pacto para a educação”. “Deve se olhar a educação como serviço para a igualdade e a qualidade. Igualar para que todos fiquem mais acima”, defende, afirmando que “nos resta muito por fazer enquanto avaliação das escolas”.
“Em razão da pandemia, estamos diante da maior emergência educativa global que, ademais, afeta aos mais pobres”, denuncia o provincial, apontando o trabalho feito através de Entreculturas, Alboan, Fe y Alegría ou o Serviço Jesuíta de Migrantes. “Diante de uma crise social ou trabalhamos juntos, ou será muito difícil”, conclui, recordando a campanha “Seguímos”, com a qual a Companhia de Jesus na Espanha tem atendido mais de 10 mil pessoas.
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