19 Fevereiro 2013
"A práxis exige que se recorra à persuasão. Mais do que isso não se pode fazer. O cardeal Mahony tem o direito-dever de entrar no próximo conclave para participar, com o voto, da eleição do novo papa. Claro, é uma situação desconcertante. Mas as normas devem ser respeitadas".
A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 19-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Quem fala de "persuasão" é o cardeal Velasio De Paolis, 78 anos, jurista (ex-secretário do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica) e presidente emérito da Prefeitura para os Assuntos Econômicos, além de comissário papal dos Legionários de Cristo.
Eis a entrevista.
O caso Mahony é internacional. Como se resolve?
Parece que ele está intencionado a entrar no conclave. Se entrar, terá tido alguma indicação especial para intervir.
Mas é oportuno que um cardeal envolvido no escândalo dos padres pedófilos e removido pelo seu sucessor com a acusação de controle omisso participe da eleição?
Cabe às autoridades judiciais norte-americanas lançar plena luz. Nesses casos, é necessário aplicar a constituição apostólica Universi Dominici Gregis, as normas editadas por João Paulo II sobre a eleição papal, que falam do direito-dever de todo cardeal com menos de 80 anos de entrar no conclave. Mahony poderia ser aconselhado a não participar somente por uma intervenção reservada de alguém dotado de enorme autoridade.
Bento XVI fez alguns progresso, embora indiretamente?
Não sei e não acredito. Certamente, Mahony deveria ser aconselhado por quem é capaz de entender a situação à luz da verdade. A práxis é o recurso à persuasão. Mas é preciso dizer que Mahony em Los Angeles estava trabalhando bem.
No conclave, a sua presença poderia causar constrangimentos?
Caberá à sua consciência decidir vir.
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Cardeal Mahony: ''A sua situação é desconcertante. É preciso convencê-lo a ficar em casa'', diz cardeal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU