“Só somos livres se os outros também o forem”. Entrevista com Axel Honneth

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13 Setembro 2021

 

Axel Honneth é um dos maiores filósofos contemporâneos, o último herdeiro da escola de Frankfurt.

Ele leciona na Columbia University em Nova York, onde dirige o Instituto de Pesquisa Social fundado por Max Horkheimer e Theodor Adorno.

A entrevista é de Raffaella De Santis, publicada por Repubblica, 12-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis a entrevista.

 

É possível hoje combinar liberdade e segurança?

Depende de como definimos liberdade e o tipo de liberdade em que uma ordem social particular se baseia. Se a noção culturalmente dominante é que nossas liberdades estão interconectadas e que minha liberdade depende da sua liberdade, então podemos cooperar e cuidar mutuamente de nossa segurança física e moral. Mas se o que prevalece é a ideia de que a liberdade é uma posse privada, ou seja, um direito que me permite fazer o que eu quiser dentro dos limites da lei em vigor, então a liberdade individual e a segurança física de todos estão em conflito permanente: neste caso, não encontro em minha liberdade nenhum incentivo para cuidar da saúde física dos outros. Por isso, há tempo, venho defendendo uma noção mais social e comunicativa da liberdade individual.

 

Contando com uma ideia de responsabilidade pessoal?

É preciso ver o que queremos dizer com 'responsabilidade pessoal'. Pode-se entender que se tenha a responsabilidade de cuidar de si mesmo. Mas também pode se entender o sentido moral, kantiano, pelo que a responsabilidade pessoal implica que também é nossa responsabilidade cuidar do bem-estar de todos os outros. Em nossa época individualista, o primeiro tipo de responsabilidade prevalece. Seria necessária uma mudança radical na compreensão das nossas responsabilidades como cidadãos democráticos, para recuperar a confiança na existência de formas morais e sociais de responsabilidade pessoal.

 

A obrigatoriedade da vacina é uma limitação ou garantia de liberdade?

Pergunta difícil. Todos nós tendemos a afirmar que qualquer coerção por parte do governo é uma limitação de nossa liberdade individual. Por outro lado, há âmbitos em que aceitamos tal limitação em nome de valores superiores da comunidade democrática, como o alistamento obrigatório no passado ou, em alguns estados, o trabalho social obrigatório. Se tal restrição protege os direitos das minorias, então poderia ser legítimo para um estado de direito exigir que seus cidadãos sejam vacinados tendo em vista a saúde física de todos. No entanto, na situação atual tendo a preferir a obrigação indireta, que pode ser exercida por um estado democrático através da limitação de acesso a determinados entretenimentos ou serviços para aqueles que se recusam a se vacinar.

 

 

Você escreveu um livro sobre o conceito de reconhecimento. Pode-se ser livre sem reconhecer a liberdade dos outros?

Minha resposta é clara e inspirada em Hegel. Não podemos ser livres sem reconhecer a liberdade dos outros, simplesmente porque, se não reconhecemos sua liberdade, não podemos considerá-los sujeitos capazes de reconhecer livremente a nossa.

 

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