O arcebispo de Paris fecha a comunidade “Igreja em saída”

Foto: Edgardo W. Olivera | Wikimedia Commons

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18 Fevereiro 2021

O arcebispo de ParisMichel Aupetit, decidiu fechar o centro pastoral Saint Merry, expressão daquela “Igreja em saída”, cara ao Papa Francisco.

A reportagem é de Askanews, 11-02-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

D. Aupetit, bioético antes de ser ordenado sacerdote, nomeado por Bergoglio em 2017 para dirigir a arquidiocese parisiense, é um prelado conservador e esteve próximo do movimento "manif pour tous" nascido nos últimos anos contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Saint Merry, no bairro de Halles, é um centro pastoral não territorial – ou seja, que desempenha todas as funções de paróquia mesmo sem o ser - criado em 1975, na sequência do Concílio Vaticano II, por iniciativa do então arcebispo de Paris, o cardeal Francois Marty.

Com o tempo, tornou-se um ponto de referência para os setores mais abertos do catolicismo no país. Lá se realizam várias atividades pastorais, sociais e culturais: seguindo as indicações do Papa Francisco, duas famílias de migrantes foram acolhidas em apartamentos, os voluntários oferecem apoio aos desempregados e desabrigados, ali acontecem – de forma presencial e no site da internet - debates sobre questões de fé e sociedade e, a poucos passos de Beaubourg, o centro Georges Pompidou, projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, é também um laboratório artístico.

A comunidade se define como "uma Igreja aberta", "uma Igreja de busca com os cristãos, mas também com os marginalizados, os que buscam um sentido". Católicos homossexuais, casais divorciados e novamente casados ​​se encontram ali. Todos os domingos, às 11h15, é celebrada uma missa com criatividade litúrgica, preparada pela comunidade. Existe uma "colegialidade entre padres e leigos", acolhida com certa frieza pelos vários arcebispos que se sucederam na cátedra parisiense.

Por último, D. Aupetit enviou um padre em 2019, Alexandre Denis, que deveria ter assumido o controle do centro, nas intenções do arcebispo. Em vez disso, foi acolhido por "críticas injustas e ofensivas", escreve agora o bispo, segundo o que se sabe, numa dura carta enviada à comunidade, com a qual, aliás, nunca se encontrou. O padre, perturbado, renunciou em janeiro passado, "obrigado a abandonar repentinamente a sua missão diante da violência dos ataques de que tinha sido alvo", segundo Aupetit. Pequenas divergências, na realidade, que D. Aupetit julga episódios "profundamente tristes e injustificáveis", porque numa comunidade cristã "as divergências que possam existir não devem de forma alguma justificar a maldade, a ausência de caridade e a vontade de destruir".

Daí a decisão, comunicada na carta assinada em 7 de fevereiro, de que o centro fechará a partir de 1º de março, e “não haverá mais, a partir daquela data, uma celebração eucarística às 11h15, mas apenas uma missa paroquial celebrada às 10, preparada pelos paroquianos de Saint-Merry em torno dos padres aos quais confiarei a responsabilidade. Desejo permitir que a vossa Igreja volte a ser um lugar de paz e encorajo a equipa do centro pastoral a aceitar esta decisão com confiança e a pôr termo a todas as atividades pastorais neste âmbito a partir de agora”.

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