Quais são os tipos de queimadas ilegais mais utilizadas pelo agronegócio na Amazônia

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

21 Agosto 2020

Há três formas, todas ligadas à criação de gado: para renovação de pasto, para derrubar e para terminar de desmatar.

A reportagem é de Catarina Barbosa, publicada por Brasil de Fato, 20-08-2020.

Com a recorrência das queimadas na floresta amazônica, as perdas para a biodiversidade são imensuráveis, afirmam cientistas. Todos os anos, sobretudo a partir de julho, quando se vive o auge do clima seco do verão na região amazônica registra-se um aumento no número de queimadas. Especialistas do Greenpeace afirmam que atualmente há três formas de utilizar o fogo. Todas estão ligadas à monetização da floresta e tem por trás o agronegócio.

Rômulo Batista, da Campanha Amazônia do Greenpeace, explica que praticamente todo o fogo na Amazônia precisa de alguém riscando um fósforo existir. Em geral, esse ato ilegal responde a uma dessas três intenções: renovação de pasto; para desmatamento; ou para terminar de desmatar.

O tipo mais recorrente varia de acordo com o período analisado. De acordo com recentes análises dos focos de calor vs uso da terra grande parte das queimadas têm ocorrido em áreas de floresta ou áreas recém-desmatadas.

“Isso indica o uso do fogo como parte do processo do desmatamento. Segundo análise do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em 2019, 34% dos focos do ano caíram sobre áreas recém desmatadas, 30% como incêndios florestais, ou seja, em áreas que ainda são floresta e 36% para o manejo agropecuário”, explica a gestora ambiental Cristiane Mazzetti, também da Campanha Amazônia do Greenpeace.

Pasto novo

“No verão da Amazônia, o pasto fica seco. Então eles queimam a área de pastagem, que queima rapidamente e não afeta as raízes. Depois quando volta a chuva, essas gramíneas nascem de novo. O problema é que esse fogo acaba escapando para áreas de florestas que, quando degradadas, pegam fogo”, explica Rômulo Batista.

Queimada de grande porte em área de desmatamento e vista no município de Apuí, Amazonas (Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real)

“Limpar com fogo”

A segunda forma de queimada serve para matar árvores menores. As maiores, consideradas de valor pelos madeireiros, são retiradas. As que sobram, de menor porte, são queimadas. Esse crime também é conhecido como “limpar com fogo” e como as árvores menores ficam mais expostas ao sol, isso as torna mais suscetíveis ao fogo.

Completar a devastação

A terceira maneira consiste também em terminar um processo de devastação já iniciado. Nesses casos, há a derrubada das árvores com motosserras ou com o que eles chamam de correntão – método de derrubada de árvores que utiliza dois grandes tratores para puxar uma corrente grossa que derruba tudo o que está em seu caminho.

Depois, os desmatadores deixam a área secar ao sol. Dias, semanas ou meses depois, fazem uma grande pilha com a floresta morta e ateiam fogo nessa matéria orgânica.

“O que tem se tornado mais comum é o fogo em área de floresta. A floresta intacta queima muito pouco, porque ela é muito úmida, mas essas florestas em áreas próximas a áreas de pecuária e outras atividades econômicas já foram muito exploradas”, explica Batista.

“Elas passam por um processo chamado “broca”, que é limpar a floresta por baixo das copas das árvores, tirando as árvores menores e os arbustos e possibilitando que o sol chegue ao material orgânico que fica no solo da floresta. Assim, essa matéria orgânica se torna inflamável, porque está sujeita a toda essa radiação do sol. Depois, põem fogo. Foi isso que a gente identificou no Dia do Fogo, que 34% das áreas queimadas acabaram sendo áreas de florestas, que foram colocadas fogo”, complementa.

Qual é o pior tipo de queimada?

Na análise de Cristiane Mazzetti, do Greenpeace, todas as formas são muito agressivas para a floresta, para a biodiversidade e para o clima.

“Um fogo, seja para desmatar ou para renovação de área agrícola, pode escapar e atingir áreas de floresta, onde árvores morrem e emitem carbono. Além disso, o equilíbrio da floresta e sua biodiversidade são afetados”, argumenta a gestora ambiental.

“O fato é que qualquer situação gera emissões que contribuem com as mudanças climáticas. Quando é utilizado para desmatar impacta, também, diretamente os seres que compõem a floresta”, acrescenta.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Quais são os tipos de queimadas ilegais mais utilizadas pelo agronegócio na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU