Tracking confirma Bolsonaro em alta e “debate moral” pode tê-lo ajudado

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03 Outubro 2018

As mulheres, os LGBTs e todos que defendem os direitos humanos têm que continuar seu combate, mas a campanha não pode se tornar uma guerra de um tema só, escreve Renato Rovai, jornalista, em artigo publicado por Revista Fórum, 02-10-2018.

Eis o artigo.

O blogue teve acesso a dados de um tracking que não teria motivo algum para prejudicar a candidatura de Haddad e beneficiar a de Bolsonaro. E nele, Bolsonaro voltou a crescer desde domingo (30).

No sábado (29), havia empate em 25 entre as duas candidaturas. Desde domingo Bolsonaro cresceu um ponto por dia e chegou a 28 pontos. Haddad permaneceu com 25 e todas as outras candidaturas também não se mexeram.

O único grande evento desses dias foi a imensa manifestação de mulheres realizada no sábado. Mas por que isso pode ter levado água para o moinho do candidato que expressa o discurso fascista nas eleições? Porque sua rede transformou o evento num debate moral e não por direitos.

Quando Marco Feliciano foi guindado a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, houve algo semelhante. As redes feministas e LGTBs se articularam fortemente contra ele. Algumas grandes manifestações foram realizadas no Rio e em SP. Feliciano reagiu e tratou a ação como preconceito a evangélicos. E colocou a moral e os bons costumes como escudo.

Quem levou aquela peleja foi ele. Ao final do combate, as redes do deputado se tornaram imensas e ele continuou no cargo.

Pode estar acontecendo o mesmo agora. Como reação ao dia 29 das mulheres, Edir Macedo e outros capos de igrejas neopetencostais se organizaram e transformaram de forma quase silenciosa os cultos em atos pró-Bolsonaro, tornando as manifestações das mulheres em atos imorais de quem quer destruir a família.

Neste primeiro round, eles parecem ter vencido. É surpreendente, mas é da vida. Marinheiro experiente não pode se assustar com a mudança da maré e nem com onda grande.

As mulheres, os LGBTs e todos que defendem os direitos humanos têm que continuar seu combate, mas a campanha não pode se tornar uma guerra de um tema só.

Porque neste, infelizmente, o Ibope de ontem e o tracking que o blogueiro teve acesso mostram que a tendência é a de o lado de lá vencer.

É preciso debater o risco social e econômico que a candidatura Bolsonaro representa. É preciso colocar no centro do debate o que o programa de Bolsonaro representa para os mais pobres e para os trabalhadores. É a economia, estúpido, como diria o marqueteiro de Clinton.

De forma clara, sem palavras rebuscadas. As pessoas não sabem o que é déficit público, mas entendem muito bem o que é acabar com o 13º salário. Sabem o que é Bolsa Família, mas não conseguem ter ideia do que significa construir um novo pacto federativo.

Dificilmente Bolsonaro vai perder o voto dos ricos que já estão com ele. A eleição se decidirá entre os mais pobres.

O mesmo tracking aponta que 23% do país ainda não sabe que Haddad é o candidato do Lula e que 35%, se informados, podem votar nele. Isso é aproximadamente 8 pontos a mais para Haddad. E, por incrível que pareça, há mais desinformados a respeito disso no Sudeste do que Nordeste.

Ou seja, os governadores de lá estão fazendo a lição de casa. A militância progressista do Sudeste não.

Tá no Twitter brincando de subir hashtag pra ver seu nome grandão em grafos, enquanto os pobres estão no WhatsApp.

As ondas vêm e vão, como diria Lulu Santos. E é preciso aprender a enfrentá-las para não ficar mergulhando o tempo todo.

O Datafolha de hoje pode ajustar as contas do Ibope. Porque a tendência de alta não significa diferença de 10 pontos. Ou seja, muita calma nesta hora. Outras pesquisas virão, mas o que importa é ajustar o centro do discurso. É falar pra pobre. É fazer campanha discutindo a melhoria da qualidade de vida de quem está passando fome e não tem perspectiva alguma de futuro.

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