O Papa proclamará santo durante o Sínodo um jovem trabalhador do século XIX

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23 Julho 2018

O Papa proclamará santo Nunzio Sulprizio, jovem do sul da Itália que morreu aos 19 anos no século XIX devido a uma doença contraída na oficina onde ele trabalhava como ferreiro - "exemplo perfeito para os trabalhadores", como foi descrito em pleno Concílio Vaticano II por Paulo VI, que será canonizado no decorrer do próximo Sínodo sobre os jovens (03-28 de outubro próximo). O próprio Francisco estabeleceu a data durante um consistório ordinário público "ad hoc" que presidiu na manha da última quinta-feira.

Com fórmula em latim Jorge Mario Bergoglio anunciou aos cardeais reunidos na Sala do Consistório do Palácio Apostólico para sua única cerimônia pública destas semanas de verão, que Nunzio Sulprizio será inscrito entre os Santos no domingo, 14 de outubro de 2018. O Papa argentino tinha estabelecido, em um consistório de junho, que na mesma data também serão canonizados Paulo VI, o arcebispo salvadorenho mártir Oscar Arnulfo Romero e, além deles, também Dom Francesco Spinelli (fundador do Instituto das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento), Dom Vincenzo Romano, Irmã Maria Catherine Kasper (fundadora das Pobres Servas de Jesus Cristo) e irmã Nazaria Ignazia de Santa Teresa de Jesus (fundadora da Congregação das Irmãs Missionárias Cruzadas de la Iglesia).

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 19-07-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

"Na proximidade do Sínodo dos jovens que Sua Santidade convocou para o próximo outono", ressaltou na introdução da cerimônia, o cardeal Angelo Amato, prefeito de saída da Congregação para as Causas dos Santos, "a figura de Nunzio Sulprizio é um modelo de alguém que, como ele escreveu, não suporta sufocar na imanência deste mundo e anseia por Deus, sai de si mesmo em louvor e amplia suas fronteiras na contemplação do Senhor".

Nunzio Sulprizio, recordou o cardeal, nasceu em 13 de abril de 1817 em Pescosansonesco, na província de Pescara. Depois que seus pais morreram, foi criado primeiro por sua avó, até os seis anos, e, após sua morte, por um tio, Domenico Luciani, que o obrigou a trabalhar como aprendiz em sua forja, proibindo-o de ir à igreja. Devido ao trabalho pesado o rapaz ficou doente de tuberculose óssea. Em 1832, outro tio, Francesco Sulprizio, militar em serviço em Maschio Angionio, o levou para Nápoles, onde, devido ao interesse de um coronel, Felice Wochinger, que para ele foi um verdadeiro pai, foi atendido no hospital. A doença, no entanto, piorou tanto que os médicos pensavam que amputar-lhe a perna, e o jovem, cada vez mais debilitado, morreu no dia 5 de maio de 1836 aos 19 anos de idade.

Como símbolo de sua curta vida vivida com devoção e resistência à dor, o Papa Pio IX declarou-o venerável em 1859, o Papa Leão XIII, em 1891, aprovou o decreto sobre as virtudes heroicas do jovem propondo-o como modelo da juventude operária.

Em 1963, João XXIII promulgou o decreto aprovando os milagres para a sua beatificação e, em 1º de dezembro, Paulo VI o proclamou beato. "Jovem e trabalhador, eis aqui o binômio que parece definir o novo Beato” afirmou naquela ocasião o Papa Montini em uma celebração diante dos bispos de todo o mundo que participavam do Concílio Vaticano II. "Um jovem pode ser um santo? Um trabalhador pode ser um santo? Aliás, será ainda mais interessante se conseguirmos descobrir que este nosso querido eleito não só foi digno de beatificação embora jovem e embora operário, mas justamente por ser jovem e operário."

Nunzio Sulprizio mostra que nenhuma idade como a de jovens "é apropriada para os grandes ideais, os generosos heroísmos, as coerentes exigências do pensamento e da ação", declarou Paulo VI, e lembrou que cabe aos jovens consagrarem-se "para a salvação em uma sociedade que de fato precisa de almas fortes e destemidas ", enquanto" para vocês, trabalhadores, este pobre e sofredor colega carrega uma mensagem de muitos capítulos. Diz a mensagem de Nunzio Sulprizio beatificado, em primeiro lugar, como a Igreja pensa em vocês, como tenha respeito e confiança, como vê na vossa condição a dignidade do homem e do cristão, como o próprio peso da vossa labuta seja título para vossa promoção social e para vossa grandeza moral”.

"Diz ainda a mensagem de Nunzio Sulprizio como o trabalho tenha sofrido, e como ainda necessita de proteção, assistência e ajuda para ser livre e humano, e para permitir que a vida tenha a sua legítima expansão - continuou Paulo VI. Ainda lhe dirá como o trabalho não possa ser separado de seu grande complemento, que é a religião; a religião que traz luz, ou seja, as razões supremas da vida e que, portanto, determina a escala dos verdadeiros valores da própria vida; é a religião que garante o respiro, isto é, a interioridade, a purificação, a nobreza, o conforto para a fadiga física e para a atividade profissional; é a religião que humaniza a técnica, a economia, a sociabilidade; é a religião que faz os homens laboriosos grandes e bons, justos e livres e santos".

Uma causa de beatificação e canonização que se conclui agora: no último 8 de junho, o papa aprovou um milagre atribuído à intercessão de Nunzio Sulprizio, e agora presidiu o Consistório Ordinário Público para a votação da sua canonização e no próximo 14 de outubro será proclamado santo, em pleno do Sínodo, esse jovem trabalhador.

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