Íntegra da carta de Bento XVI ao prefeito da Secretaria para a Comunicação

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19 Março 2018

Publicamos aqui, na íntegra, a carta de Bento XVI ao prefeito da Secretaria para a Comunicação, por ocasião do convite dirigido ao papa emérito para escrever o prefácio para uma coletânea de 11 livros sobre a teologia de Francisco, escrito por vários autores, incluindo Peter Hünermann, que recebe a crítica do Papa Ratzinger.

A carta foi publicada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, 17-03-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Imagem da carta escrita por Bento XVI ao Mons. Dario Viganò, prefeito da Secretaria para a Comunicação do Vaticano (Foto: Vatican News)

Eis o texto.

Benedictus XVI
Papa emeritus

Cidade do Vaticano
7 de fevereiro de 2018

Rev.mo Senhor
Mons. Dario Edoardo Viganò
Prefeito da
SECRETARIA PARA COMUNICAÇÃO
00120 Cidade do Vaticano

Reverendíssimo Monsenhor,

Muito obrigado pela sua amável carta de 12 de janeiro e pelo presente anexado dos onze pequenos volumes editados por Roberto Repole. Aplaudo essa iniciativa que quer se opor e reagir ao tolo preconceito pelo qual o Papa Francisco seria somente um homem prático desprovido de uma particular formação teológica ou filosófica, enquanto eu seria unicamente um teórico da teologia que pouco entenderia a vida concreta de um cristão hoje. Os pequenos volumes mostram com razão que o Papa Francisco é um homem de profunda formação filosófica e teológica e, por isso, ajudam a ver a continuidade interior entre os dois pontificados, mesmo com todas as diferenças de estilo e de temperamento.

No entanto, não me sinto apto a escrever sobre eles “uma breve e densa página teológica”. Em toda a minha vida, sempre ficou claro que eu escreveria e me expressaria apenas sobre livros que eu também tivesse realmente lido. Infelizmente, mesmo que somente por razões físicas, não sou capaz de ler os onze livrinhos no futuro próximo, ainda mais que me esperam outros compromissos que já assumi.

Somente à margem, gostaria de notar minha surpresa pelo fato de que, entre os autores, também figura o professor Hünermann, que, durante o meu pontificado, se destacou por ter encabeçado iniciativas antipapais. Ele participou em medida relevante do lançamento da Kölner Erklärimg, que, em relação à encíclica Veritatis splendor, atacou de modo virulento a autoridade magisterial do papa especialmente sobre questões de teologia moral. Também a Europäische Theologengesellschaft, que ele fundou, inicialmente foi pensada por ele como uma organização em oposição ao magistério papal. Em seguida, o sentir eclesial de muitos teólogos impediu essa orientação, tornando aquela organização um instrumento normal de encontro entre teólogos.

Estou certo de que terá a minha compreensão pela minha negação e o saúdo cordialmente

Seu
Bento XVI (assinatura)

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