Ao Congresso Xi reitera: ‘sinizar’ as religiões sob o Partido Comunista

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23 Outubro 2017

Em seu discurso na última quinta-feira no congresso do Partido, Xi Jinping reiterou as "novas abordagens" em relação às atividades religiosas. Para a Igreja Católica reafirma-se a independência das nomeações e ordenações de bispos. No Congresso estão presentes dois bispos: mons. João Fang Xingyao de Linyi e mons. José Ma Yinglin de Kunming.

"A sinização das religiões" é a direção proposta e destacada por Xi Jinping, em seu relatório de trabalho apresentado na última quinta-feira para a abertura do 19º Congresso Nacional do Partido comunista chinês. A "sinização", juntamente com outros objetivos e visões fazem parte do "pensamento-Xi Jinping" que ele expressou em seu discurso por muitos definido como "épico" e que se acredita se tornará dogma do partido.

A reportagem é de Li Yuan, publicada por Asia News, 19-10-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.

Logo após o discurso de Xi, que durou três horas e meia, "Weyan Zhongjiao", uma conta oficial no WeChat (o Whatsapp chinês), a Administração estatal para os assuntos religiosos (Sara) divulgou um resumo em quatro pontos das partes relacionadas às religiões no discurso do secretário-geral do Partido.

Em toda a probabilidade o Congresso vai durar até 24 de outubro, com a participação de 2280 representantes do Partido. Entre os 74 convidados especiais para a reunião, além de cinco líderes de quatro religiões, estão os bispos João Fang Xingyao de Linyi (Shandong) e José Ma Yinglin de Kunming (Yunnan), respectivamente presidentes da Associação Patriótica e do Conselho dos bispos chineses. Ambas as organizações não são reconhecidas pela Santa Sé.

Em seu discurso, Xi disse que o partido irá implementar plenamente a sua política de base sobre as atividades religiosas, "mantendo o princípio de que as religiões na China devem ser de orientação chinesa, e que irá providenciar um guia ativo às religiões para que possam adaptar-se à sociedade socialista".

Ele afirmou que o partido também deve proteger-se de forma rigorosa e tomar medidas resolutas para combater qualquer ato de infiltração, subversão, sabotagem, atividades terroristas violentas, atividade de separatismo étnico e religioso para salvaguardar a segurança nacional.

Xi também falou de uma crescente democracia consultiva socialista, da "consolidação da frente unida patriótica, e novas abordagens para o trabalho relacionado com questões étnicas e religiosas" para dar passos importantes no desenvolvimento de uma sociedade socialista e do estado de direito.

Para apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas, ele afirmou que o Partido deve fazer "análises teóricas e providenciar um guia político" nos assuntos étnicos e religiosos, junto com outros aspectos, como os assuntos políticos, o estado de direito, a cultura, a educação, o bem-estar da população, a frente unida, os assuntos internacionais e a construção do Partido.

Em seu discurso, Xi não explicou quais seriam essas "novas abordagens" para as atividades religiosas. Em seu perfil no Facebook, Ying Fuk-tsang diretor da Divinity School na Universidade Chinesa de Hong Kong, escreve que "sinização das religiões", uma orientação estabelecida por Xi no encontro com a Frente unida de 2015, é um dos pontos centrais da teoria sobre as religiões para o socialismo com características chinesas da nova era.

Muitos cristãos na China interpretam a palavra "sinização" como uma subordinação da religião ao Partido.

No "Qiushi", uma revista de reflexões comunistas editada pelo Comitê Central do Partido, há algumas semanas foi publicado um artigo que talvez forneça alguma indicação sobre essas "novas abordagens".

Postado em 15 de setembro, o artigo é intitulado "Teoria e prática inovadora nas atividades religiosas do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês”, ou seja, de 2012 até o momento. Nele é dito que Xi "ofereceu uma série de novos pensamentos e visões, cem como novas exigências sobre as atividades religiosas e traçou uma série de decisões importantes" na Conferência Nacional sobre as atividades religiosas em 2016.

O artigo resume os principais pontos destacados por Xi à Conferência, que incluem o fornecimento de um "guia" para os setores religiosos, insistir no princípio de independência nas religiões, e para a Igreja católica, defender a eleição e ordenação de bispos de forma independente, potencializando as forças patrióticas.

Uma personalidade eclesial que pediu anonimato ressaltou que a ‘Sara’ e o Departamento da Frente Unida "em vários artigos no ano passado citaram muitas vezes a frase 'traçar importantes estratégias' para as diversas religiões". "Estes artigos - continua a personalidade eclesial - não peitem entender o que viriam a ser esses planos ou estratégias, uma vez que não são divulgados. Mas, no que diz respeito à Igreja Católica, é claro que se pretende traçar uma estratégia para enfrentar as negociações entre a China e o Vaticano".

Essas negociações, que acontecem com reuniões periódicas - uma ocorreu justamente em outubro – concentram-se essencialmente sobre a questão da nomeação dos bispos chineses. Pelo que se sabe sobre essas tratativas, a China reivindica o direito de nomear e ordenar os próprios bispos, deixando à Santa Sé apenas um poder de veto muito diluído.

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