30 Dezembro 2025
O Papa encontrou recentemente dois homens gays casados e os recebeu “sem hesitação, com calor e gentileza”, como descreveu um jornalista sobre o encontro.
A informação é de Phoebe Carstens, publicada por New Ways Ministry, 18-12-2025.
O Papa Leão XIV recebeu Alex Capecelatro, um empresário do setor de tecnologia, e seu marido Brian Stevens, um católico devoto e filantropo. O casal fazia parte de uma delegação que acompanhava o arcebispo José Gomez, de Los Angeles, em sua viagem a Roma.
Capecelatro e Stevens conversaram pessoalmente com o pontífice num momento que Capecelatro descreveu como “emocionante e reconfortante”. Ambos relataram ter se sentido acolhidos por Leão e puderam compartilhar como suas vidas foram impactadas pelo ministério do padre James Martin, SJ. Nesse momento, o Papa teria acenado com a cabeça em concordância.
Para Stevens, católico praticante desde a infância e Cavaleiro de Malta, o encontro foi particularmente significativo. Stevens “tem um grande amor por Deus”, disse o cardeal Roger Mahony, arcebispo emérito de Los Angeles e amigo próximo de Stevens. “Ele gosta de estar com as pessoas e seria um grande embaixador da Igreja quando se trata de acolher outros.” Poder compartilhar sua história e sua paixão pela Igreja com o Papa, estando acompanhado do marido, foi um momento extremamente marcante para Stevens.
Mario Trifunovic descreveu o encontro esperançoso em um artigo para o portal Katholisch.de, no qual avaliou a relação do Papa Leão com católicos LGBTQ+ até o momento, observando que o pontífice demonstra “abertura para com católicos LGBTQ… sem abandonar a tradição”.
Segundo Trifunovic, a reunião do papa com o casal demonstra sua atitude de abertura, mesmo em meio à variedade de opiniões e vozes na Igreja que expressam o desejo de que ele adote uma postura mais dura em questões relacionadas aos católicos LGBTQ+. Trifunovic apresentou um exemplo surpreendente:
“Poucos dias após o encontro do papa com o casal, o apresentador de TV assumidamente gay Gio Benitez foi recebido na Igreja Católica nos Estados Unidos. Seu marido foi seu padrinho. Durante a missa, ambos receberam a Comunhão. O jesuíta James Martin concelebrou o serviço, e Benitez agradeceu a ele por tê-lo conduzido à Igreja e por acompanhá-lo. Mas nem todos reagiram positivamente. Na última assembleia de outono da Conferência dos Bispos dos EUA, o bispo Joseph Strickland, excomungado pelo Papa Francisco da diocese de Tyler, no Texas, levantou-se e pediu aos colegas que publicassem uma declaração: eles deveriam abordar o fato de James Martin ter presidido a Confirmação e a Comunhão de um homem gay ‘casado’. No entanto, não houve reação por parte dos bispos presentes, incluindo o novo presidente da Conferência Episcopal dos EUA, o arcebispo Paul Coakley, considerado bastante conservador. Strickland então acrescentou mais um ponto na rede X: ‘Digo agora ao Papa Leão, aos bispos e a todos os que afirmam ser discípulos de Jesus Cristo: até quando continuarão mancando entre dois senhores?’ Ele conclamou os bispos a ‘parar com seus jogos’.”
Além disso, o articulista citou o exemplo do cardeal aposentado Robert Sarah, natural da África Ocidental, que declarou publicamente esperar que o Papa Leão peça uma reavaliação do documento Fiducia Supplicans, que permitiu a bênção de pessoas em relações do mesmo sexo. Sarah chamou o texto de “teologicamente fraco” e “injustificado”.
No entanto, Trifunovic menciona o encontro de Leão com católicos LGBTQ+ como Capecelatro e Stevens, bem como sua mensagem de “abertura e acolhimento” compartilhada com o padre James Martin em reunião privada realizada em setembro, como evidência de que o Papa Leão está “[buscando] um caminho que tenta combinar abertura com a doutrina da Igreja”. O escritor explica:
“Ele enfatiza que todos devem ser bem-vindos na Igreja e que ninguém deve ser excluído. Entretanto, ele rejeita qualquer enfraquecimento da moral sexual da Igreja e reafirma o matrimônio entre um homem e uma mulher, bem como a família tradicional, como fundamento da sociedade.
“A abordagem geral de Leão parece ser evitar mudanças na doutrina da Igreja para impedir maior divisão interna, enquanto, ao mesmo tempo, acomoda certas preocupações pastorais.”
É um sinal esperançoso que o Papa Leão esteja aberto a encontrar e ouvir católicos LGBTQ+. Encontros como esse são cruciais para ampliar a consciência e a compreensão acerca de católicos queer como membros integrais do Corpo de Cristo, e espera-se que, por meio deles, o Papa Leão possa alcançar uma compreensão maior do que significaria ter uma Igreja verdadeiramente inclusiva e acolhedora de todas as pessoas LGBTQ+.
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