Entronização da líder dos anglicanos será na festa da Anunciação do Anjo

Obra de Sandro Botticelli | Foto: Wikimedia Commons

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16 Dezembro 2025

A Festa da Anunciação, em que o anjo Gabriel anunciou a Maria que seria a mãe de Jesus, em 25 de março, foi a data escolhida para a “instalação” da bispa de Londres, Sarah Mullally, como arcebispa de Cantuária e, inerentemente, primaz da Igreja de Inglaterra e líder espiritual da Comunhão Anglicana.

A informação é publicada por 7 Margens, 14-12-2025.

A tomada de posse, historicamente conhecida como “entronização”, terá lugar na catedral gótica de Cantuária, no condado de Kent, no sudeste de Inglaterra, que é a diocese mais antiga da Igreja Anglicana.

Mullally será empossada primeiro como arcebispa na cátedra da Sé e, em seguida, empossada na Cátedra de Santo Agostinho como Primaz de Inglaterra, ato simbólico que inaugura também o seu ministério na Comunhão Anglicana.

Não é ainda conhecido em pormenor o programa da entronização, até porque ela só em 28 de janeiro próximo passará legalmente a ser arcebispa de Cantuária, quando a sua eleição for confirmada, na catedral de São Paulo. A partir dessa data ela deixa igualmente de ser bispa de Londres, diocese cujos assuntos continua, neste momento, a gerir.

Um primeiro e grave problema que Sarah Mullaly tem pela frente é a oposição generalizada dos setores anglicanos que recusam a orientação inclusiva das comunidades LGBTQI+ e das uniões de pessoas do mesmo sexo, bem como dos que nunca aceitaram que as mulheres pudessem ser ordenadas presbíteras e, particularmente, bispas e arcebispas. Encontrar uma delas como referente da Comunhão Anglicana é para esses setores algo como a ultrapassagem de uma linha vermelha, ainda que dentro de normas assumidas pelos órgãos eclesiais de decisão.

A escolhida mostrou perfeita consciência das tensões e divisões desde o discurso que fez no dia em que se soube da indigitação do seu nome. “Em alguns lugares, os laços da nossa Comunhão Anglicana estão fragilizados. Há áreas de desacordo e desunião entre as nossas igrejas que precisam da cura de Deus”, disse ela, na primeira intervenção após o anúncio.

Para enfrentar a situação, pediu a Deus “sabedoria e discernimento”, prometendo “escutar as igrejas-membro, incentivar o apoio mútuo e promover a unidade”.

Nem duas semanas depois, a Conferência Global sobre o Futuro dos Anglicanos (Gafcon, na sigla em inglês), anunciou que um conjunto de primazes, sediados sobretudo em África e na Ásia, rejeitavam os instrumentos que fundam a Comunhão Anglicana (o arcebispo de Cantuária, a Conferência da Lambeth, o Conselho Consultivo Anglicano e a Reunião dos Primazes) e declaravam tomar como fundamento de comunhão a Bíblia Sagrada.

“Não podemos continuar a ter comunhão com aqueles que defendem a agenda revisionista, que abandonou a palavra inerrante de Deus como autoridade final e revogou a Resolução I.10 da Conferência de Lambeth de 1998”, dizia este manifesto que muitos entenderam como declaração de cisma.

O que se vai passar nos próximos meses, e em particular na entronização de Sarah Mullally, será um indicativo de quão funda se encontra a ruptura e se há trabalho de diálogo e aproximação ainda possível.

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