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24 Março 2019

Seguimos a jornada... entre as estações, verão e outono. “E o anjo retirou-se” (Lc 1,38), assim termina o evangelho depois do encontro entre o anjo Gabriel, enviado por Deus, e Maria de Nazaré. Para onde ele foi? Sou tomado pela voz de alguém... Quem está próximo de mim? Teria o anjo deixado Maria para me visitar? Onde ele está? Entre as esperas, chegadas, partidas e saudades, formam-se o fio elementar da tessitura da vida.

O comentário é de Carlos Rafael Pinto,  mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE-BH) e graduado em Filosofia e Teologia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF).

Imagino que Deus, depois de pensar, considerar, discernir entre os anjos, arcanjos, querubins e serafins, chamou o anjo Gabriel: “Gabriel, preciso de sua ajuda!”. Sem entender muito bem, ele se aproximou de Deus: “O Senhor me chamou?”, perguntou Gabriel, “Sim, Gabriel”, respondeu Deus, “Desejo lhe enviar à pequena cidade de Nazaré, para visitar uma jovem chamada Maria”.

Depois de pensar, por um instante de suspiro, Gabriel disse: “Estou precisando de férias mesmo... a vida está sobrecarregada! Nunca invocaram tanto meu nome: alguns me chamam de anjo Gabriel, outros de simplesmente Gabriel... Senhor, em que consiste essa visita? Quem é essa Maria?”. Deus respondeu: “Maria é uma jovem pobre e trabalhadora que escolhi entre todas. Se ela aceitar, vai gerar meu filho”. “Como assim, Senhor?”, interpelou Gabriel, “Ela não está prometida a José?”.

“Se ela aceitar, vai gerar meu filho”, disse novamente Deus, “E José? Espero que ele a acompanhe e cuide de meu filho, como se fosse dele! Gabriel, seguimos a jornada... experimentamos tantas estações: verão, outono, inverno, primavera. Desejo que a primavera seja mais intensa e leve”. Deus lhe pediu, com ternura: “Você vai proclamar a chegada do sinal primaveril, para interromper esse inverno rigoroso... Aceita?”.

Após dar uma volta no jardim, Gabriel voltou ao encontro de Deus e respondeu que faria essa viagem, desde que ela não substituísse suas férias. Então, partiu Gabriel para Galileia à procura de Maria. Passou por vários lugares. Encontrou com várias pessoas... Quando chegou a Galileia, foi direto para Nazaré em busca de Maria, conforme escutamos no evangelho de Lucas 1, 26-38.

Imagino que ele encontrou com várias jovens chamadas Maria, e, misteriosamente, uma Maria o afetou interiormente. Pensou consigo: “Que bela jovem, mas... Parece que ela vai atravessar um inverno breve e rigoroso. Seria ela mesma a que Deus escolheu?”. Gabriel sente no seu íntimo que essa era a jovem, para quem ele foi enviado: “Deus não convidaria outra jovem, a não ser aquela que poderia hospedar no seu ventre a primavera da esperança”.

O anjo Gabriel se aproximou de Maria: por um tempo, olhares se interpenetraram – de um estranhamento a uma familiaridade. De um silêncio a um murmúrio... Ele lhe fez saudação dizendo: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28), a partir da qual se desenrolou e ainda se desenrola o fio elementar da tessitura da vida e da salvação.

O que aconteceu com Maria de Nazaré a partir do encontro com o anjo Gabriel? O que permaneceu nela? Seria apenas a lembrança de uma visita inesperada... O rosto do anjo? Ou seria o frescor de sua presença? Suas palavras afáveis? Ela hospedou palavra por palavra do anjo Gabriel... Certamente, Maria desejaria que esse encontro entre eles se estendesse, continuasse por horas e horas a fio. O que restou? A saudade desse encontro, a gratidão pela visita e a presença misteriosa de quem se retirou.

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