01 Novembro 2025
A Virgem Maria desempenha um papel central na piedade católica. Muito já se escreveu sobre como ela, como mãe de Jesus, contribui para a salvação – mas será ela também uma "corredentora"? Esta questão poderá agora ser respondida.
A reportagem é publicada por Katholisch.de, 31-10-2025.
O Vaticano pretende esclarecer o papel de Maria na salvação. O Dicastério para a Doutrina da Fé anunciou na quinta-feira uma nota doutrinal intitulada Mater Populi Fidelis (Mãe Fiel do Povo), a ser publicada em 4 de novembro. De acordo com o subtítulo, ela abordará "certos títulos marianos relacionados à participação de Maria na obra da salvação". Mais detalhes do documento ainda não foram divulgados. Espera-se que ele se concentre, em particular, no possível título mariano "Corredentora", que vem sendo discutido há anos. Em julho, o prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Manuel Fernández, já havia anunciado que seu gabinete estava trabalhando em um documento que abordaria diversos temas da mariologia.
Quatro afirmações sobre Maria foram oficialmente estabelecidas como doutrina vinculante: que ela é a Mãe de Deus, que ela é virgem para sempre, que ela foi concebida sem pecado original e que ela foi assunta corporalmente ao céu. O título de "Corredentora" surgiu pela primeira vez no século XV. No século XX, o termo foi usado, entre outros, pelos Papas Pio XI e João Paulo II.
Leão XIII, Pio X e Pio XII também abordaram a participação de Maria na salvação de Cristo. Este último escreveu em sua encíclica Ad caeli reginam (À Rainha do Céu, 1954): Maria é "Rainha" por causa de sua maternidade divina e "por causa de sua cooperação única em nossa salvação". O Papa Francisco se expressou com mais cautela. "Maria como mãe, não como deusa, não como corredentora" entre Deus e a humanidade, disse ele em uma catequese em 2021. No entanto, ele reconheceu que "como a primeira discípula de Jesus", ela tem um papel especial.
Um esclarecimento definitivo sobre o papel de Maria na salvação ainda está pendente. Até o momento, os papas rejeitaram propostas para aprovar ou dogmatizar oficialmente o título de Corredentora. A questão também foi discutida no Concílio Vaticano II (1962-1965), mas a Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium (1964), absteve-se de usar o título em seu capítulo sobre Maria. Notas doutrinais como a anunciada não criam, em princípio, novos pronunciamentos magisteriais, mas sim explicam a fé da Igreja com certo grau de força vinculante.
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