"A maior violação bioética do século XXI". Carta de médicos americanos revela situação da saúde na Faixa de Gaza

Foto: URWA

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07 Outubro 2025

Leitura imprescindível para todas as pessoas da nossa área. Estamos diante do maior horror, da maior violação bioética do século XXI. Com impotência, só nos resta conhecer e divulgar.

A carta é publicada por New England Journal of Medicine, 03-10-2025. 

O New England Journal of Medicine publicou uma carta assinada por quatro médicos americanos sobre a situação da saúde em Gaza. O título, em tradução livre, é "Apoio aos nossos colegas em Gaza: um apelo à comunidade médica dos EUA". 

Aqui segue um resumo do conteúdo da carta:

• Desde outubro de 2023, 65 mil palestinos foram mortos pelas forças armadas israelenses, dos quais 20 mil eram crianças.

• 94% dos hospitais de Gaza foram destruídos total ou parcialmente; o único hospital para tratamento de câncer foi demolido deixando 11 mil pacientes sem tratamento.

• Os bombardeios israelenses mataram 1 mil pacientes em consequência da violência ou devido à interrupção dos cuidados médicos.

• 1.580 profissionais de saúde foram mortos.

• Até 18-09-2025, 301 médicos e enfermeiros foram presos por Israel sem nenhuma acusação formal.

• A entrada de equipamento médico em Gaza está impedida por Israel; sondas endotraqueais e tubos de drenagem torácica têm que ser reutilizados apesar da falta de soluções esterilizantes, sabão e água limpa.

• Os 19 CT scanners foram reduzidos para 7, e os 7 aparelhos de MRI foram todos destruídos.

• 48% das máquinas de hemodiálise foram destruídas e dos 1.100 pacientes que realizavam hemodiálise somente 650 estão vivos.

• A expectativa de vida em Gaza caiu de 75,5 anos para 40,6 anos.

• A destruição das cidades e campos de refugiados em Gaza excede a causada pelas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki e é muito mais extensa que a destruição em Alepo, Mosul, Sarajevo e Kabul juntas.

• Até 18 de setembro deste ano ocorreram 432 mortes causadas por desnutrição, 146 delas em crianças.

A carta termina com um apelo à comunidade médica americana:

“A comunidade médica americana é profissional, política e economicamente poderosa, e com tal poder vem a responsabilidade. Diante do fato de uma sociedade inteira estar sendo destruída, em grande parte com armas produzidas nos EUA, nós lançamos um apelo às instituições médicas americanas para que quebrem seu silêncio e apoiem quatro medidas essenciais e imediatas: acesso irrestrito a alimentação, água, combustível, eletricidade, abrigo e todos os outros suprimentos humanitários; um cessar-fogo para permitir tal acesso; entrada ilimitada de profissionais de saúde, equipamento médico, equipes de pesquisa e organizações humanitárias em todas áreas da Faixa de Gaza; liberação de todos os profissionais de saúde e reféns detidos. Estes são os requerimentos mínimos para atender às exigências do direito internacional e à ética médica.

Esperamos que as instituições médicas americanas parem de abafar discussões sobre a destruição de Gaza alegando que se trata de um povo 'errado' e que confrontem as realidades da devastação de uma sociedade. Os valores em jogo são muito elevados para que continuemos com nosso silêncio.”

Assinam a carta:

Feroze Sidhwa, M.D., M.P.H.,

Yasmeen Abu Fraiha, M.D., M.P.A.,

Akiva Leibowitz, M.D., 

Naftali Kaminski, M.D.

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