23 Setembro 2025
Imagine viajar para o Rio de Janeiro e não ver mais praias como Copacabana, Ipanema e Leblon. Esse cenário pode acontecer em um futuro já não tão distante. Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estima que o mar deve avançar cerca de 78 centímetros na região da Baía de Guanabara até o fim do século.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 22-09-2025.
Como o Estadão destacou, o motivo principal para isso está nas mudanças climáticas. Segundo o estudo, as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon podem perder vários metros de faixa de areia. Os resultados estão na média global prevista pelo 5º Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC). A elevação do nível do mar também pode comprometer áreas remanescentes de manguezal, como a APA de Guapimirim, criada em 1984.
O estudo utiliza um cenário não catastrófico, que considera cortes de emissões de gases do efeito estufa (GEEs), a transição para fontes de energia mais limpas e o controle do desmatamento. Mas, para Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o horizonte pode ser ainda mais problemático, ao passo que com o ritmo acelerado das mudanças climáticas, os modelos demoram a captar a tendência, resultando em projeções mais otimistas que a realidade. O professor alerta que é necessário rediscutir a urbanização e a ocupação do solo nas regiões próximas à linha da costa.
Outro estudo, destacado pelo g1, apontou para a perda de 15% da faixa de areia da costa brasileira – ou seja, a cada 100 metros de praia, 15 já desapareceram. Esse total representa mais de 3 mil estádios do Maracanã.
O motivo principal está na erosão costeira agravada pela ação humana e pelas mudanças climáticas. Prédios, calçadões e estruturas construídas muito perto do mar atrapalham bancos de areia. Um exemplo clássico é Balneário Camboriú: a cidade conhecida pelos arranha-céus na orla já perdeu dezenas de metros de areia.
A redução das faixas de areia põe em risco a vida de crustáceos e aumenta o nível de CO2, pois afeta as algas que são sumidouros de carbono. O Diário do Centro do Mundo repercutiu esses dados.
Em tempo
Após vinte anos de luta da sociedade civil, o Tratado de Alto Mar da ONU finalmente atingiu o número mínimo de ratificações para entrar em vigor. O marco aconteceu na última 6ª feira (19/9), com as ratificações de Marrocos e Serra Leoa, que se juntaram a outras 59 nações. Assim, o acordo entra em vigor em janeiro de 2026 e auxiliará na expansão das zonas de proteção marinha em alto mar. “[O Tratado] é uma oportunidade de conservação que acontece uma vez a cada geração, se tanto”, disse Lisa Speer, diretora do Programa Internacional de Oceanos do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, à Folha. Atualmente, menos de 10% dos oceanos são protegidos por lei. A ação também foi comemorada como um ponto de otimismo em relação à diplomacia internacional. BBC e Climate Home também repercutiram a notícia.
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