19 Setembro 2025
- A linha doutrinária da Igreja é muito clara: atos homossexuais são pecados mortais. Essa política que alguns adotam, de passar pela Porta Santa não para receber penitência, mas para se promoverem, deve ser rejeitada.
- Deus abençoou o casamento entre um homem e uma mulher; o pecado não pode ser abençoado, e o mal-entendido de que a Igreja quase aceitou esse comportamento como algo digno de bênção deve ser corrigido.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 17-09-2025.
O cardeal alemão Gehrard Ludwig Müller, um dos nomes mais destacados dentro da corrente conservadora da Igreja Católica, criticou nesta quarta-feira a peregrinação de católicos LGBTQ+ à Basílica de São Pedro durante o Jubileu, um ato com o qual pretendiam apenas, disse ele, "se promover".
"A linha doutrinária da Igreja é muito clara: atos homossexuais são um pecado mortal. É por isso que essa política que alguns realizam cruzando a Porta Santa deve ser rejeitada, não para receber penitência com uma mudança de vida, mas para se promover", disse Müller.
O prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé fez essas declarações à agência de notícias italiana Ansa, à margem da cerimônia de concessão da cidadania honorária em Belmonte del Sannio, uma pequena cidade em Molise (centro da Itália).
Müller referia-se à peregrinação dos católicos LGBTQ+ em 6 de setembro, quando cerca de 1.300 pessoas de 40 países passaram pela Porta Santa de São Pedro durante o Jubileu, algo inédito na Igreja Católica.
Embora não pudesse ser chamado de Jubileu LGBTQ+, por não ser um grande evento jubilar, como o da Juventude ou o dos Pobres, foi incluído na agenda oficial, assim como as inúmeras peregrinações organizadas espontaneamente por paróquias, dioceses, associações e organizações católicas.
O evento foi aprovado por Francisco antes de sua morte em abril passado e confirmado por seu sucessor, conforme revelado pelo vice-presidente dos bispos italianos, Francesco Savino, explicando que havia se encontrado com Leão XIV em agosto e que este lhe dissera: "Vá celebrar este Jubileu das associações que cuidam desses irmãos e irmãs".
Müller, uma das principais figuras da ala mais conservadora da Igreja, que criticou o pontificado de Francisco, já havia declarado, pouco antes do conclave que elegeu Leão XIV em maio passado, que o novo papa teria que retomar a questão da bênção de casais homossexuais, cuja aprovação foi uma das decisões mais controversas do papa argentino.
"Segundo o Livro do Gênesis, Deus abençoou o casamento entre um homem e uma mulher; o pecado não pode ser abençoado", e que "o equívoco de que a Igreja quase aceitou esse comportamento como algo digno de bênção deve ser corrigido", disse também o cardeal alemão no evento em Molise.
Segundo o jesuíta americano James Martin, defensor da inclusão de pessoas LGBTQI+ na Igreja, o Papa Leão XIV tem "a mesma mensagem" de "abertura e acolhimento" de Francisco, como declarou após se encontrar com o pontífice nos dias que antecederam a peregrinação.
"Foi uma honra e uma honra me encontrar com o Santo Padre esta manhã, em uma audiência no Palácio Apostólico. Fiquei comovido ao ouvir a mesma mensagem que ouvi do Papa Francisco sobre os católicos LGBTIQ: abertura e acolhimento", escreveu Martin nas redes sociais.
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