25 Agosto 2025
"A sensação, porém, é que, neste caso, se destacou a solidão de Leão XIV em relação a uma Cúria que ainda não assumiu as características de uma verdadeira equipe de governo, ou seja, capaz de aconselhar o Pontífice sobre uma questão tão estratégica como aquela dos conflitos que atualmente inflamam o mundo", escreve Francesco Peloso, jornalista, em artigo publicado por Domani, 23-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O pontífice havia convocado para o dia 22 de agosto um dia de jejum e oração pela paz na Ucrânia e na Terra Santa. As adesões públicas à iniciativa foram baixas. A sensação é de que, neste caso, se destacou a solidão do pontífice em relação a uma Cúria que ainda não assumiu as características de uma verdadeira equipe de governo.
O dia de jejum e oração pela paz na Ucrânia e na Terra Santa, convocado pelo Papa Leão XIV para sexta-feira, 22 de agosto, não parece ter produzido os resultados esperados. E certamente não por causa da falta de atenção em nível midiático e internacional em relação às questões centrais do apelo do pontífice.
As adesões públicas à iniciativa lançada pelo papa foram baixas: entre elas, a Conferência Episcopal Italiana e o Vicariato de Roma, em primeiro lugar, algumas dioceses na Itália, algumas Conferências Episcopais ao redor do mundo e pouco mais. Seja pelo curto espaço de tempo entre o apelo de Leão XIV — lançado na última quarta-feira, ao final da audiência geral — e o dia da mobilização, seja pela forma mais genérica das poucas palavras com que o pontífice chamou os fiéis a se comprometerem com a paz, Leão XIV não parece ter aberto uma brecha no coração da Igreja universal. O 22 de agosto é o dia em que se celebra "a memória da Bem-Aventurada Virgem Maria Rainha. Maria é a mãe dos fiéis aqui na terra e também é invocada como Rainha da Paz". Por isso, acrescentou Prevost, "enquanto nossa terra continua a ser ferida por guerras na Terra Santa, na Ucrânia e em muitas outras regiões do mundo, convido todos os fiéis a viverem o dia 22 de agosto em jejum e oração, implorando ao Senhor que nos conceda paz e justiça e que enxugue as lágrimas daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados em curso".
No entanto, para que tal iniciativa, na história recente da Igreja, assumisse uma dimensão suficiente para impactar a opinião pública mundial, precisaria de um forte perfil ecumênico, se não inter-religioso.
E certamente, nesse sentido, não faltaram interlocutores potenciais para a Santa Sé: das outras igrejas cristãs europeias, ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, ao Grão-Imã do Centro de Estudos do Cairo, Al Azhar, Ahmed al-Tayyib, e até mesmo aos 80 rabinos ortodoxos que recentemente assinaram uma declaração conjunta afirmando que "em meio a essa devastação, a falta de uma visão clara pós-bélica por parte do Primeiro-Ministro Netanyahu permitiu que as vozes mais extremistas do governo israelense, incluindo os ministros da comunidade sionista religiosa, preenchessem o vazio com propostas inquietantes". É claro que não teria sido fácil manter todos unidos, mas pelo menos começar a fazê-lo poderia ser um bom sinal. Tanto mais que o Papa podia inspirar-se naquele "espírito de Assis" que começou durante o pontificado de João Paulo II, com a participação ativa da Comunidade de Santo Egídio, para reiterar um conceito tão simples quanto fundamental, dirigindo-se a todas as partes que lutam nas várias frentes: ou seja, que o nome de Deus não pode ser usado para desencadear violências e guerras.
Parece, em suma, que o Papa sentiu a premência de tomar uma atitude para além das palavras, ainda que fortes, proferidas nas últimas semanas, para mostrar o rosto de uma Igreja capaz de se mobilizar em favor da paz e das vítimas dos conflitos.
A sensação, porém, é que, neste caso, se destacou a solidão de Leão XIV em relação a uma Cúria que ainda não assumiu as características de uma verdadeira equipe de governo, ou seja, capaz de aconselhar o Pontífice sobre uma questão tão estratégica como aquela dos conflitos que atualmente inflamam o mundo.
Nesse sentido, talvez também seja um fator o tempo que o Papa esteja levando antes de dar os passos inevitáveis em relação às nomeações que, mais cedo ou mais tarde, terão que ser feitas para formar sua própria equipe de colaboradores com quem poderá contar. O Papa é, quase por excelência, um homem sozinho no comando, mas isso não significa que não precise do apoio daqueles que possuem experiência para administrar um momento tão delicado em nível global como o que estamos vivendo.
Por outro lado, ele mesmo, na mensagem que dirigiu há alguns dias ao Meeting de Rimini, mostrou que tinha algo a dizer, afirmando: "Não podemos mais nos permitir resistir ao Reino de Deus, que é um Reino de paz. E, onde os responsáveis pelas instituições estatais e internacionais parecem incapazes de fazer prevalecer o direito, a mediação e o diálogo, as comunidades religiosas e a sociedade civil devem ousar a profecia."