04 Agosto 2025
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 03-08-2025.
Roma vibrou novamente, e desta vez o epicentro foi Tor Vergata: quinhentos mil, um milhão, talvez um milhão e meio de jovens de 146 países ao redor do mundo desembarcaram na capital eterna, investindo suas férias, seu tempo e até mesmo suas economias no que era impensável em tempos de descrença: reunir-se em torno de Cristo, cantar a esperança do Evangelho e conectar-se com o Papa Leão XIV, que, aos seus olhos, a encarna hoje, e, com ele, clama pela paz mundial. Uma multidão que não se move apenas pelo lazer, nem pela música, nem pelo consumo: ela se move – contradizendo os profetas do desencanto juvenil – pela fé, pelo sentido da vida e por um ideal que transcende a busca imediata do prazer.
São filhos (e netos) daqueles que, há vinte e cinco anos, lotavam a Tor Vergata, São João de Latrão ou a Praça de São Pedro nos tempos de João Paulo II. Filhos de uma história, mas também protagonistas de uma renovação. Longe da caricatura do jovem apático, esses peregrinos de 2025 escolheram deixar tudo para trás — conforto, praia, rotinas, até mesmo as férias — para cantar, rezar e sonhar juntos em Roma. E vibram, é claro, a ponto de sacudir a Cidade Eterna, com cânticos, orações, a Salve Rociera com seus repetidos olés e testemunhos públicos de fé alegre e desavergonhada.
São jovens para os quais o Evangelho continua sendo uma força vital e um horizonte vital, mesmo que muitas vezes lutem contra a corrente em sociedades secularizadas. Muitos chegam com crises, dúvidas e feridas: mas eles buscam. São a geração dos que buscam, ou, como disse o falecido Papa Francisco, daqueles que "fazem cena". Não têm vergonha de dizer que acreditam em Jesus, que rezam e que sonham com uma Igreja digna do ideal samaritano. São jovens que defendem valores essenciais: paz, justiça, reconciliação, solidariedade e caridade. Em outras palavras, o Evangelho em sua forma mais pura.
Eles buscam uma palavra e um gesto que não sejam moralizantes ou marketing barato. Desejam clareza, coerência, autenticidade. Anseiam pela força profética de Francisco. Leão XIV, ciente disso, responde com um estilo sóbrio e direto, mais pastoral do que midiático, mais pessoal do que institucional, mas autêntico. Oferece-lhes um lar, um sentimento de pertencimento, um horizonte de fé viva. Propõe o Evangelho como uma estrada mestra, onde o perdão é possível, onde a Igreja pode novamente ouvir e curar, onde a paz e o acolhimento dos descartados não são teorias, mas uma tarefa.
E o que eles oferecem? Jovens com vocação para o serviço, energia, fé sem remorso, alegria e testemunho. Um cristianismo capaz de transformar a rua, a universidade, as redes sociais e os bairros por meio da esperança e da criatividade. Sua proposta é clara: solidariedade em vez do individualismo, encontro e reconciliação em vez do ódio, alegria em vez do vazio, compromisso e caridade em vez da indiferença. Eles são protagonistas da "paz desarmada e desarmante" sonhada por Leão XIV e portadores de uma "revolução da ternura".
Mais de um milhão de jovens rezando, comungando, confessando, ajoelhando-se ou dançando, pedindo paz para um mundo em guerra e esperança para aqueles que se desviaram do caminho. É o melhor antídoto para a profecia do fim da fé. Mesmo após o escândalo dos abusos, eles continuam a confiar na Igreja como ponto de referência, embora frequentemente discordem e busquem reformas. Eles sabem distinguir entre a mensagem e seus testemunhos; perdoam o "pecado oculto" do padre adulto, mas abominam a hipocrisia e a injustiça. Eles querem uma Igreja samaritana, credível e humilde, uma Casa onde todos pertençam, especialmente os feridos e os que sofrem.
Grupos de vida e comunidades: promover estreitas relações com grupos paroquiais, movimentos, comunidades e projetos de solidariedade.
Ação social e voluntariado: eles promovem o compromisso de servir os pobres, migrantes, refugiados e pessoas que enfrentam a exclusão por meio de redes internacionais de voluntários.
Defesa da paz e integração: eles lideram campanhas por desarmamento, proteção ambiental e reconciliação entre culturas e religiões.
Presença digital: evangelizam naturalmente nas redes sociais, podcasts e canais do YouTube, levando a Palavra aos seus pares. São missionários digitais.
Diálogo e busca de sentido: apresentam a fé como uma opção inteligente e adulta, não alienante; educam, debatem, leem e crescem criticamente.
Esses jovens, que não têm vergonha de ser católicos, professam valores profundamente humanos e evangélicos: esperança, caridade autêntica, confiança, alegria, capacidade de reconciliação e perdão; sensibilidade à justiça social e aos mais frágeis; amor à paz; compromisso com o bem comum; compromisso pessoal e coletivo com o futuro.
Tor Vergata não foi — e não será — apenas uma multidão passageira. É um sinal de que a Igreja, liderada por Leão XIV, continua a ver sua maior profecia em sua juventude: uma geração capaz de rezar, cantar, abraçar e se comprometer. Jovens que escolhem Cristo e o Evangelho como seu maior ideal no século XXI, refutando todos os profetas de desgraça, desencanto e secularização sem retorno. Há esperança, e a juventude católica a traz, viva e verdadeira, ao coração de Roma e do mundo.
A participação ativa e massiva de jovens no Jubileu com o Papa Leão XIV em Tor Vergata é também um poderoso reflexo dos valores e aspirações que pulsam no coração das novas gerações católicas. Contrariando estereótipos de desencanto ou superficialidade, esses jovens demonstram que a fé continua a inspirar grandes ideais e profundas buscas de sentido.
Esses jovens abraçam a esperança como força motriz da vida em um mundo marcado pela incerteza, violência e niilismo. Sua presença em Roma — abandonando o lazer e o conforto — revela seu anseio por uma vida com significado, direção e um horizonte além do puro consumo ou da gratificação imediata.
Eles se identificam com um cristianismo vivido com alegria, ávidos por cantar, orar, abraçar e compartilhar sem se envergonhar de sua fé. Não têm medo de expor publicamente suas convicções ou de ser diferentes, pois sua espiritualidade é comunitária, inclusiva e profundamente celebrativa.
O seu Jubileu é também um compromisso concreto com a justiça, a paz e os pobres. Estes jovens encarnam uma Igreja em saída, engajada na ação social, no voluntariado, na defesa da dignidade humana, na integração e na reconciliação. São os primeiros a defender a crença de que a fé se manifesta nas ações e no compromisso diário.
Eles exigem uma Igreja credível, humilde e transparente. Não buscam líderes perfeitos, mas pastores autênticos e comunidades reais onde aceitação, perdão e misericórdia não sejam apenas teorias. Sonham com uma Igreja que ouça, aprenda com seus erros e esteja disposta a se renovar. Uma Igreja que não pregue nem distribua moralismos baratos.
Muitos desses jovens buscam um lar espiritual, uma família de fé onde possam ser acolhidos tal como são, com suas perguntas, feridas e experiências. O Jubileu é a experiência concreta dessa fraternidade universal que une gerações, culturas e línguas.
Eles não querem ser meros espectadores: anseiam por espaços para participar, decidir, criar e inovar na pastoral, na evangelização e na vida social. Lideram novas formas de voluntariado, comunicação e formação digital, onde o Evangelho esteja presente em todas as esferas.
De Roma, eles elevam um clamor pela paz: pedem ao mundo e à Igreja que sejam instrumentos de reconciliação onde reinam o ódio e a exclusão. Para eles, ser discípulo de Jesus significa comprometer-se ativamente com a não violência, o diálogo e a cultura do encontro.
Esses valores e aspirações fazem do Jubileu dos jovens uma experiência de renovação não só para eles, mas para toda a Igreja. Eles testemunham que o Evangelho continua a oferecer sentido, alegria e compromisso às novas gerações e que, apesar de tudo, existe uma juventude católica capaz de sonhar e construir um mundo mais humano, justo e fraterno.
Em um mundo polarizado, assolado pela pobreza, pela guerra e pela desconfiança institucional, a liderança do Papa Leão XIV é chamada a despertar nos jovens — e em toda a Igreja — uma nova paixão pela justiça social e pela paz. Como o atual pontífice pode alcançar isso? Seu perfil, suas mensagens e suas primeiras ações já marcam um caminho convincente e profético.
Leão XIV reafirmou publicamente o papel central da Doutrina Social da Igreja, enfatizando que ela é um instrumento de paz e diálogo para "construir pontes de fraternidade universal". Inspirado pelo espírito de Leão XIII, Paulo VI e Francisco, ele nos convida a "dar voz aos pobres", reconhecendo aqueles comprometidos com as periferias e os movimentos sociais como verdadeiros protagonistas da esperança.
Em resposta ao clamor nas redes sociais, às notícias falsas e ao individualismo digital, Leão XIV apela ao desenvolvimento do pensamento crítico entre os jovens e em toda a Igreja, educando-os para o discernimento da verdade, a prática do diálogo e a evitar o fomento de uma cultura de ódio. Só assim uma nova geração poderá liderar processos de reconciliação e de defesa da dignidade humana com clareza e criatividade.
O Pontífice insiste: a conversão necessária para a justiça social começa pela escuta e aprendizagem daqueles que nasceram longe dos centros de poder, promovendo iniciativas onde os jovens e os excluídos sejam ativos e não meros beneficiários. Ele encoraja os jovens a "não terem medo de ser diferentes", a aventurarem-se nas periferias e a praticarem ativamente o mandato do Bom Samaritano.
Leão XIV recalibrou a agenda católica, tornando a paz — não apenas a ausência de guerra, mas também um processo ativo de justiça e reconciliação — o centro de sua mensagem. Os gritos dos jovens em Roma: "Queremos paz no mundo!" são um eco fiel desse sonho papal: construir comunidades que rompam as cadeias do confronto e criem uma cultura de encontro e diálogo.
Em suas homilias e gestos, Leão XIV lembra ao Papa que ele não veio para comandar, mas para servir; não para impor, mas para amar. Ele convida os jovens a viver o Evangelho sem uma dose de triunfalismo, com o testemunho diário do perdão, da fraternidade e do trabalho em prol dos outros.
Leão XIV pode inspirar uma geração comprometida com a justiça social e a paz sendo, acima de tudo, um Papa do serviço, do diálogo e do Evangelho encarnado. Sua maior força reside em convidar os jovens — com palavras e, sobretudo, com ações — a serem portadores de esperança onde só cresce o ceticismo, a fazer de suas vidas um testemunho visível da construção de um mundo onde "ninguém se salva sozinho" e onde cada gesto de justiça e paz abre os caminhos do Reino em meio à história.