13 Agosto 2025
"Mas por que tantos jovens padres saem? Há certamente a questão da manutenção do celibato ao longo do tempo, mas provavelmente antes disso há o descompasso entre o ambiente caloroso do seminário e a sociedade secularizada na qual vão exercer seu ministério", escreve Charles Delhez, sociólogo jesuíta, em artigo publicado por La Croix, 23-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
As ordenações estão em declínio novamente, noticiavam os jornais no final de junho. Mas elas já não estavam em um nível muito baixo? "Uma sociedade que não produz mais padres é uma sociedade que não deseja mais se reproduzir segundo o modelo de seu passado religioso", afirmava a seu tempo o jesuíta Joseph Moingt. Evidentemente, o modelo atual de padre não seduz mais a geração emergente, exceto pequenas minorias em ambientes específicos. Uma Igreja clericocêntrica não parece mais ter futuro.
Na França, 90 jovens padres foram ordenados para 94 dioceses (dos quais 16 para Paris e 10 para Fréjus-Toulon). Nesse ritmo, para 34.966 municípios, haverá um máximo de 4.500 daqui a cinquenta anos, considerando que a aposentadoria é aos 75 anos. Eram 29.000 em 1995. Na Bélgica, para oito dioceses e 3.577 paróquias, há apenas 26 seminaristas belgas. Em 2023, houve 10 ordenações e seis desistências. Daqui a cinquenta anos, um padre terá 12 "paróquias", pequenas ou grandes. Por ocasião de sua ordenação, o Arcebispo de Malines-Bruxelas, Luc Terlinden, declarou: "Não será mais possível manter a divisão paroquial como a conhecemos. Haverá uma evolução em direção a polos a partir dos quais podemos nos expandir."
Mas por que tantos jovens padres saem? Há certamente a questão da manutenção do celibato ao longo do tempo, mas provavelmente antes disso há o descompasso entre o ambiente caloroso do seminário e a sociedade secularizada na qual vão exercer seu ministério. "Ser um jovem padre hoje é, no mínimo, meio esportivo", constata Joël Spronck, reitor do único seminário das quatro dioceses francófonas da Bélgica, onde, durante os sete anos de formação, os seminaristas belgas são apenas 12.
Entre 2% e 4% dos franceses e belgas frequentam a missa pelo menos uma vez por mês. A terceira geração que abandonou as observâncias religiosas não batiza mais seus filhos e não fará um funeral na igreja. Especialmente no campo, as congregações são pequenas e idosas. Ser um padre secular significa querer animar as comunidades cristãs. As Igrejas frias, mesmo que lotadas, não inspirarão vocações: o leite não transborda se não ferver, dizia o cardeal belga Danneels.
Quando entenderemos que a "crise das vocações" é, na verdade, uma mutação de nossas comunidades nos países ocidentais? Uma Igreja minoritária não funciona da mesma forma que uma majoritária, analisa o sociólogo Yann Raison du Cleuziou. E nós nos tornamos minoritários. Os valores e as crenças das sociedades e os nossos não são mais os mesmos. Talvez os leitores de La Croix ainda pertençam a ambientes onde a Igreja parece majoritária, mas esse ambiente é, ele próprio, minoritário.
Claro, devemos admitir a possibilidade de algo imprevisível. Mas esse imprevisível não seria simplesmente uma mudança profunda e rápida no funcionamento da Igreja? Nossos contemporâneos estão à espera de comunidades mais ricas de emoção e de fraternidade. Muitas vezes menores, inspirarão vocações como no passado? De qualquer forma, não o suficiente para manter um cristianismo sociológico. Nossas comunidades serão eletivas. Os batizados serão pastores uns dos outros! O recente sínodo falou de uma "corresponsabilidade diferenciada". Portanto, será preciso rever o papel do sacerdote e seu modo de viver.
Nos nossos países, a Igreja está se tornando cada vez mais uma "mouvance" (Antonio Pagola), um mosaico de pequenas comunidades de diferentes estilos, inspiradas pelo Evangelho, mas uma consciência limitada de fazer parte de um todo maior. De fato, muitos fiéis desconfiam da instituição. O desafio será manter a conexão entre elas.
E a Eucaristia, tão essencial em nossas comunidades? Ela precisa ser "presidida" em nome de Cristo. Posso sonhar com Fritz Lobinger? Esse alemão, que foi bispo na África do Sul, defende a necessidade de criação de dois tipos de clero. Um, chamado "coríntio" (seguindo o modelo praticado por Paulo), que nasce da comunidade; poderá ser casado e se dedicará, mas não em tempo integral, a animar a fraternidade e a presidir a Eucaristia. Portanto, não se trataria mais de jovens que se empenham na função do ministério em idade relativamente nova (algo cada vez menos frequente), mas sim homens maduros, escolhidos pela comunidade e apresentados ao bispo que os ordenará. O outro, o clero "paulino", possivelmente celibatário, atuará em tempo integral para conduzir as comunidades ao estado adulto, favorecer um vínculo entre elas e animar os padres de comunidade. Mas será necessário se limitar ao modelo masculino, algo que não é mais aceitável aos olhos de muitos cristãos ocidentais? Quantos problemas! Certamente não seremos capazes de respondê-los em uma geração, mas é preciso ousar explicitá-los.
