O comentário é de José Antonio Pagolla, teólogo espanhol, referente ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10, 38-42, que corresponde ao 16º Domingo do Tempo Comum, Ano C, publicado por Religión Digital, 14-07-2025.
Quase sem perceber, nossas atividades diárias moldam nosso modo de ser. Se não conseguimos viver a partir de dentro, os acontecimentos do dia a dia nos puxam de um lugar para outro, sem outro horizonte além das preocupações de cada dia. Portanto, é bom que prestemos atenção às palavras de Jesus àquela mulher ativa e trabalhadora: "Marta, Marta, você está preocupada e perturbada com tantas coisas, mas uma só é necessária".
Sobrecarregados por tantas tarefas e preocupações, precisamos tirar um tempo de vez em quando para nos sentirmos vivos novamente. Mas também precisamos parar e encontrar a paz necessária para nos lembrarmos mais uma vez do "que é importante" na vida.
As férias teriam um significado novo e enriquecedor para nós se pudéssemos responder a estas duas perguntas simples: Quais são as pequenas coisas da vida que a falta de paz, silêncio e oração têm ampliado indevidamente, a ponto de matar minha alegria de viver? Quais são as coisas importantes às quais tenho dedicado pouco tempo, empobrecendo assim minha vida diária?
No silêncio e na paz do descanso, podemos encontrar mais facilmente a nossa própria verdade, pois vemos as coisas como elas realmente são. E também podemos encontrar Deus, descobrindo nele não apenas a força para continuar lutando, mas também a fonte suprema da paz.
Recordemos a experiência de "abandono em Deus", tão profundamente pregada por Mestre Eckhart e tão belamente comentada por Dorothee Sölle: "Não preciso me apegar a mim mesma, pois sou sustentada. Não preciso carregar o peso, pois sou sustentada. Posso sair de mim mesma e me entregar".
Quando conseguimos encontrar descanso e paz interior em Deus, as férias se tornam uma graça. Talvez uma das maiores graças que podemos receber em meio à nossa vida agitada e nervosa.