05 Agosto 2025
Campanha da Igreja Evangélica Luterana da Tanzânia (IELT) conseguiu reverter a prática da mutilação genital feminina de mais de 3,2 mil meninas. O ritual significa que a pessoa está pronta para o namoro, o casamento. Meninas que recusam a prática são consideradas “impuras” e os pais deixam de ganhar um dote, além de passar por estigma social.
A reportagem é de Edelberto Behs.
A campanha “Confrontando práticas silenciosas e endêmicas nocivas nas regiões de Manyara, Ruvuma, Dodoma e Arusha”, implementada em 2020 até 2024, trabalhou a conscientização, ofereceu serviços de saúde de alta qualidade, meios de subsistência alternativos, e apoio educacional às meninas que fugiram do tradicional ritual de amadurecimento.
A mediação familiar e a resolução de conflitos também foram componentes importantes no programa, pois ofereceram espaços seguros para pais e filhas no debate de questões delicadas num ambiente sem julgamentos. Estatísticas indicam que a mutilação entre mulheres de 15 a 49 anos na Tanzânia gira em torno de 10%. Em algumas regiões do noroeste do país ela chega a mais de 40%.
Na Tanzânia, a prática é considerada ilegal, desde lei aprovada pelo governo em 1998. Mas as cerimônias acontecem em segredo, de modo especial em comunidades Maasai remotas. Há políticos que, em busca de votos, demonstram apoio à tradição. Pastores são convidados a participar de programas de Treinamento em Saúde Reprodutiva na Universidade Tumaini Makumira, preparando-os como agentes de mudança.
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