16 Julho 2025
À medida que o Serviço de Imigração e Alfândega intensifica suas atividades em toda a cidade de Nova York, abrigos religiosos, programas de assistência alimentar e espaços destinados a garantir a segurança dos imigrantes estão discretamente ajustando seu funcionamento. Embora o ICE ainda não tenha invadido nenhuma instituição religiosa na cidade, funcionários e clérigos disseram que o risco parece urgente.
A reportagem é de Fiona Murphy, publicada por National Catholic Reporter, 14-07-2025.
Alguns estão avaliando protocolos legais, reduzindo serviços e se preparando para o pior, disseram à RNS.
Em abril, 206 pessoas — chamadas de "imigrantes ilegais" pelo ICE — foram presas durante uma operação de cinco dias na região metropolitana de Nova York. No mês passado, dois homens foram presos no estacionamento de uma igreja católica no sul da Califórnia, o que levou o bispo a suspender a obrigatoriedade da missa dominical para aqueles que tinham medo de comparecer à missa.
Desde que o presidente Donald Trump iniciou seu segundo mandato em janeiro, as prisões de imigrantes aumentaram em todo o país e mais que dobraram em 38 estados.
Desde janeiro, o Imã Musa Kabba reconsiderou as operações da Masjid-Ar-Rahmah, a mesquita do Bronx que ele comanda desde 1999. Durante anos, a mesquita serviu comida diariamente e ficou aberta até tarde da noite, funcionando tanto como casa de oração quanto como local de encontro seguro para imigrantes recém-chegados. Agora, temendo a visibilidade do ICE, as portas fecham diariamente às 21h, e a comida só é oferecida nos fins de semana, disse ele.
"Dizemos aos migrantes que diminuam o ritmo e não venham ao centro o tempo todo", disse Kabba. "Ou, se vierem, que não fiquem muito tempo, como muitos costumavam fazer".
O ICE afirmou que se concentra em prender indivíduos com ordens de deportação anteriores ou antecedentes criminais e que suas ações são direcionadas. No entanto, de acordo com reportagens da NPR, pelo menos 56 mil imigrantes estavam detidos pelo ICE no início de julho, e cerca de metade não possui condenações criminais. As mudanças na política federal do governo Trump também obscureceram os limites de onde as prisões podem ocorrer, permitindo-as em locais anteriormente protegidos por diretrizes de locais sensíveis de longa data, como templos religiosos e escolas.
Agentes de imigração não precisam legalmente de um mandado judicial, emitido por um tribunal, para efetuar uma prisão em um espaço público. Se tiverem motivos para acreditar que alguém está no país ilegalmente, podem deter a pessoa na rua. No entanto, entrar em áreas privadas como escritórios, cozinhas ou o terreno de uma mesquita ou igreja exige um mandado judicial assinado. Ainda assim, defensores da imigração alertam que muitos agentes apresentam mandados administrativos do Departamento de Segurança Interna dos EUA, que não autorizam a entrada.
Essa distinção moldou as recentes sessões de treinamento no Holy Apostles Soup Kitchen, em Manhattan, o maior refeitório comunitário atualmente em operação nos terrenos de uma igreja episcopal da cidade.
"Certamente fizemos alguns preparativos internos para que nossa equipe saiba o que fazer caso [agentes de imigração] apareçam", disse Elizabeth Starling, diretora de desenvolvimento da Cozinha Comunitária dos Santos Apóstolos. "Passamos por um treinamento sobre a necessidade de eles terem um mandado judicial específico porque, bem, vocês não estão vindo à nossa propriedade para uma missão de pesca — isso não vai acontecer".
Desde fevereiro, a equipe da Holy Apostles, que atende 750 famílias semanalmente por meio de seu refeitório comunitário e banco de alimentos, foi treinada para identificar mandados legítimos e instruída a nunca permitir que agentes entrem em áreas privadas sem eles. Além disso, a entrada na igreja é proibida sem a presença do gerente do refeitório comunitário.
"Deixamos bem claro para a equipe que [o ICE] não entraria em nosso prédio até que alguém com cargo de gerência intercedesse", disse Starling.
A Holy Apostles não alterou seus serviços diários e continua oferecendo refeições diárias para viagem; também opera uma "despensa de escolha", onde os visitantes pegam mantimentos em quiosques três dias por semana. No entanto, Starling disse que as novas precauções dependem de prontidão e dignidade. "É realmente desanimador ver esse tipo de medo alimentado pelo outro... parece muito anticristão", disse ela. "Estamos fazendo o que podemos para ajudar as pessoas que nos procuram e continuaremos a fazê-lo com ousadia".
Embora a Mesquita Ar-Rahmah tenha uma congregação multicultural, sua maioria é composta por imigrantes da África Ocidental. Nos últimos meses, o número de pessoas que vêm nos fins de semana para refeições diminuiu significativamente, disse Kabba. "Às vezes, só vêm três pessoas", falou. Num passado não tão distante, Kabba expressou que a mesquita atendia dezenas regularmente.
"Desde a eleição, percebemos que há medo na comunidade", acrescentou Kabba. "Eles não ficam porque não sabem quando o ICE pode aparecer. O ICE não avisa quando eles vêm". Mesmo assim, Kabba disse que continua esperançoso. "Rezamos para que a ajuda venha de Deus e ajude seu povo imigrante a se libertar de qualquer tipo de terror ou medo", disse ele.
Brennan Brink, diretor associado de extensão para migrantes do Centro Inter-religioso de Nova York, trabalha com mais de 100 congregações nos cinco distritos, muitas das quais são lideradas por imigrantes ou têm um longo histórico de oferecer refúgio a nova-iorquinos necessitados. Muitos líderes religiosos com os quais o ICNY trabalha estão retomando precauções instituídas durante o primeiro mandato de Trump, disse Brink, como a colocação de placas com os dizeres: "Atividades do ICE não são bem-vindas aqui. Somos uma comunidade que acolhe a todos". O objetivo é que as placas sirvam como um lembrete visual de que o espaço é propriedade privada, ajudando a desencorajar a entrada de pessoas não convidadas, disse ele.
Brink disse que mais e mais organizações religiosas ainda estão servindo fiéis e outras pessoas necessitadas, mas optam por permanecer discretas.
"Há pessoas que provavelmente teriam ficado felizes em falar com um repórter há um ano, mas agora preferem continuar fazendo o trabalho que estão fazendo, mas que isso seja conhecido por toda a vizinhança", disse Brink. Algumas congregações estão tentando limitar sua visibilidade, evitar qualquer atenção externa e marcar claramente os limites de acesso, tudo para proteger visitantes vulneráveis.
"Definitivamente, há um clima geral de medo que aumentou nos últimos meses", disse Brink. "Não necessariamente com base na presença real do ICE, mas apenas pessoas ouvindo o que está acontecendo em outros lugares e com medo de serem as próximas".
A história da representação de Cristo, divindade encarnada. A relação com a imagem nas Igrejas do Oriente e do Ocidente. A re[...]
LER MAIS
Para entender o fato cristão, além de ter um bom conhecimento do Novo Testamento, é preciso conhecer a história da Igreja e es[...]
LER MAISUm estudo italiano publicado na revista Public Library of Science mostra que a separação entre os sexos existe. Realizado com um[...]
LER MAIS
