13 Junho 2025
Pesquisa mostra que 87,5% da população brasileira está disposta a mudar hábitos para salvar oceanos, mas só 7% participaram de alguma ação nesse sentido
A reportagem é de Cristiane Prizibisczki, publicada por ((o))eco, 12-06-2025.
A percepção do brasileiro sobre a importância dos oceanos e a sua relação com o equilíbrio climático da Terra aumentou nos últimos três anos. Nove em cada dez brasileiros concordam que o aumento do nível do mar representa uma ameaça real para as cidades costeiras e 87,5% diz que está disposta a mudar hábitos. As ações concretas neste sentido, no entanto, são ínfimas: apenas 7% participou de alguma ação efetiva nos últimos 12 meses.
Os dados são da pesquisa “Oceano Sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar – Evolução de Cenários (2022–2025)”, realizada pela Fundação Grupo Boticário, em cooperação com a Unesco, projeto Maré de Ciência e Univesp, e divulgada esta semana, durante a 3ª Conferência do Oceano da ONU, em Nice, França.
A pesquisa ouviu duas mil pessoas adultas de todas as classes sociais, nas cinco regiões do Brasil. Ela traça um novo retrato da relação da população com o oceano, três anos após a primeira edição, em 2022.
O levantamento aponta um aumento no conhecimento e na disposição dos brasileiros em adotar hábitos mais saudáveis.
“Notamos que a conexão da sociedade com o tema está em transformação. Em três anos, a disposição dos brasileiros em mudar hábitos a favor do oceano aumentou 5,4 pontos percentuais. Existe uma clara predisposição para agir de forma mais consciente, mas precisamos estimular ações práticas e disseminar mais conhecimento sobre o assunto”, destaca Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
Para 85% da população, por exemplo, o aquecimento das águas do oceano influencia diretamente a ocorrência de eventos climáticos extremos no Brasil, como secas e inundações. Metade da população (49%) reconhece que o oceano impacta diretamente sua vida, e para 84% dos entrevistados, o oceano e seus ecossistemas estão sob ameaça ou risco.
Apesar dos dados positivos, a pesquisa também mostrou que a disseminação de conhecimento sobre o assunto ainda é necessária.
Apenas 30% das pessoas compreendem que suas ações influenciam diretamente na saúde do oceano, 23% consideram que as atitudes impactam de forma indireta e 44% acreditam que suas ações não impactam em nada os mares, enquanto 3% não souberam responder. Os impactos mais mencionados causados pelas atitudes humanas são o descarte de lixo (30%), poluição (29%), embalagens (8%), reciclagem (8%), consumo (8%), geração de resíduos (7%), aquecimento global (6%) e consumo de água (6%).
“Os dados reforçam a importância de se promover a aprendizagem e a conscientização sobre o impacto das ações humanas na saúde do oceano, bem como enfatizam a necessidade de se ampliar o conhecimento sobre o papel fundamental do oceano no equilíbrio do planeta”, afirma a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
Veja a pesquisa na íntegra aqui.