11 Junho 2025
Durante o primeiro congresso One Ocean Science (OOS), em Nice (França), nesta 2a feira (09/6), cientistas lançaram um manifesto pedindo ações imediatas para proteger os oceanos, baseadas em evidências e equidade. O documento informará a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), que está sendo realizada na mesma cidade até 6a feira (13/6). O evento é a maior reunião do tipo na França desde a Conferência do Clima de Paris (COP21), em 2015, lembra o Le Monde.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 10-06-2025.
O texto do manifesto inclui 10 recomendações urgentes para líderes globais, como proteger 30% dos oceanos até 2030, combater a pesca ilegal, reduzir poluição por plásticos e frear a mineração em águas profundas. Alejandra Villasboas, embaixadora do OOS, destacou a importância de unir ciência e política, enquanto Jean Pierre Gattuso (CNRS) alertou para a pouca verba destinada às pesquisas oceânicas. François Houiller, coorganizador do OOS, afirmou que o manifesto é um “chamado para ação”, mas reconheceu que sua transformação em políticas depende dos líderes presentes na UNOC3. O documento reforça: “O tempo de indecisão acabou”, exigindo medidas concretas para as futuras gerações.
Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano – e que acompanha o presidente Lula em sua viagem à França para a Conferência dos Oceanos, denunciou o “grande e crescente estado de degradação” dos mares do Brasil. Em entrevista à BBC, ele destacou fenômenos sem precedentes, como o branqueamento massivo de corais devido ao aquecimento das águas e a erosão avançada em 40% das praias brasileiras, segundo dados de 2018. “Estamos falando de uma situação realmente degradante”, afirmou.
Turra também criticou o projeto de lei do licenciamento ambiental, aprovado no Senado em maio, que pode facilitar atividades danosas, como a exploração de petróleo na sensível bacia da foz do Amazonas. Para ele, a medida agravará ainda mais a crise oceânica, já marcada por falhas de planejamento e fiscalização.
Em discurso na Conferência da ONU sobre os Oceanos em Nice, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou a iminente entrada em vigor do Tratado Internacional sobre o Alto Mar em 2026, classificando-o como "um marco histórico para regular nosso bem comum mais vital". Com 55 países já tendo ratificado o acordo e outros 30 em processo, o tratado, que necessita de 60 adesões para vigorar, estabelecerá pela primeira vez um regime jurídico global para proteger 65% dos oceanos atualmente sem governança, permitindo a criação de áreas marinhas protegidas. Macron destacou a urgência desta ação, lembrando que os oceanos, que absorvem 30% das emissões globais de CO₂ e regulam o clima, enfrentam ameaças sem precedentes como acidificação, sobra pesca e poluição plástica. Apesar do avanço, a ausência dos EUA no processo preocupa especialistas. Quem informa é a Reuters.