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Itinerário geográfico-teológico de Moisés. Artigo de Roberto Mela

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07 Junho 2025

"A obra apaixonada e riquíssima realizada por Michelangelo Priotto, fruto de uma vida inteira de leitura de textos bíblicos, propõe-se como uma apresentação completa da figura de Moisés, libertador, profeta e amigo de Deus. A linguagem científica utilizada permanece sempre acessível", escreve Roberto Mela, teólogo e professor da Faculdade Teológica da Sicília, em artigo publicado por Settimanna News, 05-06-2025. 

Eis o artigo. 

O autor, Michelangelo Priotto, é sacerdote da diocese de Saluzzo (CN). Após se formar em Teologia Bíblica no Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, obteve, em 1985, o doutorado em Ciências Bíblicas no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Lecionou na Faculdade de Teologia do Norte da Itália e na ISSR de Turim, e foi diretor da revista Parole di Vita de 1996 a 2007. Leciona no Estudo Teológico Interdiocesano de Fossano (CN) e no Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém.

Moisés: uma figura única, moldada por uma história rica e fascinante

Depois de ter ilustrado o caminho geográfico-teológico dos patriarcas do Gênesis, neste novo estudo Michelangelo Priotto traça o perfil do caminho geográfico-teológico de Moisés, o último grande patriarca do Pentateuco.

No prefácio do livro, ele resume com satisfação o conteúdo e o propósito do estudo empreendido. Observa-se que o foco principal está em sua pessoa e, em particular, em seu diálogo com YHWH. As passagens mais significativas que delineiam o caminho interior do encontro de Moisés com Deus são, portanto, selecionadas e comentadas, desde os prelúdios relacionados ao seu nascimento milagroso às margens do Nilo até sua morte aos pés do Monte Nebo.

Livro "Do Egito ao Monte Nebo. O itinerário geográfico - teológico de Moisés" de Michelangelo Priotto

O objeto deste estudo é o Moisés literário, isto é, aquele que aparece nas páginas da história bíblica. No entanto, não se trata de uma simples figura criada pelo narrador, mas sim do retrato teológico delineado pela geração do exílio, que, na esteira de uma longa tradição, quis não apenas celebrar o personagem, mas propô-lo como modelo da fé renovada em YHWH.

O que a página bíblica nos descreve é ​​um Moisés vivo, profundamente ligado ao seu povo e, ao mesmo tempo, testemunha de uma intensa busca e comunhão com o Altíssimo.

Especificamente, serão descritas as características essenciais do relacionamento de Moisés com Deus que emergem da narrativa dos livros de Êxodo, Números e Deuteronômio; não se trata de três personagens diferentes, mas de uma única figura moldada pela articulação de uma história rica e apaixonante.

Após as Siglas e Abreviações (p. 5-6), o autor apresenta uma premissa geral para sua obra (p. 7-10).

"O princípio inspirador da pesquisa anterior baseava-se no pressuposto de que a descrição dos movimentos geográficos dos patriarcas significava também e sobretudo um itinerário existencial em busca daquele Deus que os chamava para concretizar o seu projeto salvífico. Mesmo no caso de Moisés, o itinerário geográfico é muito significativo e amplo, pois inclui quatro livros bíblicos: Êxodo, Levítico, o livro de Números e, finalmente, o livro de Deuteronômio" (p. 7).

O que a página bíblica nos descreve, continua o autor,

"(...) é um Moisés vivo, profundamente ligado ao seu povo e, ao mesmo tempo, testemunha de uma busca apaixonada e de uma comunhão com Deus. Uma tradição histórica autêntica, mas carente de detalhes biográficos, não bastava; a memória escriturística, guiada pelo Espírito, preenchia, por assim dizer, o espaço existencial, mostrando como o homem Moisés encontrou Deus e se abandonou a Ele em profunda comunhão" (ibid.).

Sem cair em comentários meramente psicológicos, o volume pretende demonstrar "como é precisamente esta comunhão dialógica com Deus que constitui a razão interior dos acontecimentos narrados e a trama espiritual da biografia mosaica" (p. 8).

No estudo de Priotto, a prioridade é dada "ao estudo das passagens em que esse diálogo se torna explícito e constitui, de fato, a fonte dos eventos narrados. Se, na premissa narrativa do livro do Êxodo, é Deus quem intervém livremente na história de Moisés, depois da experiência teofânica na sarça ardente, o encontro com Ele se torna diálogo vocacional, contemplação teofânica, oração de intercessão, diálogo litúrgico na Tenda do Encontro.

Se, numa perspectiva meramente crítica e humana, este diálogo entre Moisés e YHWH corre o risco de ser relegado apenas ao âmbito da autoconsciência, sem qualquer fundamento real – adverte Priotto –, o estudo atento das passagens bíblicas a ele relacionadas mostrará a realidade desta presença divina na vida de Moisés. A história existencial de Moisés, com seus traços positivos e negativos, instigantes e problemáticos, de abandono confiante e contestação, mostra como o encontro com YHWH afeta concretamente as escolhas de ação do patriarca" (p. 8).

O volume do estudioso é dividido em três partes: O Moisés do Êxodo: em busca de Deus; O Moisés dos Números: fidelidade e inovação; O Moisés do Deuteronômio: em direção à verdadeira Terra Prometida.

O Livro do Êxodo

O primeiro aspecto de Moisés analisado é aquele presente no livro do Êxodo. Trata-se de um Moisés em busca de Deus. Priotto apresenta o livro, o segundo do Pentateuco, com sua estrutura e seu posicionamento no Pentateuco, do qual ele relembra o problema crítico. O autor aborda a figura histórica de Moisés: o nome, o contexto histórico da tradição do Êxodo, o parentesco midianita de Moisés, os primórdios do culto a YHWH e se pergunta se existe um Moisés esquecido.

O autor acompanha e analisa as principais passagens do livro.

Priotto apresenta o Egito, o país de Moisés: contexto, uma casa de escravidão (Ex 1,8-22), da casa materna à corte. Em seguida, ilustra o país de Midiã, a fuga de Moisés para lá e várias figuras encontradas: Jetro, Reuel, Obabe, com a questão sobre a existência de um culto a Javé dos qenitas e edomitas.

Após a descrição dos queneus e edomitas, Priotto concentra-se no diálogo vocacional presente em Êxodo 3–4, analisando as fontes, a estrutura e o conteúdo da perícope. Há diálogos vocacionais, a autoproclamação de YHWH, um primeiro envio com a identidade de Deus e a de Moisés.

Um confronto acalorado entre Moisés e YHWH é seguido por um segundo envio, com ações e sinais, e um terceiro envio com a objeção final de Moisés e a resposta divina, a resposta positiva de Moisés e Arão, a partida, o atentado contra a vida de Moisés (Êx 4,24–26), o encontro com Arão e a chegada ao Egito.

Em Êxodo 5,22–7,7, há um novo diálogo vocacional, com a crise e a reconfirmação, a crítica a Moisés e uma dupla resposta de YHWH. O oráculo de YHWH é seguido pela reconfirmação e pela genealogia de Moisés e Arão, com a missão de Moisés ao Faraó.

Outro bloco narrativo analisado por Priotto é Êx 24,12-18; 32-34. Trata-se de teofania, com diálogo e oração. Moisés sobe a montanha e, após o pecado de Israel, segue-se a dupla intercessão e perdão de Moisés. Moisés pede para ver a glória de YHWH e, ao descer da montanha, seu rosto brilha com esplendor.

O complexo literário de Êxodo 40,1-38 relata a construção da Habitação, um lugar de presença que oferece a oportunidade para um diálogo profundo entre Moisés e YHWH.

A figura de Moisés no livro do Êxodo

Ao tirar conclusões sobre a apresentação da figura de Moisés nos diversos livros bíblicos, citaremos expressamente as palavras do estudioso, que de outra forma seriam difíceis de resumir.

Apesar do ceticismo moderno, é evidente – observa Priotto – que esta não é uma figura inventada pelo clero judeu durante o exílio babilônico com a intenção de reconstruir uma identidade judaica ameaçada pelo desaparecimento do Israel anterior. A tradição oral e, sobretudo, cultual – pensemos na celebração da Páscoa ou no início do Decálogo – preservou a memória histórica de uma figura fundadora da fé em YHWH, libertador da escravidão egípcia e portador de uma fé e de uma regra de vida em um novo país. A grandeza e a novidade dessa memória mosaica consistiam em fundar a existência de Israel não em uma monarquia, como era costume no Antigo Oriente Próximo, mas na profecia, na palavra de um Deus revelador, graças ao testemunho de um homem de fé, Moisés. A tradição a seguir preserva, enriquece e atualiza a experiência desse profeta fundador; daí a riqueza e também a pluralidade das tradições reunidas naquele livro de memórias que é o livro do Êxodo" (p. 130).

Moisés vivencia a experiência de YHWH como um Deus que o ama e o envia em uma missão. O homem é capax Dei. A experiência que Moisés desfruta na teofania da sarça ardente é o verdadeiro objetivo do êxodo: a comunhão com Deus.

Moisés, porém, recebe o dom de uma experiência divina ainda mais forte e importante do que aquela que recebeu na sarça ardente: é a da teofania sinaítica. "[É] a experiência de uma presença pessoal – é a ele que YHWH aparece pela primeira vez – e de uma presença absolutamente gratuita. Os fenômenos, apesar da sua excepcionalidade, permanecem na ordem da natureza, mas servem de sinal e convite ao homem para olhar para cima, para além de si mesmo. A presença de Deus, porém, manifesta-se no Verbo. É evidente que não se trata simplesmente de uma experiência auditiva, porque os oradores do Decálogo são dois" (p. 131).

Na segunda teofania, o diálogo entre YHWH e Moisés se intensifica. Moisés recebe a Palavra, dialoga, pede para ver a Glória de YHWH.

"O dom da presença teofânica – nota Priotto – torna-se estrutural graças à ereção da Morada e, em particular, da Tenda da reunião que constitui o seu coração (c. 40). Os dois símbolos que representam a presença de YHWH, a nuvem e a glória, definem também a sua qualidade: é a presença de um Deus transcendente, mas também imanente e aberto à comunhão com o homem. Os dois símbolos são significativos, porque a nuvem, com a sua opacidade, impede o acesso direto à divindade, protegendo-a de olhares indiscretos ou manipuladores; a glória, por sua vez, exprime, em vez disso, a “espessura”, isto é, a visibilidade desta presença que se torna próxima do homem. Ora, é nesta presença transcendente e imanente que Moisés é convidado a entrar, já não excepcionalmente, como no Sinai e em alguns outros momentos futuros, mas habitualmente através do ministério da profecia e do exercício do ministério litúrgico" (p. 132).

O Livro dos Números

O Moisés do livro de Números apresenta aspectos de fidelidade, mas também de inovação. Priotto oferece uma premissa para o livro, com dicas sobre sua origem e formação. Em seguida, concentra-se na estrutura literária e geográfico-teológica, destacando a unidade e a coerência literárias nas três partes: Nm 1,1-10,10; 10,22-21,35; 22,-36,13.

Descreve-se um caminho de natureza teológica (9,15-23).

Priotto concentra-se inicialmente na jornada do Sinai a Cades-Barneia (Nm 10,11-12,16), na qual a orientação de YHWH e uma dupla contestação emergem: em Taberá e em Kibrot-Taavah, com dois diálogos entre Moisés e YHWH. O comentário de Priotto conclui com a contestação de Aarão e Miriã.

Nm 16 relata a revolta de Coré, Datã e Abirão.

O pecado de Moisés (Nm 20,1-13) consiste em bater duas vezes na rocha com o seu cajado, em vez de lhe falar com o cajado na mão.

Números 21 descreve a viagem à terra de Moabe, com a vitória de Corma e o episódio da serpente de bronze. De Obote chegamos ao Arnom, com a vitória sobre Seom, rei de Hesbom. Após descrever a situação histórico-geográfica da região de Hesbom e comentar o cântico de Hesbom, apresenta-se a figura de Moisés, o conquistador (Nm 21,32-35).

Priotto oferece agora uma digressão sobre a tradição do guerreiro Moisés (p. 218-224). A partir dos vestígios das guerras de Moisés na tradição bíblica, ele avança para a conquista da terra e as guerras de Moisés segundo Hecateu de Abdera. As campanhas etíopes de Moisés são ilustradas em Artapano e em Flávio Josefo, para concluir com uma história das guerras etíopes de Moisés na era persa.

Nm 27,12-23 relata a história da sucessão de Josué. Priotto ilustra seu conteúdo e estrutura e, em seguida, passa para o comentário. A redação pós-sacerdotal de Nm 27,12-23 e a evidência da figura de Eleazar são relembradas.

Nm 31 relembra a guerra contra Midiã e, após o comentário, o estudioso descreve a população midianita.

Nm 32 relata a divisão da terra da Transjordânia. O autor comenta os problemas literários e a articulação da unidade, com uma reflexão conclusiva.

A figura de Moisés em Nm 21–36

Segundo Priotto, a peculiaridade da figura de Moisés aparece sobretudo em Nm 21–36.

À primeira vista, parece que o tema principal é o fato de que, por causa do pecado, tanto Maria quanto Arão e Moisés devem morrer. "Esta seção do livro – observa o estudioso – difere das duas anteriores, pois se concentra principalmente nas perspectivas da iminente sedentarização. Além disso, e isto é muito significativo, estes capítulos finais abordam o problema de uma sedentarização fora das fronteiras da Terra Prometida, como atestam vários textos" (p. 249).

"Por volta de 32 d.C., Moisés, apesar de sua perplexidade inicial, consente com a instalação de alguns grupos israelitas na Transjordânia, legitimando assim – lembra Priotto – a possibilidade da diáspora. É claro que o princípio da unidade e da solidariedade com outros grupos israelitas é defendido, e isso deve acontecer primeiro, mas a afirmação de que a unidade do povo de Deus não está vinculada a uma unidade geográfica é importante.

Os capítulos 27 e 36, que enquadram a última parte do livro, tratam do problema da herança das filhas de Selofeade, que pertencem ao grupo de Maquir, da tribo de Manassés parcialmente estabelecida na Transjordânia. Elas obtêm o direito de herdar a terra de seu pai, apesar de a tradição ensinar que somente filhos do sexo masculino poderiam herdá-la (27,5-8); elas também podem herdar se casadas com um homem de outra tribo. Essa legislação, portanto, abre a possibilidade de uma pluralidade de formas de pertencimento à comunidade de Israel, tanto dentro da Terra Prometida quanto no exterior, aqui na Transjordânia, onde reside parte da tribo de Manassés" (p. 249).

A Moradia não aparece mais no centro da organização da comunidade, como acontecia nos capítulos anteriores do livro.

"Os membros dos grupos israelitas autorizados a estabelecer-se na Transjordânia pertencem à segunda geração daqueles que deixaram o Egito – observa Priotto –; para eles, como para os demais, os acontecimentos do deserto são paradigmáticos (cf. 32,6-7). A sua fixação fora da Terra Prometida ocorre sob a autoridade de Moisés, acompanhado por Josué e Eleazar (32,28). Não se trata, portanto, de uma transgressão, mas insere-se no quadro das possibilidades legais oferecidas aos israelitas. Se a presença do sumo sacerdote Eleazar confirma a dimensão teocrática e hierocrática da organização da comunidade israelita, legitima também formas pluralistas de pertença à comunidade. A fé judaica pode ser vivida à sombra do Templo, mas também na diáspora. Embora reconheçam a dimensão hierocrática da comunidade, estes capítulos finais sublinham igualmente o papel e o valor dos líderes não sacerdotais" (p. 249-250).

Nesta terceira parte do livro a figura de Moisés não só não desaparece, mas é ativa e autoritária.

"Certamente - observa Priotto - há o reconhecimento de sua culpa, com a consequência de não entrar na Terra Prometida; mas isso também poderia ser o sinal de uma concepção da terra menos vinculada à territorialidade física e mais conectada à unidade da fé entre os membros do povo de Deus. Na época da escrita do livro de Números, no final da era persa e início da era helenística, a autoridade de Moisés significava, sobretudo, a autoridade de uma Torá capaz de responder às novas necessidades da comunidade, permanecendo fiel à revelação que ela encarna. Isso abre a perspectiva de um judaísmo vivido nas fronteiras de Canaã e com esta em uma relação diferente em relação aos ambientes sacerdotais. Este final de Números - prossegue o estudioso - poderia ter a mesma função que o final do livro de Gênesis com a história de José: a legitimação de um judaísmo vivido na diáspora. A unidade literária do livro permanece, mas é uma unidade dinâmica e teológica; não serve apenas para reunir em um único recipiente as tradições e disposições não anteriormente incluído na Torá, mas também para respeitar a diversidade de um judaísmo que, na última parte do livro, se apresenta com características particulares em relação à descrição nas duas primeiras partes" (p. 250).

O Livro de Deuteronômio

Priotto finalmente se detém longamente no Moisés do Deuteronômio em direção à verdadeira Terra Prometida. Ele primeiro apresenta o conteúdo e a importância do livro, sua formação, sua característica como proposta de um ideal, sua estrutura. O autor comenta o papel do Deuteronômio como encerramento do Pentateuco.

Assim como nos capítulos anteriores, o estudioso ilustra e comenta as principais passagens do livro.

Ele apresenta e comenta o primeiro discurso de Moisés (Dt 1,1-4,43), apresentando a estrutura, o comentário e a mensagem. São comentados os episódios de Êxodo-Números (1,16-3,29): de Horebe a Cades-Barneia, de Seir a Bete-Peor, de Seir por Edom, a passagem pelo território moabita e amonita. Seguem-se as vitórias sobre Seom e Ogue, os preparativos para a conquista, com a oração de Moisés (3,8-29) e a exortação final (4,1-40) que, após um prólogo, apresenta um parêntese e um epílogo.

Dt 4,44–5,33 relata a mediação de Moisés em Horebe. A teofania, a mediação de Moisés, o fato de uma palavra falada e ouvida são relatados.

Um segundo apelo de Moisés é relatado em Dt 9,26-29.

Dt 18,9-22 apresenta Moisés como o profeta.

Em Dt 27-28, relata-se a resposta à dádiva da Torá. Priotto apresenta primeiro o contexto e, em seguida, a estrutura e a teologia de Dt 27,1-26 e de Dt 28,1-69. Esta última perícope é estudada em suas subdivisões: 28,1-14.15-46.47-68.69.

Dt 31,1-30 relata a escrita da Torá. O estudioso examina sua estrutura e articulação teológica, para então propor um comentário sintético.

Dt 32,1-47 contém o cântico de Moisés. O cântico em si é relatado nos vv. 1-43, dos quais Priotto oferece uma apresentação literária e os elementos teológicos essenciais. A introdução (Dt 31,30) é seguida pelo prefácio (32,1-3), o Cântico de Moisés (Dt 32,4-43) e sua conclusão narrativa (Dt 32,44-47).

O anúncio dramático da morte de Moisés é narrado em Dt 32,48-52. Priotto apresenta o contexto literário e teológico, seguido pelo comentário propriamente dito.

Dt 33 apresenta o cântico de bênção. Após a introdução narrativa (33,1), seguem-se a teofania (33,2-5) e as bênçãos (33,6-25). Após uma breve introdução, Priotto oferece seu comentário. Dt 33,26-29 encerra o capítulo com a conclusão salmística, também devidamente comentada pelo estudioso.

Dt 34,1-12 relata a morte de Moisés, a conclusão de Deuteronômio e do Pentateuco. A apresentação do texto é seguida pelo comentário habitual.

A obra de Priotto termina com uma breve conclusão (p. 401-402) e uma reflexão sobre o dom de Moisés (p. 403-404).

A figura de Moisés na conclusão de Deuteronômio

A página final do livro de Deuteronômio apresenta o desfecho da vida de Moisés. Seu itinerário existencial não é óbvio, "porque, se a proibição de YHWH a Moisés de atravessar o Jordão ressoa três vezes (Dt 1,34-37; 3,26-27; 4,21-221), nunca há menção à sua morte; certamente, ele reconhece que tem cento e vinte anos e que já não é capaz de entrar e sair (Dt 31,2), isto é, de liderar militarmente os israelitas, mas não que é incapaz de atravessar o Jordão. O tema é o da entrada na Terra Prometida, não o da morte; como confirma, aliás, o comentário do narrador, que reconhece que Moisés possuía uma força física excepcional logo após a sua morte (Dt 34,7).

Embora reconhecendo a dificuldade interpretativa do argumento e do silentio – comenta Priotto –, permanece o fato de que o Moisés deuteronômio, tendo chegado ao fim da exposição da Torá e da subsequente bênção final aos israelitas, nunca pediu a YHWH que prolongasse sua vida terrena, mas simplesmente que pudesse entrar na Terra Prometida. É YHWH quem, falando pela primeira vez em Deuteronômio sobre a morte de Moisés, prevê sua iminência para ele (Dt 31,14-16)! Portanto, é somente neste ponto que Moisés toma conhecimento diretamente de Deus da iminência da morte; por essa razão, é com esta palavra de YHWH que o livro de Deuteronômio termina significativamente, por volta de 34, e também, consequentemente, a “biografia mosaica” iniciada em Êx 2: um ponto de vista excepcional para abarcar toda a figura de Moisés" (p. 401).

O Dom de Moisés

Da longa existência de Moisés, Priotto estudou "o que constitui o fato central, isto é, o encontro e a relação de Moisés com YHWH. Certamente, os elementos mais evidentes são a libertação da escravidão egípcia e o dom da Lei, juntamente com a entrada iminente na Terra Prometida; no entanto, a realidade que constitui a própria alma da vida de Moisés é o encontro com YHWH e a comunhão indissolúvel com Ele, em conformidade com o plano divino do êxodo: " wāʼābī ʼetkem (Eu te fiz entrar em mim)" (Êx 19,4).

A contemplação da terra física de Canaã, se por um lado testemunha o cumprimento da promessa de Yhwh, por outro, também evidencia seus limites – lembra Priotto –.

No fim da sua vida, abre-se diante de Moisés a verdadeira Terra Prometida, isto é, a comunhão com Yhwh. Ele morre ʽ al – pî Yhwh (lit. “pela boca de Yhwh”: Dt 34,5), expressão que a tradição judaica interpreta literalmente, como um gesto de particular intimidade daquele Deus que falou a Moisés pānîm ʼel pānîm (“face a face”: Dt 34,10). O profeta pode, assim, entrar definitivamente na plenitude da comunhão com Deus.

Se a tradição não preserva a memória do local do sepultamento, na verdade, a exclui, por ser obra de Deus (Dt 34,6) – observa o estudioso –, Moisés, contudo, sobrevive na Torá. A palavra, recebida no Sinai e proclamada aos israelitas, é colocada ao lado da arca da aliança (Dt 31,26), que já contém as dez palavras (Dt 10,5), e confiada aos levitas que, dessa forma, se tornam responsáveis ​​pelo legado mosaico; graças a eles, a Torá será lida, interpretada e atualizada ao longo das gerações de fiéis israelitas, até a vinda daquele que, como Verbo do Pai, é o verdadeiro e último Moisés, a plena realização do projeto do Êxodo: "Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1,17) (p. 403).

O volume termina com a bibliografia citada (p. 405-414) e o índice dos autores citados (p. 415-418).

A obra apaixonada e riquíssima realizada por Michelangelo Priotto, fruto de uma vida inteira de leitura de textos bíblicos, propõe-se como uma apresentação completa da figura de Moisés, libertador, profeta e amigo de Deus. A linguagem científica utilizada permanece sempre acessível. Moisés é uma figura fundamental no panorama bíblico e espiritual de todo entusiasta do texto bíblico. Seu itinerário geográfico-teológico é também decisivo para o de cada um que se sente interpelado pela palavra viva do Deus libertador e vivificante.

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