04 Junho 2025
"Sinto muito, mas não consigo mais me conter". É assim que Elon Musk, até poucos dias atrás conselheiro de Donald Trump e chefe de sua equipe de cortes orçamentários, conhecida como DOGE, começa seu discurso contra o megaprojeto de lei econômico do presidente, aprovado pelo Congresso e pendente no Senado, que prevê cortes massivos de impostos e serviços sociais, além de aumentos nos gastos militares e de fronteira.
A reportagem é de Andrés Gil, publicada por El Diario, 04-06-2025.
“Este projeto de lei de gastos do Congresso, massivo, ultrajante e cheio de privilégios, é uma abominação repugnante”, disse ele. “Que vergonha para aqueles que votaram a favor: eles sabem que erraram. Eles sabem disso”.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, tentou minimizar as críticas de um dos principais conselheiros e financiadores de operações políticas de Trump durante as eleições de novembro.
“O presidente já sabe a posição de Elon Musk sobre este projeto de lei”, disse Leavitt, acrescentando que a postagem de Musk “não muda a opinião do presidente”.
Musk declarou: “Isso aumentará enormemente o já enorme déficit orçamentário para US$ 2,5 trilhões e sobrecarregará o povo americano com uma dívida esmagadora e insustentável. É matemática simples. O Congresso está levando os Estados Unidos à falência”.
Na última terça-feira, circulou uma prévia de uma entrevista de Musk com a CBS marcada para domingo, na qual o dono da X e da Tesla lamentou a lei supostamente "única e maravilhosa" promovida por Trump, porque ela "aumenta o déficit", ao mesmo tempo que impulsiona os gastos públicos com defesa e fronteiras e antecipa um corte massivo de impostos.
Na entrevista à CBS Sunday Morning, Musk afirma que o projeto de lei megaeconômico de Trump "prejudica o trabalho feito pelo DOGE".
“Honestamente, fiquei decepcionado ao ver um projeto de lei de gastos tão grande, que na verdade aumenta o déficit orçamentário em vez de reduzi-lo. E isso, de certa forma, prejudica o trabalho que a equipe do DOGE está fazendo”, disse Musk na entrevista, referindo-se a um projeto de lei que Trump chamou de “único e maravilhoso”.
A legislação incorpora muitas das promessas mais ultraconservadoras de Trump: novos incentivos fiscais para gorjetas e carros fabricados nos EUA, aumento de gastos com defesa e controle de fronteiras e, de acordo com o Congressional Budget Office (CBO), adicionará cerca de US$ 3,8 trilhões aos US$ 36,2 trilhões existentes em dívida pública até 2034. A dívida nacional dos EUA já é de 124% do PIB.
Os comentários de Musk o colocam em desacordo com Trump, que defendeu entusiasticamente um pacote legislativo que inclui a extensão dos cortes de impostos aprovados em 2017, aumentando o financiamento para segurança e defesa de fronteiras — incluindo o sistema de defesa aérea Gold Dome —, impondo requisitos de trabalho para o Medicaid e eliminando créditos fiscais para energia limpa.