03 Junho 2025
Um novo estudo revelou que metade da população mundial enfrentou um mês a mais de calor extremo no último ano devido às mudanças climáticas causadas pelo ser humano. A pesquisa, conduzida por cientistas da World Weather Attribution, Climate Central e do Centro Climático da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho, destacou como a queima de combustíveis fósseis está prejudicando a saúde e o bem-estar globalmente, com impactos subestimados, especialmente em países em desenvolvimento.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 02-06-2025.
Friederike Otto, cientista climático do Imperial College London e coautora do relatório, alertou que cada aumento nas emissões agrava os efeitos das ondas de calor. “A cada barril de petróleo queimado, a cada tonelada de dióxido de carbono liberada e a cada fração de grau adicional de aquecimento, as ondas de calor afetarão mais pessoas”, afirmou à RFI.
A análise, que antecipou o Dia Mundial de Ação contra o Calor (2/6), focou no período entre maio de 2024 e maio de 2025, definindo “dias de calor extremo” como aqueles com temperaturas acima de 90% das registradas entre 1991 e 2020. Os resultados mostraram que cerca de 4 bilhões de pessoas – 49% da população mundial – vivenciaram pelo menos 30 dias a mais de calor extremo do que em um cenário sem aquecimento global. Aruba foi a região mais afetada, com 187 dias de calor extremo, 45 a mais do que o esperado.
O estudo também destacou que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com temperaturas ultrapassando 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, limite estabelecido pelo Acordo de Paris. Além disso, os autores apontaram a falta de dados sobre os impactos do calor em regiões pobres, onde mortes são frequentemente atribuídas erroneamente a outras causas. Eles defendem medidas como sistemas de alerta precoce, melhorias urbanas e a redução do uso de combustíveis fósseis para mitigar os efeitos do calor extremo.
De acordo com a Al Jazeera, as pessoas estão percebendo que as temperaturas estão ficando mais quentes, mas não associam isso às mudanças climáticas. “Precisamos ampliar rapidamente nossas respostas ao calor, com melhores sistemas de alerta precoce, planos de ação contra o calor e planejamento de longo prazo para o calor em áreas urbanas, a fim de enfrentar o desafio crescente”, disse Roop Singh, chefe de áreas urbanas e atribuição no Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em comunicado da World Weather Attribution.
“As pessoas não caem mortas na rua durante uma onda de calor… elas morrem em hospitais ou em casas mal isoladas e, por isso, simplesmente não são vistas”, disse Otto, citada pela ABC News.
Folha, UOL Ecoa, Business Green, entre outros, repercutiram os estudos sobre o aumento da incidência de ondas de calor.
O Japão implementou uma nova legislação trabalhista, em vigor desde o dia 1º de junho, que multa empregadores em até 500 mil ienes (US$ 3.475) caso não adotem medidas adequadas para proteger funcionários do calor extremo, após registrar 30 mortes e 1.200 lesões relacionadas a esses eventos em 2023. A lei exige protocolos como monitoramento do Índice de Bulbo Úmido (WBGT, na sigla em Inglês), sistemas de parceria entre colegas, uso de dispositivos vestíveis para detectar insolação e transporte de emergência, com ações obrigatórias quando o WBGT ultrapassa 28°C. Empresas como a construtora Shimizu Corp. e a transportadora Yamato já adaptaram suas políticas, incluindo pausas programadas e coletes ventilados, visando reduzir riscos em setores como construção e logística. As informações são da Bloomberg.