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“História do paraíso”: jardim ou pomar? Artigo de Armindo dos Santos Vaz

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31 Mai 2025

"No reservatório inesgotável da sabedoria popular que guarda concepções ancestrais partilhadas pelas mitologias do passado e teimosamente sobreviventes nas relações humanas do presente consta a chamada 'história do paraíso' bíblico".

O artigo é de Armindo dos Santos Vaz, publicado por 7Margens, 23-05-2025.

A propósito dos 10 anos da Laudato si’, do Papa Francisco, e dos 800 anos do Cântico das Criaturas, de Francisco de Assis, o 7MARGENS pediu a várias pessoas uma reflexão sobre o tema do jardim, enquanto tradução de uma relação entre a pessoa e a natureza, e enquanto espaço de confluência entre cultura e natureza, arte e ciência. 

Neste primeiro texto, o biblista Armindo Vaz desmonta e explica o conceito bíblico do jardim do ‛ēden. Neste sábado, 24, dia em que passam dez anos sobre a assinatura da encíclica pelo Papa Francisco, assinala-se aliás o Dia Europeu dos Parques e no domingo, 25, o Dia Nacional dos Jardins (instituído em homenagem ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles), datas que são pretexto para o Festival Jardins Abertos, que inclui visitas guiadas, oficinas e conversas gratuitas em vários parques e jardins do país.

Daqui até pelo menos 18 de Junho, data em que a encíclica foi apresentada publicamente, divulgaremos mais alguns textos sobre o tema, também na perspectiva do cuidado com a criação, tópico central desse documento fundamental do pensamento social católico contemporâneo.

Eis o artigo.

Hieronymus Bosch, "O Jardim das Delícias Terrestres" | Imagem: Domínio público, via Wikimedia Commons

No reservatório inesgotável da sabedoria popular que guarda concepções ancestrais partilhadas pelas mitologias do passado e teimosamente sobreviventes nas relações humanas do presente consta a chamada “história do paraíso” bíblico. Também é conhecida como “história de Adão e Eva” e está no livro bíblico do Gênesis, capítulos 2-3. Gênesis 2,8 conta que "Deus, o Senhor, plantou um gan-be‛ēden a Oriente e colocou lá o homem que tinha formado". Esta expressão hebraica costuma ser traduzida como "um jardim em Éden". Mas, quando a submetemos a uma análise literária mais apurada, o contexto próximo recusa o entendimento por jardim, que em português remete para um espaço aprazível, com plantas de adorno e flores que embelezam o terreno atapetado de verdura repousante.

Sendo certo que a palavra hebraica gan também significa jardim, aqui o contexto sugere que se trata de um terreno cultivável, com "toda a espécie de árvores agradáveis à vista e boas para (produzir de) comer", lugar de trabalho e de produção do sustento do homem primordial acabado de criar: "Deus, o Senhor, tomou o homem e estabeleceu-o no gan-‛ēden para trabalhar e guardar" (Gênesis 2,15). É um horto ou horta de verduras, mais pomar do que jardim, campo produtor de hortícolas e frutícolas, sentido que também tem na Bíblia. Corresponde ao Garten alemão, à orchard inglesa, ao jardin potager francês.

Quanto ao ‛ēden, a ligação etimológica ao edinu acádico (língua semítica como o hebraico) conduz-nos à compreensão de ambas as palavras, da mesma raiz, como “planície [fértil, abundantemente irrigada]”, substantivo comum e não topónimo Éden. Pelo contexto da abundância de água em Gênesis 2,8-15 (um rio que se divide em quatro rios), o pomar é imaginado numa “planície fértil e irrigável”. A célebre epopeia acádica de Gilgameš projeta mais luz sobre o contexto bíblico: como o homem primitivo Enkidu criado pela divindade é logo colocado na edinu, onde convive com os animais, assim o homem primordial bíblico formado por Deus é "colocado numa ‛ēden" e acompanhado de animais. A compreensão de ‛ēden como “planície fértil” ou como várzea dá bom sentido aos bastantes contextos bíblicos onde sai essa palavra hebraica.

Livro básico para este tema: Criação divina sem pecado humano; Paulinas; Prior Velho 2024, 2ª edição.

O relato não contém, portanto, a difundida ideia de um “jardim de delícias paradisíacas” ou de um “paraíso de delícias”. Essa ideia tampouco está presente nas traduções mais antigas, grega e latina, que mantêm o significado de horto ameno, pomar verdejante. Mesmo quando as traduções latinas usam paradisus como correspondente a horto, não estão a traduzir; transliteram o grego paradeisos, que tem exatamente o conteúdo de horto, usado noutros códices da mais antiga tradução latina: hortus. Se algumas interpretações posteriores deram a paradisus o sentido de jardim, o seu significado primeiro era o de horto, pequena quinta. São Jerónimo traduziu a expressão hebraica por paradisus voluptatis, horto aprazível, horto que dá contentamento.

Por que um pomar numa várzea?

Qual foi a intenção de introduzir um “pomar numa várzea” na narração de Gênesis 2-3? Ele aparece num mito de origem. Os mitos de origem não são mentira, como se costuma pensar numa equação simplista! Contam uma história imaginada, com o fim de integrar e sublimar vários aspectos da vida humana, dando-lhes sentido transcendente. É por isso que os atribuem a um ato criador da divindade. Têm sempre em vista a fundamentação e a legitimação das relações, costumes e práticas que regulam a vida humana; e cumprem essa fundamentação relacionando a vida com o sagrado, fundo último em que tudo cobra sentido. O “pomar numa várzea” foi concebido mítica e simbolicamente como lugar normal de trabalho agrícola fácil para o homem primordial, sua fonte de nutrição e ambiente onde desenvolve a sua vida, tendo em vista o sentido antropológico e religioso que o narrador queria dar ao trabalho penoso do homem: para isso, imaginou esta situação primordial (mítica) harmoniosa, onde o trabalho decorre agradavelmente, para, depois da transgressão, pôr Deus a penalizá-lo expulsando-o de lá «para cultivar o solo arável… com o suor do teu rosto» (Gênesis 3,19.23-24).

O tema “pomar da várzea”, portanto, é funcional: está ao serviço da sublimação e do sentido último do trabalho custoso, visto em Deus (que, por isso, é posto a atribuir o trabalho ao homem). O ambiente ameno visa narrativamente obter uma situação em contraste com a dureza do trabalho humano que a narração inteira queria ‘explicar’ miticamente aos leitores contemporâneos em forma de punição divina, aplicada por causa da quebra da situação harmoniosa ‘anterior’. Para sublimar a realidade do penoso trabalho humano prestava-se mais o sentido de ‛ēden como substantivo comum do que como topónimo Éden.

A derivação do tópico “pomar da várzea” para a ideia de um paraíso de delícias e a associação de um ao outro podem ter sido preparadas pela força simbólica das duas palavras hebraicas. Devido à presença de duas árvores maravilhosas no centro do “pomar da várzea” de Gênesis 2-3 – a “árvore da vida” e “a árvore do conhecimento do bem e do mal” –, outros lugares foram sendo idealizados também com árvores, num movimento de mútua inspiração e impregnação. O relacionamento desses lugares com o “pomar da várzea” de Gênesis 2-3 foi aumentando sobretudo nos livros apócrifos judaicos, a partir do século II a.C. Foram eles que transformaram o “pomar da várzea” de Gênesis 2-3 (lugar transitório, simbólico, de trabalho do homem primordial) no “Éden” ou “jardim de delícias” e de felicidade espiritual definitiva, transferido, com o tempo, para o estado de vida depois da morte, igualmente simbólico, "onde habitam os eleitos e os justos" (apócrifo 1Henoc 60,8). “O lugar de descanso” do ser humano depois da morte é chamado paradisus jucunditatis, “o paraíso de delícias” (assim no apócrifo 4Esdras 7,36 no texto latino conservado). "Os santos refrescar-se-ão no Éden" (apócrifo Testamento de Daniel 5,12). Aliás, esta felicidade paradisíaca dos livros apócrifos identifica-se com o tópico mítico do “jardim dos deuses” na mitologia mesopotâmica, sendo mais conhecido o imaginado pela epopeia de Gilgameš.

Dos apócrifos ao Novo Testamento

Giovanni di Paolo (1398-1482), A criação do mundo e a expulsão do paraíso (1445); têmpera e ouro sobre madeira; Coleção Robert Lehman/MET.

Dos livros apócrifos, esta concepção de um paraíso já espiritualizado como habitação de Deus e do justo glorificado passou espontaneamente para o Novo Testamento. Jesus crucificado assegura ao bom ladrão: "Hoje estarás comigo no paraíso/paradeiso" (Lucas 23,43; ver 2Coríntios 12,2.4; Apocalipse 2,7).

Os primeiros Padres da Igreja e escritores eclesiásticos gregos e latinos dão ampla continuidade a esta espiritualização dos símbolos originais de Gênesis 2-3 (nomeadamente o de ‛ēden para “delícias” em sentido espiritual). Esta espiritualidade, longamente meditada, foi adoptada pela exegese bíblica moderna, que já não a abandonou mais. Foi fundindo e confundindo duas realidades distintas que estavam em textos bem diferentes: transferiu o “paraíso celeste” dos livros apócrifos para a leitura e análise do relato de Gênesis 2-3, onde passou a ver/ler como “paraíso terreal”, supondo que estes versículos do Gênesis o descreveriam; mas dele não se fala lá.

Por intermédio da Vulgata latina, paraíso, já espiritualizado pelo conteúdo religioso que se injetou nessa palavra em si profana, divulgou-se nas línguas ocidentais com o sentido de ‘estado de felicidade depois da morte’. Essa evolução semântica resultava duma contaminação da cultura de São Jerônimo com lugares amenos de escritores clássicos latinos, que ele fundiu com “tópicos” espirituais bíblicos. Aliás, as representações judaico-cristãs de um “paraíso” bem cedo se tinham fundido com representações de jardins de felicidade ideal na mitologia clássica, especialmente greco-romana, numa amálgama que foi suscitando, cada vez mais intricadamente, sucessivas fusões de temas parecidos de ambas as tradições, que se manterão numa longa sequência de escritos medievais e posteriormente. O da “maçã”, o da Idade de Ouro e o do Jardim do Éden são só alguns dos mais populares. O livro de Jean Delumeau, Uma história do paraíso: o jardim das delícias (Terramar; Lisboa 1994), ilustra alargadamente os estratos desta tradição. E remata: "A teologia dramática da cristandade ocidental só se explica por uma avaliação exagerada hiperbólica das belezas do jardim do Éden" (p. 302).

Concluindo. Esta desconstrução faz parte da necessária interpretação nova e inovadora, contextualizada, de toda essa narração de criação, com a metodologia recomendada pelo magistério da Igreja. Ao perceber que ela é um mito de origem que quer dar sentido ao trabalho e à vida humanos, a sua interpretação tradicional que nela vê um jardim ou um paraíso supera-se facilmente. Vendo como o símbolo de um jardim de delícias nasceu e se introduziu na interpretação de Gênesis 2-3, a teologia cristã, a espiritualidade, a catequese e a pastoral podem e devem continuar a falar do paraíso, sim, mas do paraíso celeste, pois é desse e só desse que os apócrifos e a tradição bíblica (no Novo Testamento) falam como símbolo da felicidade definitiva e sem fim no reino de Deus. Um "paraíso terreal" não existe: não é de revelação bíblica, foi inventado por uma interpretação descontextualizada.

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