16 Mai 2025
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), aprovou na 4ª feira (14/5) uma deliberação que recomenda antecipar a operação de termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Segundo o governo, o objetivo é “reforçar a segurança” do sistema elétrico. O resultado final já sabemos: contas de luz mais caras e mais emissões de gases de efeito estufa.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 15-05-2025.
A medida vai antecipar o início do suprimento de energia de 10 usinas que foram contratadas no leilão de reserva de capacidade de 2021. Essas termelétricas vão entrar em operação a partir de agosto, antecipando em um ano o início da vigência de seus contratos, que ocorreria em julho de 2026, informaram O Globo, Megawhat, Agência Infra, eixos e Economia em Pauta.
As térmicas são movidas a gás fóssil, óleo diesel e óleo combustível, e somam 2,2 mil megawatts (MW) de capacidade. Com a decisão, poderão ser antecipados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) os contratos das usinas Parnaíba IV (56 MW), Potiguar (48 MW), Potiguar III (51 MW), Global I (136 MW), Global II (136 MW), Viana (174 MW), Geramar I (165 MW), Geramar II (165 MW), Termorio (1 mil MW) e Ibirité (226 MW).
Enquanto o consumidor chora pagando por uma energia mais suja e cara, os donos das termelétricas comemoram. A Eneva acredita que a medida trará benefícios para seus resultados financeiros no 2º semestre, com a antecipação dos contratos de Geramar, Viana e Parnaíba 4, gerando ao todo R$ 35 milhões por mês de receita fixa, detalhou o site Investing.com.
O CMSE também tratou da situação do subsistema Sul, uma das quatro grandes áreas que formam o Sistema Interligado Nacional (SIN). O diagnóstico é que o nível de armazenamento de água pelo subsistema é inferior aos demais [Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste] que compõem o SIN.
Para resolver o problema, o comitê recomendou que o Operador Nacional do Sistema (ONS) tome medidas para reduzir o nível de vazão das hidrelétricas da região Sul. O ONS também deve maximizar as ações de transferência de energia de outros sistemas para o subsistema Sul.
Um estudo encomendado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) à Envol Energy Consulting mostra que a troca de geradores a diesel por painéis solares em sistemas isolados (SISOL) da Amazônia pode reduzir o custo de energia em até 44%. Enquanto 87% da geração elétrica é renovável no SIN, nos sistemas isolados esse percentual é de apenas 12%, destacou a Folha. Os combustíveis fósseis usados para produzir eletricidade no SISOL são bancados por toda a população brasileira, que pagam nas contas de luz a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). De 2018 a 2024, a CCC cresceu 49%, chegando a R$ 11,7 bilhões no ano passado.