16 Mai 2025
O único hospital oncológico da Faixa de Gaza ficou inutilizável. Na Cisjordânia, uma mulher israelense grávida é mortalmente ferida por um miliciano e uma luta está em andamento para salvar seu bebê recém-nascido. Ministro de extrema-direita Smotrich: “Vamos arrasar lá também”.
A informação é publicada por La Repubblica, 15-05-2025.
Vários ataques aéreos israelenses atingiram a cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, na noite de quinta-feira, matando mais de 100 pessoas na segunda noite consecutiva de bombardeios pesados.
Os ataques ocorrem no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, está no Oriente Médio, onde está visitando os estados do Golfo, mas não Israel. Havia uma esperança generalizada de que a visita regional de Trump pudesse levar a um acordo de cessar-fogo ou à renovação da ajuda humanitária a Gaza. O bloqueio israelense ao território está agora em seu terceiro mês.
A Civil Defense worker recounts the horrific massacre against the Al-Zainati family after Israeli warplanes targeted their home, burying the entire family under the rubble in Jabalia refugee camp in northern Gaza at midnight. pic.twitter.com/REeqtZc0tP
— Quds News Network (@QudsNen) May 16, 2025
Um cinegrafista da Associated Press em Khan Younis contou 10 ataques aéreos na cidade na quarta-feira à noite e viu vários corpos sendo levados para o necrotério do Hospital Nasser da cidade. Alguns corpos chegaram em pedaços, com alguns sacos mortuários contendo os restos mortais de várias pessoas.
Os militares israelenses não fizeram comentários imediatos sobre os ataques.
Esta é a segunda noite de bombardeios pesados, depois que ataques aéreos na quarta-feira no norte e no sul da Faixa de Gaza mataram pelo menos 70 pessoas, incluindo 20 crianças.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu indicou no início desta semana que a guerra de Israel na Faixa de Gaza se intensificaria em busca de seu objetivo de destruir o grupo militante Hamas, que governa Gaza. O gabinete de Netanyahu disse que as forças israelenses estavam a dias de entrar em Gaza "com grande força para completar a missão... Isso significa destruir o Hamas".
O grupo internacional de direitos humanos Human Rights Watch disse hoje que o plano declarado de Israel de tomar Gaza e deslocar centenas de milhares de pessoas "está cada vez mais perto do extermínio" e pediu à comunidade internacional que o denuncie.
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) May 16, 2025
A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas mataram 1.200 pessoas em uma invasão ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. A ofensiva de retaliação de Israel matou quase 53.000 palestinos, muitos deles mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que não informou quantos eram combatentes. Quase 3.000 pessoas foram mortas desde que Israel violou o cessar-fogo em 18 de março, disse o ministério.
O Hamas ainda mantém 58 dos aproximadamente 250 reféns feitos durante o ataque de 7 de outubro contra Israel, e acredita-se que 23 estejam vivos, embora as autoridades israelenses tenham expressado preocupação com a situação de três deles.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que o bombardeio israelense deixou o Hospital Europeu em Khan Younis, a única unidade restante que oferece tratamento de câncer em Gaza, inutilizável devido a graves danos à sua infraestrutura e estradas de acesso. O fechamento interrompe todos os tratamentos especializados, incluindo cirurgia cardíaca e tratamento do câncer, acrescentou o ministério.
O exército israelense realizou dois ataques aéreos no Hospital Europeu na terça-feira, dizendo que tinham como alvo um centro de comando do Hamas localizado abaixo da instalação. Seis pessoas morreram no ataque. O diretor do Hospital Europeu, Imad al-Hout, disse à AP que havia 200 pacientes lá no momento do atentado de terça-feira. Todos foram gradualmente evacuados, com os últimos 90 transferidos para outros hospitais, incluindo o Hospital Nasser em Khan Younis, na manhã de quarta-feira. As operações estão em andamento para coordenar os reparos nas instalações, ele acrescentou.
A ofensiva israelense destruiu vastas áreas da paisagem urbana de Gaza e forçou 90% da população a se mudar, muitas vezes várias vezes. Em 2 de março, o estado judeu bloqueou toda a ajuda, incluindo alimentos e medicamentos, para o território, e especialistas internacionais em segurança alimentar alertaram que Gaza mergulhará na fome a menos que Israel levante o bloqueio e interrompa sua campanha militar. Quase meio milhão de palestinos correm o risco de morrer de fome, enquanto outro milhão mal consegue se alimentar, de acordo com a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar, uma importante autoridade internacional no assunto.
At least 250 Palestinians have been killed over the past 36 hours in Israeli attacks across the Gaza Strip, the Palestinian Health Ministry said, amid an intense bombardment across the Palestinian enclave.
— Quds News Network (@QudsNen) May 16, 2025
Israeli reports described the attacks as a prelude to expanding military… pic.twitter.com/wHqeVIOND6
Na Cisjordânia, um miliciano palestino atirou e matou uma mulher israelense grávida de nove meses quando ela estava a caminho do parto. Os médicos conseguiram salvar a criança, cujo estado é grave, mas estável. O governo israelense comentou que esses são os tipos de ataques que está tentando “prevenir com a repressão em andamento na Cisjordânia”. A escalada da repressão nos territórios ocupados já dura meses, mas não conseguiu conter os ataques.
O governo israelense – relata a Al Jazeera, que marca o 77º aniversário da Nakba, a expulsão forçada de centenas de milhares de palestinos em 1948 – parece estar preparando o terreno para uma escalada na Cisjordânia ocupada: o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, uma figura-chave na coalizão de extrema direita de Israel, apelou abertamente às forças militares para destruir cidades e vilas palestinas na Cisjordânia, ecoando a destruição testemunhada em Gaza. “Assim como estamos arrasando Rafah, Khan Younis e Gaza, devemos arrasar os centros do terrorismo”, disse Smotrich, referindo-se especificamente à vila palestina de Bruqin, onde um colono israelense foi morto na noite de quarta-feira.