15 Mai 2025
Palco de violência há décadas, a guerra civil na República Democrática do Congo (RDC) teve um recrudescimento a partir de 2022, quando rebeldes do M23 passaram a enfrentar as forças armadas e os Wazalendo, grupos de autodefesa civil, ocupando uma grande área em Kivu do Norte, que faz fronteira com Ruanda e Uganda.
A informação é de Edelberto Behs.
“Vivemos no terror, as pessoas não querem falar, pois isso significa arriscar suas vidas”, reportou o presidente da Igreja de Cristo da RDC para a província de Kivu do Sul, pastor Dr. Levi Ngangura Manyanya, em entrevista para o portal ProtestInfo, da igreja suíça.
Apesar de as partes em conflito assumirem o compromisso de um cessar-fogo, em 23 de abril, as atrocidades continuam: estupros, saques, recrutamento forçado de jovens e massacre de civis. Também ocorreram assassinatos seletivos de líderes de opinião, como artistas, músicos, líderes de aldeias ou de bairros, explosivos em paróquias.
As igrejas protestante e católica, informou Levi, buscam uma saída pacífica e soluções de curto, médio e longo prazo para o fim do conflito. “Este é um imenso trabalho em andamento e está apenas começando”.
Os percalços são muitos e passa pela exploração de minérios no rico solo da RDC. A guerra, explicou o líder protestante, “está sendo alimentada por aqueles que lucram economicamente com esse caos. É o peso econômico desta guerra que impede a comunidade internacional de tomar posições firmes e justas”, denunciou.
Kinshasa cortou relações com a vizinha Ruanda, uma vez que militares ruandeses estão em território da RDC para roubar minerais e apoiar os rebeldes do M23, com o propósito de derrubar o governo do país.
Levi expressou um “grito e um chamado patético” para que a guerra seja interrompida, sem mais delongas. “As perdas já são enormes, já é demais”, lamentou.