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06 Julho 2024
"Este livro é uma adição crítica à discussão em curso sobre o futuro da Igreja Católica. É leitura essencial para acadêmicos, clérigos e leigos que estão lidando com essas questões e oferece um caminho a seguir que respeita a herança da Igreja enquanto também acolhe seu futuro", escreve Andrew Likoudis, em artigo publicado por Where Peter Is, 03-07-2024.
Andrew Likoudis é católico, empreendedor e estudante de administração de empresas na Towson University. Ele foi premiado com bolsas de estudos pela Johns Hopkins University e pelo programa Goldman Sachs 10,000 Small Businesses em 2022, e é o representante de Jovens Adultos da Arquidiocese de Baltimore. Ele também é membro da International Marian Association e membro associado da Fellowship of Catholic Scholars e da Society for Catholic Liturgy. Ele gosta de estudar a interseção entre fé e cultura e já editou três obras sobre eclesiologia católica e o papado.
O livro de Andrew Mioni, intitulado Altar contra Altar: uma análise do tradicionalismo católico, é convincente e poderoso, e é precisamente o que a Igreja precisa nestes tempos perigosos, quando prelados estão em aberta rebelião contra o Papa Francisco, incluindo Dom Carlo Maria Viganò, que nega a legitimidade do papa e está à beira da excomunhão formal, e Dom Athanasius Schneider, que está convocando resistência às decisões do papa de restringir o uso do Missal de 1962. Schneider até alega — em clara oposição às declarações de Pastor Aeternus, Mediator Dei, e até mesmo do Concílio de Trento — que o Papa não tem autoridade para encerrar o uso da forma mais antiga do rito romano.
Andrew Mioni, Altar contra Altar: Uma Análise do Tradicionalismo Católico, En Route Books and Media, 2024.
Andrew Mioni conhece bem seu assunto. Ele cresceu entre tradicionalistas durante seu envolvimento com quatro diferentes grupos. Ele foi criado na Sociedade de São João (SSJ) e na Fraternidade Sacerdotal São Pedro (FSSP), frequentou uma escola secundária administrada pela Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX) e, quando adulto jovem, assistiu à Missa com o Instituto de Cristo Rei Soberano Sacerdote (ICKSP).
Baseando-se em anos de estudo e experiência pessoal, o livro de Mioni é um guia indispensável para qualquer pessoa que deseja entender as complexidades da crise na Igreja Católica, especialmente os fatores que contribuíram para o surgimento do tradicionalismo e os desafios apresentados pelos grupos e indivíduos influenciados por essa ideologia nociva.
Mioni navega pelas águas tumultuadas da história recente da Igreja (aproximadamente nos últimos dois séculos), com um olhar analítico aguçado e uma notável amplitude de visão. Ele explica os fatores que levaram à decisão de convocar o Concílio Vaticano II, bem como os movimentos sociológicos e culturais (ateísmo, amor livre, comunismo) que contribuíram para muitas das polêmicas surgidas posteriormente. Mioni discute os fatores que levaram a muitos desses conflitos, incluindo condicionamento cultural, interpretação equivocada dos documentos conciliares e — em muitos casos — implementação desigual. Fatores como esses levaram à resistência ao Concílio em alguns setores, mas Mioni também descreve como essa resistência geralmente envolvia um paradigma teológico falho e a-histórico.
O foco do livro é uma resposta aos argumentos dos tradicionalistas independentes, como a FSSPX e os sedevacantistas, com Mioni explicando que ele acredita que não é necessário adicionar qualificadores ao termo "católico".
Uma força do livro é sua resposta ao argumento de "estado de necessidade" empregado pela FSSPX e grupos semelhantes para justificar suas ações e status dentro da Igreja. Mioni analisa essa teoria avaliando criticamente a validade de suas alegações teológicas, canônicas e sociológicas. Ele também explora as implicações para os grupos que determinam que a situação atual lhes confere "jurisdição suprida", permitindo-lhes operar sem a autoridade do papa e do bispo diocesano. A perspectiva de Mioni equilibra fidelidade doutrinária com preocupações pastorais.
Mioni depois se aprofunda nos fenômenos resultantes, como autoridades eclesiais conflitantes, altares rivais e tribunais de casamento rivais. Com esses exemplos, Mioni ilustra os efeitos divisivos que a recusa de submissão ao papa (uma submissão necessária não apenas em palavras, mas também em ações) tem sobre a unidade substancial da Igreja.
Mostra como a fragmentação e o isolamento dos autoproclamados “católicos tradicionais” escandalizam o mundo e enfraquecem nossa missão evangelizadora e a eficácia de nossos esforços para enfrentar os desafios colocados pela modernidade secular. A análise de Mioni sobre essas questões é tanto minuciosa quanto empática, reconhecendo a dor e a confusão vivenciadas por muitos na Igreja, ao mesmo tempo que critica a mentalidade de círculo fechado que frequentemente caracteriza os enclaves tradicionalistas, e ele faz isso a partir de uma experiência dentro desses círculos.
O autor faz a incisiva pergunta: Quando a crise termina? Se os cismáticos se recusarem a deferir à estrutura hierárquica da Igreja — especialmente ao papa — podem eles chegar a um acordo que não seja simplesmente um julgamento privado envolto em uma pseudojustificação de emergência? Sobre essa questão, Mioni descreve possíveis caminhos para a resolução, defendendo uma renovada adesão à "Nova Primavera" visionada pelo Concílio Vaticano II e implorando aos tradicionalistas que parem de contribuir para a crise de autoridade e funcionalidade sobre a fé que tem prejudicado essa renovação tão necessária. Ele sugere que o caminho a seguir envolve uma abordagem conciliatória que aprecia a rica herança das tradições litúrgicas e teológicas da Igreja. Essa abordagem exige abertura ao desenvolvimento e renovação legítimos — caso contrário, os tradicionalistas estão simplesmente abraçando os mesmos erros eclesiológicos que caracterizam a posição ortodoxa oriental, pós-cisma.
Este livro é uma adição crítica à discussão em curso sobre o futuro da Igreja Católica. É leitura essencial para acadêmicos, clérigos e leigos que estão lidando com essas questões e oferece um caminho a seguir que respeita a herança da Igreja enquanto também acolhe seu futuro.
Em uma atmosfera eclesial onde católicos conservadores muitas vezes hesitam em criticar o tradicionalismo devido a uma política de "não inimigos à direita", o livro de Andrew Mioni, Altar contra altar, emerge como uma contribuição ousada e construtiva. Sua obra ilumina os perigos eclesiológicos e o perigo muito presente de cisma em círculos tradicionalistas.
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