13 Julho 2023
"Com o anúncio de ontem de um consistório para indicar 21 novos cardeais, Francisco preparou a composição do conclave que provavelmente elegerá seu sucessor. E, ao dar o título apenas para homens, acabou com qualquer hipótese de abrir para as mulheres aquele 'colégio' exclusivo".
O comentário é de Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 13-07-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Com as novas nomeações, que entrarão em vigor em 30 de setembro, o plenário dos cardeais eleitores (ou seja, com menos de 80 anos de idade; uma vez atingido esse limite, perde-se o direito de voto) supera em cerca de quinze o limite máximo estabelecido por Paulo VI: cento e vinte. Indiretamente (mas nada é certo) Bergoglio indica uma perspectiva – de 150 eleitores – que canonicamente poderia ser fixada por seu sucessor.
Como para outras nomeações cardinalícias de Francisco, esta também vê prelados representantes de todos os continentes e o reitor-mor dos salesianos. Mas se veem países "premiados" e países "ignorados". Entre os primeiros, três argentinos (um, porém, com mais de oitenta anos); e entre os segundos, a Alemanha que, desta vez, não vê nenhum novo cardeal. Um sinal claro de que Bergoglio está muito descontente com o episcopado alemão. Que, ao permitir que o Synodaler Weg (o Caminho Sinodal) propusesse reformas incisivas à Santa Sé (como o celibato opcional para os presbíteros latinos, a admissão das mulheres ao diaconato e ao sacerdócio, a bênção a casais LGBT+), irritou muito vários ambientes da Cúria Romana, e talvez até o próprio pontífice.
Entre os futuros novos cardeais podemos destacar dom Stephen Chow Sau-Yan, bispo de Hong Kong, precioso para a diplomacia vaticana em sua busca de diálogo com Pequim; e o franciscano Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém. Com esta promoção torna-se uma das personalidades mais interessantes do sagrado colégio: é italiano, nascido em 1965, e com uma experiência muito particular da situação das igrejas no Médio Oriente, e da duríssima busca pela paz entre israelenses e palestinos.
Os 21 promovidos assumirão o cargo quatro dias antes do início do Sínodo dos Bispos que, em outubro, também terá que abordar as controversas polêmicas em parte antecipadas pelo Synodaler Weg. Mas a ausência, entre as novas nomeações, de mulheres cardeais descortina uma problemática que, hoje, é difícil ocultar. De fato, mesmo sem ser admitidas às "ordens superiores" (presbiterado e episcopado), mulheres, em teoria, poderiam de fato ser cardeais. Durante séculos foram nomeados cardeais diáconos (como o Mons. Antonelli, secretário de Estado de Pio IX). E nada impede de voltar a essa norma.
No entanto, apesar das muitas propostas feitas nos últimos anos e não apenas de mulheres, para ver inserido o mundo feminino católico onde as grandes decisões são tomadas, como a eleição do Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica, por enquanto a metade do bilhão e trezentos milhões de fiéis não está representada. Uma gritante anomalia.
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Novos cardeais e problemas não resolvidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU