24 Novembro 2022
Eu havia prometido ao grande professor Gilberto Corbellini que não assistiria à Copa do Mundo, um pequeno boicote pessoal aos negócios da teocracia do Catar, mas não resisti e estou feliz com isso: feliz por ter refletido, como Maurizio Crippa no Foglio, sobre o descuido com que passamos por cima da Copa do Mundo da Rússia quatro anos atrás ou das Olimpíadas na China em 2008, com que todos os anos passamos por cima das corridas de Fórmula 1 no Bahrein ou na Arábia Saudita, ou do Atletismo de 2019 também no Catar, dos nossos times de futebol com a camiseta patrocinada pela Fly Emirates ou pela Qatar Airways.
O comentário é do jornalista e escritor italiano Mattia Feltri, publicado em La Stampa, 23-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas teria sido um motivo falho: há sempre uma primeira vez, em que a gente acorda e diz basta. Mas eu me perguntei se a fama do Catar ganharia ou perderia por ter todos os olhos sobre ele, e acho que está perdendo, e eu queria justamente ver o que os jogadores de futebol do Irã fariam, enquanto o exército em sua casa atira nas garotas armadas apenas com o desejo irreprimível de se vestir e amar como quiserem, e cantar e dançar quando tiverem vontade, ou seja, ser garotas.
Fiquei emocionado ao ver jogadores de futebol vestidos de luto e depois se recusando a cantar o hino em solidariedade ao seu povo. Isso não foi muito bem aceito em Teerã ("traidores sem honra") e agora estão de olho neles para a partida de terça-feira contra os odiados Estados Unidos. Renovarão sua coragem ou não? Mas, enquanto isso, nos setenta dias desde o assassinato de Mahsa Amini pela Polícia Moral, aqui nunca havia se falado tanto de Irã. Só por isso já valeu a pena.
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