Calor extremo: “estamos um mês adiantados”

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06 Julho 2022

 

Cem metros em dois anos. Este é o saldo negativo da frente da geleira da Marmolada. Em 2020, o Comitê Glaciológico Italiano (CGI) tinha subido nos locais da tragédia no domingo para uma das etapas da Caravana das Geleiras da Legambiente. Estava presente também Marco Giardino, vice-presidente do CGI e professor de Geografia Física e Geomorfologia da Universidade de Turim. “Tínhamos documentado a regressão desta geleira de declive, com uma inclinação de 25 graus, que em menos de um século viu sua superfície encolher 70% e seu volume 86%. Uma condição que se acelerou nos últimos anos. Subindo em direção à frente notamos fenômenos de instabilidade, mas a observação das fendas não indicava nenhum perigo específico. Um aspecto que, por outro lado, teria aparecido nos últimos dias, como a quantidade de água que saía da frente. Trata-se de informações que devem ser coletadas para entender como se comportar.”

 

A reportagem é de Mauro Ravarino, publicada por il manifesto, 05-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

De fato, é necessária uma gestão consciente do território e uma monitorização contínua. “Existem muitos glaciares e por isso é impensável monitorizá-los todos instrumentalmente. Escolhas precisam ser feitas, com foco naqueles conhecidos por seus riscos ou fragilidades e em áreas muito frequentadas. E incentivar amplamente a observação de corpos glaciais por especialistas capazes de identificar os sinais de alerta”, explica Marta Chiarle, especialista em riscos glaciais, pesquisadora do Cnr-Irpi e coordenadora do CGI de campanhas glaciológicas no Noroeste.

 

 

Muitos processos ocorrem em profundidade, então as sondagens são úteis? "Depende - explica Chiarle - de geleiras como a da Marmolada, que chamamos de temperadas, onde se supõe que com o aumento das temperaturas circule mais água, não dariam muita informação, melhor um monitoramento dos movimentos da superfície como acontece para a geleira Planpincieux em Val Ferret, com o objetivo de medir as acelerações superficiais e os riscos de colapso. É diferente para aquelas de maior altitude, as chamadas frias, como o Grande Jorasses, acima de 4 mil metros no Mont Blanc, aqui a sondagem em profundidade pode dar resultados importantes, pois supõe-se que a quantidade de água em circulação seja mínima. No entanto, estamos investigando se podem mudar seu comportamento com o aquecimento global.”

 

Um fato certo é que as mudanças climáticas podem tornar as montanhas, especialmente acima de certas altitudes, mais inseguras. “E em casos de risco pode haver ordens para interditar a passagem, com uma atenção - explica Chiarle - para as zonas mais frequentadas. No entanto, continua a ser um tema delicado, pois sempre se considerou que quem vai para as montanhas vai por sua própria conta e risco."

 

"Mais do que proibições generalizadas, seria oportuno fazer uma discussão caso a caso. Também o caso da Marmolada deve ser analisado com seriedade, para perceber em que outros locais pode acontecer”. Giardino acrescenta, reiterando a importância da monitorização e o que deve ser apoiado: “Do ponto de vista científico, conhecemos bem os parâmetros que determinam a estabilidade ou não dos glaciares. A velocidade com que o sistema climático está mudando não tem similares nos últimos 24.000 anos. Podemos verificar quais são as temperaturas, a massa, se compacta ou fraturada, e ver as condições do seu suporte, o substrato.”

 

As geleiras são bancos de água, indicadores climáticos por excelência. E estão em uma situação de grande estresse. No inverno nevou muito pouco, a crise hídrica está no auge e está afetando as reservas de gelo. “Normalmente - diz Chiarle - fazemos o balanço de massa, medindo quanta neve cai durante o inverno e depois quanta neve e quanto gelo derrete durante o verão. Em duas geleiras em que trabalho, no Noroeste, caiu um terço e um quarto da neve em relação à média e o calor chegou muito cedo, já em maio. A situação está um mês adiantada do que deveria estar. Isso significa que a neve desaparece mais cedo e o derretimento do gelo é antecipado.”

 

E assim, enfatiza Giardino, “afetamos a memória das geleiras”. A Caravana das Geleiras, agora em sua terceira edição, começará em 16 de agosto no Mont Blanc e terminará em 3 de setembro no Friuli. "Decidimos - conclui Giardino - comparar as geleiras monitoradas em 2020 com as condições atuais para documentar a velocidade dos fenômenos."

 

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