Um médico, um antropólogo, uma paixão: servir aos pobres

Foto: John Ra / Partners In Health

07 Março 2022

 

"Paul Farmer, um médico infectologista com doutorado em antropologia, professor de uma das mais renomadas e cientificamente rigorosas universidades do mundo, a Harvard, usa a teologia da libertação para fundamentar a sua ação médica junto aos pobres e para desenvolver práticas médicas e de saúde pública. Seu biógrafo, chega a dizer que Farmer é um pregador da opção pelos pobres na prática médica em todos os congressos em que fala", escreve Alexandre A. Martins, professor de bioética e ética social na Marquette University em Wisconsin, nos EUA.

 

Eis o artigo.

 

Em julho de 2016, fui para o Haiti para me juntar a uma organização que presta serviços de saúde aos pobres no planalto central haitiano. A base do trabalho dessa organização é o Hospital Escola de Mirabalais, responsável por oferecer serviços gratuitos de saúde para uma região com mais de 150 mil pessoas. Esse hospital foi construído com a liderança do médico antropólogo Paul Farmer que conseguiu reunir, em uma única força, a comunidade local, o poder público haitiano e generosas doações internacionais para construir um hospital capaz de servir com qualidade os pobres e com condições para formar profissionais de saúde locais para tratar seu próprio povo.

 

A história do Hospital Escola de Mirabalais vai muito mais longe do que sua construção; ela se confunde com a história do seu idealizador que colocou seus pés no Haiti pela primeira vez em 1983. Paul Farmer, hoje um reconhecido médico infectologista e antropólogo, professor da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, ainda antes de iniciar seus estudos médicos, foi ao Haiti para conhecer melhor esse país e servir ao seu povo. Estudou graduação em antropologia e pré-medicina (undergraduate, no sistema de educação dos Estados Unidos, que exige quatro anos de pré-medicina para poder ser aceito por uma escola de medicina) na Universidade de Duke, Carolina do Norte, onde servia voluntariamente a uma comunidade de imigrantes haitianos, juntamente com um grupo de freiras de uma linha católica libertadora. Motivado pelo tempo em que estudava sua graduação, Farmer usou o dinheiro que ganhou da universidade pelo seu desempenho para passar um ano servindo no Haiti. Lá, ele conseguiu visualizar as dores mais profundas do povo haitiano, experienciando concretamente o que já conhecia pelos livros e escutava dos imigrantes haitianos nos Estados Unidos. Desde essa primeira viagem, Farmer nunca mais deixou de lutar e servir aos pobres no Haiti.

 

 

Aceito para estudar medicina em Harvard, sua formação foi marcada por um incansável jornada de estudos e viagens para cuidar dos pobres doentes no Haiti. A paixão pelo povo pobre haitiano, assim como pelos pobres que atendia voluntariamente no porão de uma igreja católica em um bairro simples de Boston, o levaria a cruzar o mundo para prestar serviços de saúde aos doentes carentes e abandonados.

 

A paixão pelos pobres foi fortalecida quando Farmer encontrou uma vertente da sua fé católica que não conhecia, mas minimamente testemunhou, quando trabalhou com as irmãs na Carolina do Norte. Um dia Farmer escutou um bispo latino-americano pregar contra a opressão e a injustiça, afirmando a existência de um pecado institucional oprimindo e marginalizando os pobres, negando uma oportunidade para viverem com dignidade. Posteriormente, em uma viagem para tratar pacientes com tuberculose na América Latina, Farmer levou consigo o livro Teologia da Libertação do teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, onde encontrou a opção que se tornaria o lema da sua vida: a opção preferencial pelos pobres. Encantado com as análises sociais da teologia da libertação, seu compromisso com a justiça e com a apresentação da fé cristã vivida com os pobres na luta por justiça social, Farmer começou a usar elementos dessa teologia na sua prática médica, assumindo explicitamente o que ele mesmo definiu como a pragmática solidária de um médico a serviço dos pobres.

 

 

A ação de Paul Farmer entre os pobres no Haiti e em Boston cresceu e em 1987, juntamente com os amigos Jim Yong Kim, Ophelia Dahl, Todd McCormack e Tom White fundaram a organização não governamental Partners in Health com a missão de fazer e concretizar na sua prática uma opção preferencial pelos pobres na saúde. Essa organização cresceu, tornou-se referencia mundial para o tratamento de doenças infectocontagiosas, especialmente HIV/Aids e tuberculose, em países subdesenvolvidos e hoje está presente em 11 países. Partners in Health, que ainda não está presente no Brasil, mas é conhecida também como Compañeros de la Salud nos países da América Latina de língua espanhola, atua no mundo da saúde com uma visão holística e global, sendo uma das mais importantes organizações não governamentais do mundo na defesa do direito dos pobres a ter acesso a serviços de saúde de qualidade, como um direito humano, desde a atenção primária até os mais elevados frutos do desenvolvimento médico na cura e no tratamento de enfermidades.

 

Voltando ao Hospital Escola de Mirabalais, mantido, financiado e administrado pela Partners in Health, fui para lá em 2016 para servir aos pobres e conhecer a verdadeira obra de Paul Farmer. No livro Mountains Beyond Mountains (ainda não publicado no Brasil), o escritor Tracy Kidder descreve a trajetória de Farmer, desde a sua infância até quando se tornou referência mundial em saúde global e serviços médicos aos pobres. Kidder conheceu Farmer em uma viagem ao Haiti e se encantou com o seu trabalho. Farmer também é um pesquisador e um profícuo escritor. Seus livros e artigos são marcados por apresentar, com dados e fundamentos, a relação entre pobreza, justiça socioeconômica e saúde, e como a medicina pode atuar para promover a saúde dos pobres, a justiça social e defender os direitos humanos. Kidder começou a ler os livros de Farmer e, na segunda vez que o encontrou, disse: “estou conhecendo a sua obra”. Farmer respondeu: “minha obra está no Haiti”. De fato, a obra de Farmer está entre as montanhas do Haiti e nos lugares pobres em que passa, servindo aos doentes, junto com seus companheiros da saúde.

 

 

Meu primeiro encontro com Paul Farmer ocorreu como certamente a maioria das pessoas, excetuando seus pacientes, o encontram pela primeira vez: por meio das suas publicações. Em 2012, fui estudar meu doutorado em Boston e, em um curso sobre bioética e saúde global, um dos livros para ler era Patologias do Poder, de um tal Paul Farmer, de quem nunca tinha ouvido falar! O livro era enorme e estava até com um pouco de preguiça de lê-lo, mas não tinha outra opção. Quando comecei ler, encontrei frases como esta: “a noção de uma opção preferencial pelos pobres nos desafia a recriar o lema: os pobres moradores de rua merecem uma assistência à saúde melhor do que o resto de nós. Em qualquer lugar em que a medicina busque oferecer a mais fina assistência aos doentes pobres, você pode estar certo de que isso é uma opção pelos pobres em medicina”. Não parei de ler até chegar à última página. Desde o princípio, já pensava em como esse livro poderia fazer um grande bem para o debate sobre saúde pública, bioética e a atuação médica no Brasil.

 

Paul Farmer, um médico infectologista com doutorado em antropologia, professor de uma das mais renomadas e cientificamente rigorosas universidades do mundo, a Harvard, usa a teologia da libertação para fundamentar a sua ação médica junto aos pobres e para desenvolver práticas médicas e de saúde pública. Seu biógrafo, chega a dizer que Farmer é um pregador da opção pelos pobres na prática médica em todos os congressos em que fala.

 

Capa do livro "Patologias do Poder: Saúde, Direitos
Humanos e a Nova Guerra Contra os Pobres",
de Paul Farmer (Foto: Editora Paulus)

 

Coincidência ou não, depois de debater o livro Patologias do Poder em uma aula, meu professor falou que Farmer iria dar uma palestra no dia seguinte e que eu poderia tentar ir, mas não seria fácil pois suas palestras eram muito concorridas. De fato não foi fácil. Quando cheguei à porta do auditório, apenas podiam entrar as pessoas que tinham ingressos, distribuídos muito anteriormente. Falei para o segurança que precisaria entrar, mas ele disse que não poderia porque não teria lugar para mim. Insisti dizendo que tinha vindo do Brasil apenas para ver esse palestrante. O segurança ficou comovido e disse para eu entrar discretamente e sentar nas escadas entre os assentos.

A palestra foi em um tom descontraído e com muito humor. O homem, com um discurso forte e agressivo contra a injustiça social e a violência estrutural (conceito que usa inspirado na concepção de violência institucionalizada contra os pobres, desenvolvida pela teologia da libertação), adorava contar piadas e fazer o povo rir. No momento das perguntas, não me aguentei e levantei para perguntar algo. Minha pergunta foi muito simples e tinha a ver com o contexto de onde estávamos, uma universidade privada, muito cara e com esmagadora maioria de estudantes brancos. Apresentei-me como um estudante brasileiro e leitor da teologia da libertação. Minha pergunta foi: “onde estão os pobres agora, pois estamos falando de dialogar com os pobres, mas não há pobres aqui, isso não torna o discurso fraco e sem sentido?” Farmer respondeu a pergunta, mas não perdeu a oportunidade para fazer o povo rir, dizendo que tinha que ser uma pessoa vinda do Brasil para fazer uma pergunta tão provocante! Depois da palestra, uma fila enorme se formou para conseguir um autógrafo do Farmer. Não imaginava que era não tão famoso e fiquei pensando que tinha falado demais.

Enquanto saía, uma pessoa se aproximou de mim e perguntou se eu era o brasileiro da pergunta provocante. Era uma assistente do Farmer e estava me procurando porque ele gostaria de conversar comigo e queria saber se eu podia esperar terminar a sessão de autógrafos. Depois de aproximadamente duas horas, finalmente encontrei com Paul Farmer (ou apenas Polo como é chamado carinhosamente pelos seus pacientes no Haiti), marcando o início de uma grande amizade e parceria que me levaria a trabalhar com ele e os Partners in Health no Haiti, e igualmente a responsabilidade de traduzir o livro Patologias do Poder e introduzir Paul Farmer e sua obra para o público brasileiro.

Patologias do Poder é “um diálogo entre o autor e o leitor”. Assim Farmer caracterizou esse trabalho quando o encontrei no Haiti. Ele me perguntou: “Como está indo a tradução?”. Respondi: “Mais difícil do que pensava. Seu estilo é muito fácil e prazeroso de ler em inglês, mas não é fácil transmitir isso em português. E as notas de rodapé...? juntas formam um outro livro”. Farmer disse: “Veja como uma conversa, um diálogo meio informal com os leitores. E agora que você está aqui no Haiti, você pode visualizar muito das coisas que descrevo no livro. Essa experiência vai ajudá-lo a colocar mais paixão na tradução”. Ele estava certo. Traduzi as últimas páginas e revisei toda a tradução durante as noites dos meus dias no Haiti.

 

 

Embora Patologias do Poder também descreva fatos e situações em outras regiões como México, Peru e Rússia, estar junto com o povo haitiano e testemunhar o seu sofrimento como “vítimas da violência estrutural” ajudou-me a colocar mais paixão na tradução e perceber como essa obra, publicada originalmente em 2000, apresenta uma perspectiva e um modo de atuar na saúde extremamente importantes para o mundo, especialmente em áreas marcadas pela pobreza. Ademais, Patologias do Poder é uma obra urgente para o atual contexto brasileiro, no qual a saúde pública vem sendo fortemente atacada, ameaçando o direito constitucional à saúde, duramente conquistado pelo povo brasileiro.

Existe uma relação direta entre pobreza, enfermidades e indicadores de saúde populacional que não pode ser negada. As pessoas que são pobres e vivem em áreas de grande injustiça social estão muito mais vulneráveis a ficar enfermas e a morrer precocemente. Elas são vítimas de uma violência social responsável por marginalizá-las do acesso aos bens básicos para florescerem em suas vidas e da mínima assistência à saúde. Usando teses da teologia da libertação, Paul Farmer caracteriza essa realidade de injustiças e desigualdades socioeconômicas contra os pobres como resultado da violência estrutural presente no atual mundo globalizado. Como vítimas da violência estrutural, os pobres são excluídos de oportunidades socioeconômicas, como educação e saúde, o que perpétua uma estrutura de violência social e iniquidades em saúde.

 

Paul Farmer (Foto: Foto: MacLean Center | Wikimedia Commons)

 

Muitos estudos de base empírica mostram que os pobres e grupos historicamente mais vulneráveis são os mais afetados pelas iniquidades sociais e têm sua saúde fortemente ferida. Pobreza e opressão social afetam negativamente a saúde. Elas impedem que as pessoas acessem elementos básicos para satisfazer as necessidades humanas elementares, como comida, água potável e moradia. A pobreza condena os pobres a viver em áreas de riscos sociais e ecológicos, sem saneamento básico, sem acesso à educação, sem oportunidades de trabalho, vulneráveis à violência urbana e a todo tipo de doenças, especialmente as transmissíveis. Os pobres são os mais vulneráveis a ficar enfermos e, doentes, não têm acesso à assistência de saúde de qualidade ou não têm assistência alguma. Sem uma boa saúde, os pobres perdem qualquer oportunidade para melhorar suas vidas, uma vez que uma boa saúde é uma condição para o desenvolvimento.

 

 

Em outras palavras, a pobreza causa saúde precária fazendo os pobres ficarem ainda mais pobres, e isso produz uma saúde ainda mais precária. Aqui há um círculo de violência e injustiça contra pessoas que nunca tiveram uma real oportunidade para mudar as suas vidas. Um círculo de violência que não apenas faz os pobres ficarem doentes e não terem acesso a tratamentos, mas também os matam, destruindo a vida de muitas pessoas de forma precoce por causa de doenças facilmente tratáveis pela medicina moderna.

Patologias do Poder é um livro que desafia os profissionais da saúde a serem profetas da justiça na defesa da vida dos pobres e dos direitos humanos. Farmer mostra que as patologias do poder responsáveis pela violência estrutural promovem uma guerra contra os pobres para manter o status quo de uma minoria que se beneficia dessa violência. Ele conecta saúde e direitos humanos para mostrar que uma visão dos direitos humanos, a partir da ótica da saúde, mostra que a injustiça social, a falta de oportunidades econômicas e a negligência na assistência à saúde dos pobres são atentados contra os direitos humanos assim como a tortura e a falta de liberdade de expressão. Dessa forma, absorvendo todo espírito profético da teologia da libertação, Farmer crítica os profissionais da saúde, os líderes políticos e os defensores dos direitos humanos que não veem a falta de direitos sociais e econômicos como um abuso contra os direitos humanos. A saúde oferece uma visão privilegiada para perceber o impacto da negação desses direitos na vida dos pobres e dos mais vulneráveis.

Paul Farmer mostra a relação entre saúde e direitos humanos sem poupar críticas às análises em medicina social, saúde pública e bioética que não relacionam a falta de assistência à saúde com os abusos contra os direitos humanos. Mas ele vai além do estudo sociológico tradicional em saúde pública. Embora seu livro seja fortemente fundamentado com estudos epidemiológicos, antropológicos, históricos e forneça dados de base empírica, Patologias do Poder apresenta suas análises das desigualdades em saúde e dos abusos dos direitos humanos a partir da perspectiva dos pobres. Já na introdução, Farmer deixa isso claro: “a tese central desse livro é que os abusos contra os direitos humanos são mais bem entendidos, isto é, compreendidos de forma mais apropriada e real, a partir do ponto de vista dos pobres”.

A teologia da libertação dá para Farmer o que ele precisa para fundamentar sua prática médica entre os pobres e oferece instrumentos que ele utiliza para responder aos desafios no mundo da saúde em diálogo com os pobres. Farmer mostra que a opção preferencial pelos pobres direciona as ações de promoção de saúde e defesa dos direitos humanos para a realidade onde os abusos ocorrem, isto é, a realidade dos pobres. Ao mesmo tempo, essa opção convida os pobres para participarem do processo de promoção da saúde e transformação social.

Em um outro livro que escreveu com o teólogo da libertação Gustavo Gutiérrez intitulado In the Company of the Poor (“Na companhia dos pobres”, ainda não disponível em português), Farmer explicita o que aprendeu da teologia da libertação e como vive esse aprendizado na sua prática médica. Ele afirma que aprendeu de Gutiérrez uma hermenêutica da esperança, marcada por uma práxis alicerçada na solidariedade e na generosidade. Dessa forma, a opção pelos pobres se tornou o fundamento da sua práxis entre os doentes desamparados.

 

Capa do livro "In the Company of the Poor: Conversations with Dr. Paul Farmer and Fr. Gustavo Gutiérrez",
de Paul Farmer (Foto: Goodreads)

 

Farmer arrisca resumir essa opção três pontos: 1. “o real serviço aos pobres inclui entender a pobreza global”; 2. “a compreensão da pobreza deve estar relacionada com o esforço para acabar com ela”; 3. “quanto mais a ciência e a tecnologia avançam, nosso pecado social se aprofunda (...) isso aumenta nossa responsabilidade”. Estar com os pobres e escutá-los não é fácil. Essa prática é difícil e muitas vezes dolorida, mas ele diz: “enquanto pobreza e desigualdades existirem, enquanto existirem pessoas feridas, oprimidas e abandonadas, nós humanos precisaremos de acompanhamento – prático, espiritual e intelectual”.

 

 

Escutar os pobres e mostrar sua dor e voz estão no coração do método utilizado por Farmer na primeira parte de Patologias do Poder para analisar os abusos contra os direitos humanos e a desigualdade em saúde. Essa parte se fundamenta no testemunho de vítimas da violência estrutural, pessoas que Farmer encontrou, serviu e entrevistou como médico e/ou antropólogo no Haiti, no Peru, no México e na Rússia. Seu estudo se fundamenta em fatos históricos como a opressão promovida pela ditatura no Haiti, a violência estatal militar e paramilitar contra o movimento zapatista e os camponeses em Chiapas no México, e a epidemia de tuberculose nas prisões russas depois do fim da União Soviética juntamente com a destruição do seu sistema público de saúde. Farmer mostra como todos esses fatos com consequências locais, mas têm causas internacionais e interesses globais. Dentro desses fatos históricos, Farmer apresenta a voz de pessoas comuns, todas marcadas pela pobreza e opressão, que dão rosto para as consequências da violência estrutural. Os fatos históricos estão distantes de nós, pois a maioria dos eventos descritos por Farmer ocorreram na década de 1990, mas a realidade de violência estrutural contra os pobres persiste. Assim, o método de estudos e de ação propostos nessa obra são inovadores na área da saúde e mais urgentes do que nunca.

Na segunda parte do livro, Farmer retorna as principais questões levantadas na primeira e apresenta uma perspectiva analítica da sua crítica a certas maneiras convencionais de conceber os direitos humanos e analisar as suas violações. Ele mostra como os pobres são os primeiros e os mais afetados pelos abusos contra os direitos humanos e, de forma humilde, diz apenas apresentar a “perspectiva de um médico sobre os direitos humanos”, perspectiva essa extremamente desafiadora, profética e inovadora para o mundo da saúde porque é a partir do ponto de vista dos pobres.

 

 

Patologias do Poder é um livro com paixão, profecia e práticas concretas na promoção da saúde dos pobres e na defesa dos direitos humanos. É um livro de caráter interdisciplinar capaz de atingir desde os mais simples leitores até os mais intelectualizados. É um livro que desafia a prática médica, as políticas de saúde pública, as reflexões bioéticas e a própria teologia da libertação. Patologias do Poder é um convite à solidariedade pragmática para com os pobres e, juntamente com eles, agir na promoção da saúde, na defesa dos direitos humanos, incluindo os direitos sociais e econômicos, e na luta contra a violência estrutural.

 

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