Não, o Papa Francisco não cancelou uma reunião com Biden

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16 Junho 2021

 

O Papa Francisco não se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nessa terça-feira, 15 de junho. Apesar de relatos da mídia conservadora dizerem o contrário, parece que o papa não fez isso de forma planejada.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada em National Catholic Reporter, 15-06-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Biden está na Europa desde o dia 9 de junho para a sua primeira viagem ao exterior como presidente, participando de uma cúpula de líderes do G7 na Grã-Bretanha no fim de semana, antes de realizar encontros com autoridades da Otan e da União Europeia em Bruxelas, na Bélgica, de 14 a 15 de junho.

Durante a tarde do dia 15 de junho, o presidente deveria viajar a Genebra, na Suíça, para um encontro muito antecipado no dia seguinte com o presidente russo Vladimir Putin.

Segundo a Catholic News Agency, de propriedade da EWTN, Biden faria uma rápida parada em Roma para se encontrar com Francisco no caminho de Bruxelas para Genebra.

Alguns problemas imediatos com essa história: Roma não fica no caminho de Genebra (fica a cerca de 885 km mais ao sul). E não há nenhuma evidência para mostrar que tal reunião esteve alguma vez na agenda.

A CNA originalmente relatou sobre a possibilidade de um encontro Biden-Francisco no dia 3 de junho, citando fontes vaticanas não identificadas. A agência reforçou a história no dia 14 de junho, relatando em uma reportagem sem autor que o encontro ocorreria no dia 15 de junho, mas Francisco teria rejeitado os planos de celebrar uma missa com Biden, que é católico.

Mais problemas: no meio da manhã em Roma, nenhum encontro havia ocorrido. O tráfego de pedestres na Via della Conciliazione, a rua que leva ao Vaticano, não estava bloqueada por seguranças, como quase sempre ocorre quando personalidades importantes visitam o papa (quando o presidente Donald Trump se encontrou com Francisco em 2017, foram erguidas barricadas ao longo dos quarteirões ao redor do Vaticano).

Ao meio-dia, Emily Zeeberg, relações públicas da embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé, disse ao NCR: “O presidente Biden não tem planos de visitar Roma ou a Cidade do Vaticano nesta semana”. O arcebispo Paul Gallagher, ministro das Relações Exteriores do Vaticano, também disse ao NCR que “não tinha conhecimento” de planos para tal visita entre Biden e Francisco.

A programação oficial do presidente para o dia 15 de junho certamente não deixava muito espaço para improvisações. Ele teria encontros privados com o rei e o primeiro-ministro da Bélgica e com os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, antes de ir a Genebra para se encontrar com o presidente da Confederação Suíça.

O sentimento entre outras fontes do Vaticano e autoridades dos EUA em Roma sobre os relatos de uma visita de Biden era algo como um emoji de “dar de ombros”. Por que Biden iria agora, especialmente quando ele já deverá viajar a Roma em outubro para participar de uma cúpula dos líderes do G20?

As reuniões papais levam tempo para serem preparadas, e Biden sequer nomeou um embaixador dos Estados Unidos junto à Santa Sé ainda.

É claro, os relatos anônimos da reunião presidencial não ocorrida com Francisco surgiram enquanto o catolicismo de Biden estava sob os holofotes nacionais. Os bispos dos EUA estão se preparando para realizar uma reunião online de 16 a 18 de junho, na qual discutirão um documento sobre se políticos católicos pro-choice como Biden devem receber a Comunhão.

Pode-se notar que a história do dia 14 de junho da CNA alegando que Francisco cancelou os planos de celebrar uma missa com Biden foi elogiada em um e-mail a jornalistas do Instituto Bento XVI, uma organização com sede em San Francisco que, nas últimas semanas, vem compartilhando comunicados de imprensa do arcebispo Salvatore Cordileone.

Cordileone, arcebispo de San Francisco desde 2012, está entre os membros da Conferência dos Bispos dos EUA que lideram os esforços para o novo documento sobre políticos católicos pro-choice, mesmo depois que o chefe da congregação doutrinal do Vaticano pediu aos prelados que procedessem com cautela nesse plano.

Em um comunicado do dia 26 de maio, amplificado pelo Instituto Bento XVI, Cordileone disse ter ficado “profundamente entristecido” com outros bispos que sugeriram que a Conferência poderia adiar o plano, dadas as preocupações do Vaticano.

Na tarde do dia 15 de junho, a CNA fez uma correção na sua história sobre a missa papal supostamente planejada com Biden. A reportagem, disseram, foi feita “erroneamente”.

 

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