Biden, católico adulto, libertará o Papa da pressão de Viganò e dos conservadores

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09 Novembro 2020

Com o presidente democrata, Bergoglio tem um apoio importante na luta interna da Igreja.

A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por Huffington Post, 07-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Biden é o segundo católico a ser eleito presidente dos Estados Unidos após John Fitzgerald Kennedy, sessenta anos atrás. Biden falou abertamente sobre sua fé durante seu discurso de investidura na Convenção Democrata em Milwaukee e explicou como isso foi importante para ajudá-lo a superar os graves lutos que sofreu ao longo de sua vida. No início da campanha eleitoral, sua equipe preparou um vídeo mostrando um breve encontro em uma audiência geral com o papa Francisco como uma "bênção" papal por sua escalada à Casa Branca.

Ao longo das semanas, a questão “católica” para os democratas ficou na surdina. Mas não é apenas por causa de sua fé pessoal que a vitória de Biden "liberta" o Papa Francisco de um possível xeque-mate, que poderia ser suposto no caso da vitória de Trump.

Por razões geopolíticas e por razões "internas" à Igreja Católica, restaura o Trono do mundo de alguma forma em sincronia com o Altar. E, portanto, de alguma forma, evitará as fortes tensões que surgiram no final do pontificado de Ratzinger com a eleição de Obama e nos anos da presidência de Trump para Francisco.

Quem não se lembra das iniciativas soberanistas de Steve Bannon? A aliança com os cardeais "conservadores" (começando com o cardeal Burke), gradualmente refreada após a saída da Casa Branca até sua recente prisão por crimes financeiros relacionados à construção do muro anti-imigrantes com o México? A aliança na Itália com Matteo Salvini, o político com a camiseta “Meu Papa é Bento”?

O voto católico (26 por cento da população) foi decisivo para as vitórias de Obama, mas nos últimos anos nos Estados Unidos tornou-se cada vez mais polarizado: porque "deslocar-se" para a direita para um católico estadunidense também significava distanciar-se de Pontificado de Francisco.

A propaganda do ex-núncio D. Carlo Maria Viganò esteve martelando por mais de dois anos, desde agosto de 2018, contra o Papa, de quem pediu a renúncia reiteradamente. Viganò organizou orações pela reeleição de Trump e ganhou o apoio público do próprio Trump. Em uma manobra sem precedentes, o secretário de Estado Mike Pompeo, no final de setembro, acusou o Vaticano de imoralidade por seus acordos diplomáticos com a China sobre a escolha dos bispos.

Esse processo agora foi interrompido com a vitória de Biden.

Considerando que a Igreja Católica viveu e conviveu por dois mil anos com os mais diversos sistemas políticos e de poder, não se pode deixar de ver a maior proximidade da agenda de Biden em relação ao multilateralismo, à Europa, à salvaguarda da natureza contra as alterações climáticas (último ato da presidência de Trump com as urnas já fechadas foi a rescisão do Acordo de Paris), ao acolhimento de migrantes etc.

O Papa Francisco em outubro, o último mês da campanha eleitoral nos EUA, interveio com três "manobras" que indicaram um percurso claro. A Encíclica "Fratelli Tutti" (sobre a fraternidade e a amizade social), o acordo com Pequim (de natureza puramente religiosa, como foi especificado pelo Vaticano) e a nomeação do arcebispo de Washington Wilton Daniel Gregory, novo cardeal no consistório que será realizada no final deste mês, que publicamente se manifestou contra o uso instrumental de Trump do pontificado de João Paulo II e da Bíblia. Três manobras que dispersaram ainda mais a imagem de uma Igreja "militante" que precisa do apoio do poder.

Um antigo provérbio italiano diz que "chi mangia papa, crepa” (quem come Papa, morre). Os estrategistas estadunidenses do cerco a Francisco são apenas o exemplo mais recente disso.

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