09 Setembro 2020
“É uma grande oportunidade, devemos pensar sempre na evangelização da Europa”. O cardeal de Luxemburgo e presidente dos bispos europeus, Jean-Claude Hollerich, traçou um diagnóstico desolador, porém esperançado, do futuro da Igreja pós-pandemia. Em uma entrevista ao L’Osservatore Romano, o cardeal frisou que a pandemia pode acelerar a secularização do velho continente.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 08-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Penso no meu país [Luxemburgo], vamos ser reduzidos em número. Porque todos os que já não vinham à missa, porque vinham somente por motivos culturais, esses ‘católicos culturais’, de esquerda e direita, já não virão. Viram que a vida é muito cômoda. Podem viver muito bem sem ter que ir à igreja. Inclusive as primeiras comunhões, a catequese para crianças, tudo isso diminuirá em número, estou quase certo”, apontou Hollerich, que, não obstante, ainda pediu para contemplar a realidade com esperança.
“Porém isso não é uma queixa da minha parte. Teríamos este processo inclusive sem uma pandemia. Talvez levasse 10 anos mais”, insistiu. No entanto, acrescentou Hollerich, “a Igreja deve se inspirar em uma humildade que permita nos reorganizarmos melhor, para ser mais cristãos, porque ao contrário desta cultura do cristianismo, este catolicismo meramente cultural, não pode durar no tempo, não tem uma força viva por trás”.
“Devemos entender o que está em jogo, devemos reagir e colocar em marcha novas estruturas missionárias”, destacou o presidente do episcopado europeu. Missionários “de ação e de palavra”, acrescentou Hollerich, quem finalizou assegurando que “no mundo depois da pandemia, Ocidente, Estados Unidos e Europa serão mais fracos que antes, porque a aceleração que traz o vírus fará crescer de outras economias”.
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“A pandemia demonstrou que o catolicismo cultural não pode durar no tempo”, aponta o cardeal Hollerich - Instituto Humanitas Unisinos - IHU