Fauci chama covid-19 de uma ‘pandemia de proporções históricas’, como a gripe de 1918

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30 Julho 2020

Não há como negar o fato de que “esta é uma pandemia de proporções históricas”, disse o Dr. Anthony Fauci a alunos da Universidade de Georgetown, instituição jesuíta, em um webnário recente dedicado a abordar os riscos e as responsabilidades dos jovens em mitigar a disseminação da covid-19.

A reportagem é de Juan Carlos Ramirez, publicada por Catholic News Service, 27-07-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

“Penso que não podemos negar este fato. É algo que quando olharmos para trás, na história, será comparado ao que vimos em 1918”, disse ele, referindo-se à epidemia mortal de gripe que durou de fevereiro de 1918 a abril de 1920 e infectou 500 milhões de pessoas ao redor do mundo.

Fauci é o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Institutos Nacionais de Saúde e membro da Força-tarefa da Casa Branca para o Coronavírus, criada em janeiro de 2020.

Depois de a Organização Mundial da Saúde declarar a covid-19 uma pandemia em 11 de março, uma emergência nacional foi declarada nos Estados Unidos, levando a um fechamento de todos os serviços, exceto aqueles que o governo definiu como essenciais, como supermercados. A celebração pública das missas e as celebrações em outras casas de culto estiveram entre os inúmeros eventos que precisaram ser cancelados.

Nas últimas semanas, vários estados americanos estão gradualmente reabrindo, mas o número de casos confirmados de covid-19 tem aumentado pelo país.

Fauci disse que este aumento no número de casos possui uma correlação com a reabertura dos estados e com a cultura jovem.

Neste momento, o desafio que os Estados Unidos enfrentam é o ressurgimento das infecções nas regiões sul e sudoeste do país, disse Fauci, acrescentando: “Estamos vendo números recordes de casos, a maioria entre os jovens, o que sugere uma forte ligação com as tentativas de reabertura”.

Segundo o Centro de Recursos do Coronavírus da Universidade Johns Hopkins, no dia 24 de julho já havia mais de quatro milhões de casos positivos nos EUA e mais de 144 mil mortes. Estes números são os maiores do mundo em ambas as categorias.

Entre os estados que começaram a reabrir nas últimas semanas, o Arizona, a Califórnia, a Flórida e o Texas viram os maiores picos em casos confirmados de coronavírus, observou doutor.

Entre os dez condados mais afetados em números de casos confirmados, a Flórida e o Texas contam com quatro no total: Miami-Dade e Broward (na Flórida), e Harris e Dallas (no Texas).

“O nosso desafio hoje, amanhã e na próxima semana é tentar conter estes surtos e voltar a poder não apenas conter a disseminação, mas também reabrir com segurança”, disse Fauci.

O Dr. Scott Atlas, pesquisador da Universidade de Stanford, não vê correlação entre a reabertura dos estados e o aumento no número de casos. Ele atribui a elevação numérica aos protestos públicos em massa que têm ocorrido desde 25 de maio, quando George Floyd morreu sob custódia policial.

“Aliás, estes números não têm correlação, em um sentido temporal, com a reabertura dos estados”, disse Atlas. “Se olharmos bem, veremos uma distorção e uma falsa narrativa. A realidade é que o aumento no número de casos pode ter correlação com os protestos recentes. Para isso, basta ver que a maioria dos casos vêm de pessoas mais jovens e saudáveis”.

No Arizona, por exemplo, 61% dos casos de covid-19 são de pessoas com menos de 45 anos, dizem as autoridades públicas de saúde. Nos dois maiores condados do Texas (Harris e Dallas), cerca da metade dos novos casos é de pessoas abaixo dos 40 anos.

Fauci, Atlas e outros concordam que os mais jovens, em média, têm menos probabilidade de ficar gravemente enfermos e morrer da doença. Essa população, no entanto, pode disseminar o vírus aos mais idosos, pessoas com um grau maior de vulnerabilidade.

Atlas também disse que o aumento no número de leitos em UTIs ocupados não tem relação com o aumento de casos positivos de covid-19, e sim com a reinstalação dos pacientes sem covid-19 aos cuidados médicos.

“Quando analisamos o caso do Texas, 90% dos leitos de UTIs estão ocupados, mas só 15% de pacientes de covid”, disse Atlas.

Independentemente das perspectivas adotadas a respeito do que tem causado o aumento no número de casos, os estados estão reimpondo medidas restritivas, ao mesmo tempo têm convocado o público a continuar aderindo ao protocolo de distanciamento social e ao uso de máscaras.

Por exemplo, o governador da Califórnia, Gavin Newson, publicou um decreto, em 13 de julho, obrigando 30 condados, que somam 80% da população do estado, a fechar seus restaurantes, bares, teatros, centros de entretenimento, museus, academias e templos religiosos, entre outros espaços.

Em consonância com o decreto, a Arquidiocese de Los Angeles anunciou, também em 13 de julho, que vai descontinuar as missas e outras celebrações litúrgicas, com efeito imediato.

O arcebispo de San Francisco, Dom Salvatore J. Cordileone, assim como os demais bispos da Califórnia, recomendou que os católicos participem remotamente das missas, via transmissão ao vivo, recebam a “Comunhão espiritual”, meditem sobre as leituras de domingo e rezem o rosário.

Na Flórida, o governador Ron DeSantis disse que o estado “não vai voltar” a um lockdown. Ele não emitiu um decreto obrigando o uso de máscaras, mas a maioria das jurisdições têm pedido que o público use coberturas faciais quando em estabelecimentos ou locais públicos.

Em 11 de julho, o governador do Texas, Greg Abbot, voltou parcialmente atrás em seu programa de reabertura. O estado emitiu uma ordem para o uso de máscaras que exige que todos os moradores usem alguma cobertura facial sobre o nariz e a boca quando em público.

Além das exigências do uso de máscaras, outros decretos que se tornaram comuns pelo país incluem o distanciamento social, limites para encontros em grupo, procedimentos para a higienização das mãos e, quando se tratar de locais de culto, as melhores práticas para desinfetar os bancos e outras áreas.

“Se uma igreja não puder ser higienizada segundo as normas de limpeza e desinfecção, não poderá haver reuniões no local”, lê-se no sítio eletrônico da Diocese de El Paso, no Texas. “Da mesma forma, se uma celebração litúrgica ou um evento não puder aplicar as normas de distanciamento social, então não poderá acontecer”.

Um dos problemas mais debatidos no momento nos EUA durante esta pandemia em curso é se, quando o outono chegar, as escolas deverão abrir e ter aulas normalmente, ou deverão continuar com o aprendizado on-line a distância, ou ainda adotar alguma espécie híbrida desses dois formatos.

Fauci disse que o principal objetivo é ter as crianças na escola, mas que esse objetivo precisa mudar nas diferentes regiões dos Estados Unidos com base nas condições locais.

“Como princípio geral, devemos tentar da melhor maneira possível manter as crianças na escola pelo motivo de que as consequências do efeito intencional a jusante de mantê-las longe da escola e o impacto nas famílias trabalhadoras podem ser profundos”, explicou Fauci no webnário.

No entanto, isso vai variar de acordo com o local onde vivemos e com a dinâmica do surto em nossa região”, acrescentou o doutor. “Embora o princípio fundamental esteja aí, o outro princípio orientador e que prevalece é a segurança e o bem-estar dos alunos e professores”.

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