Vandana Shiva: Fugir para Marte não é uma opção para evitar a extinção

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10 Dezembro 2019

A fuga para outros planetas como Marte não é a solução para a humanidade sobreviver à sexta extinção provocada pela era industrial, disse, neste domingo, a ativista e ecologista indiana Vandana Shiva, em sua visita à Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara, no México.

A reportagem é publicada por El Diario, 08-12-2019. A tradução é do Cepat.

“Os capitalistas propõem apenas duas opções: a extinção ou a fuga para Marte. Por isso, pessoas como Elon Musk e o proprietário da Amazon, Jeff Bezos, falam sobre isso. Fugir foi a opção que a Europa adotou quando estava perdida na pobreza e pela qual colonizou outros países. Fugir não é moral, não deveria ser nossa maneira de fazer as coisas”, afirmou.

Shiva (Dehradun, 1952), filósofa originária da Índia e referência na luta pelos direitos ambientais, disse que há uma “sexta extinção” que está em andamento e “é uma grande realidade”.

Essa ameaça à Terra não está apenas nas transformações causadas pelos gases do efeito estufa na atmosfera, mas também na superfície com o desaparecimento de espécies vegetais e animais essenciais para a cadeia alimentar, alertou.

“Nós, humanos, nos tornamos monstros que utilizam agroquímicos. A sexta grande extinção é um produto direto da era industrial”, assinalou.

Explicou que o uso de inseticidas acabou com 80% dos insetos no planeta, inclusive com os mais importantes polinizadores, além do fato de que o uso de produtos químicos para erradicar certas ervas daninhas para os cultivos está acabando com as que são benéficas.

Shiva cresceu em uma comunidade próxima à cordilheira do Himalaia e, aos 20 anos, ingressou no movimento Chipko, para evitar o desmatamento da cadeia montanhosa, e desde então dedica sua vida à proteção do meio ambiente de diferentes trincheiras.

Defensora do ecofeminismo, criou várias organizações com outras mulheres que trabalham para recuperar o conhecimento e os saberes tradicionais relacionados à produção de alimentos de forma sustentável.

“Na Índia, começamos a coletar sementes e hoje temos seis vezes mais biodiversidade de polinizadores, graças a isso estamos ajudando a cultivar plantas medicinais e comestíveis. Esse movimento é nossa resposta alternativa à fuga da Terra e para enfrentar a extinção”, disse.

O ativista chega em Guadalajara como uma das figuras da FIL, que este ano tem a Índia como país convidado de honra. Também recebeu o Reconhecimento Natureza, Sociedade e Território por suas contribuições em defesa da Terra.

Crítica ao neoliberalismo e líder do Fórum Internacional sobre a Globalização e membro do movimento antiglobalização, Shiva duvidou da eficácia das reuniões de líderes na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, pois seus acordos perpetuam as práticas que provocaram a fragilidade em que se encontra o meio ambiente.

“Os acordos de Paris são voluntários e não são suficientes para garantir que o aumento da temperatura seja mantido dentro dos limites estabelecidos pelos especialistas de 1,5 grau, além de não ter o poder de impedir que isso continue acontecendo, é por isso que estamos nessa situação”, afirmou.

A ativista expressou seu apoio ao movimento Fridays for future, liderado pela adolescente sueca Greta Thunberg, pois está resistindo à “colonização de seu futuro” pretendido pela indústria global.

“Não é por acaso que novas gerações estão surgindo para impedir a inércia colonizadora que está nos roubando o futuro”, afirmou.

Shiva considerou que, além de se manifestar toda sexta-feira e falar em reuniões internacionais sobre o clima, os jovens deveriam adotar a filosofia inspirada pelo líder indiano Mahatma Gandhi de resistência e criação.

“Precisamos protestar e, ao mesmo tempo, criar alternativas. Quando conheci Greta em Paris, disse a ela e a todo o movimento que façam greve na sexta-feira, mas que no restante dos dias plantem jardins, pois dessa forma estarão fazendo as duas coisas”, revelou.

“Com uma mão temos que fechar a porta da destruição e, com a outra, temos que plantar as sementes do futuro”, concluiu.

Entre 30 de novembro e 8 de dezembro, a FIL acolhe em Guadalajara, capital do estado mexicano de Jalisco, cerca de 800 escritores provenientes de 37 países e mais de 2.000 editoras, além de uma destacada delegação da Índia e cerca de 800.000 visitantes.

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