O Sínodo da Amazônia e o valor da assembleia dos bispos na Igreja antiga

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17 Setembro 2019

"Assim como a Igreja antiga realizou muitos sínodos em vista do bem comum de toda a Igreja e do Senhor Jesus Cristo, teremos um Sínodo para a Amazônia, com a graça de Deus e a responsabilidade humana", escreve Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá, Pará.

Eis o artigo. 

Estamos próximos do Sínodo da Amazônia, a reunião dos bispos com o Papa Francisco em Roma. Será uma ocasião de graça, de Pentecostes seja para a região da Pan-Amazônia, seja para toda a Igreja e para o Reino de Deus. Unirá as forças vivas em suas pastorais, movimentos, serviços, debatendo questões próprias da Igreja para melhor servir o povo de Deus a nós confiado. Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. Este é o tema que seguiremos de modo que desejamos nada de divisões na Igreja e em todo o mundo, mas torcermos para que tudo ocorra conforme a Vontade de Deus. Rezemos nas liturgias, missas, celebrações para esta assembleia especial para região pan-amazônica.

A realização de um Sínodo é própria ação da Igreja do Senhor. Vemos na Igreja dos primeiros séculos, que realizava muitos encontros de bispos, sínodos, a busca de um caminho em conjunto. Na Igreja antiga, o fortalecimento da Igreja dependia da unidade dos bispos que era refletida junto ao povo de Deus. Tudo era expresso na consagração de um bispo na qual participavam os bispos vizinhos. O Concílio de Nicéia, cânon 04, realizado em 325 afirmava que em uma consagração episcopal deviam estar presentes pelo menos três bispos, sendo um costume em vigor até hoje. O Concílio também insistia para que todos os bispos da Província estivessem presentes na consagração do eleito ou que pelo menos houvesse um consenso escrito dos ausentes. O livro A Tradição Apostólica de Hipólito de Roma falava que os bispos presentes impunham as mãos sobre o eleito, permanecendo imóvel o presbyterium, os presbíteros, de modo que só os bispos punham as mãos sobre aquele que ficaria bispo.

Desde o fim do II século os bispos das províncias ou dioceses começaram a encontrar-se em reuniões (synodoi, sínodos, concílios regionais) para questões que diziam respeito a toda a Igreja. Cipriano afirmava que os escritos dos mártires que circulavam entre as igrejas garantiam a paz geral na Igreja de Cristo Jesus. Outros escritos falavam da unidade da Igreja na antiguidade cristã, pois diziam respeito à disciplina e à própria vida eclesial. Dessa forma aconteciam as Assembleias dos Bispos para debater questões das Igrejas e dar encaminhamentos às mesmas. Alguns acontecimentos extraordinários como o aparecimento dos montanistas, a controvérsia sobre a festa de Páscoa, o tratamento dos lapsis, a controvérsia do batismo dos heréticos deram o início a esta prática que resultou em uma instituição significativa à unidade na diversidade da Igreja sobre a base dos bispos.

Na medida em que cada bispo é considerado como sucessor dos apóstolos, os bispos participantes eram equiparados nos direitos de governar e reger o povo de Deus de modo que o serviço episcopal era único e cada um participava na sua integridade.

Neste sentido destacava-se a Igreja de Roma na condução dos trabalhos sinodais. Ireneu de Lião afirmou que entre as Igrejas particulares, existe uma por excelência que a torna porta-voz de todas as outras, sendo a Igreja de Roma, fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo, de modo que o seu sucessor continua a obra apostólica unindo as tradições de outras igrejas.

Tertuliano deu notícias em relação às reuniões dos cristãos desenvolvidas em Cartago, sendo essas de dois tipos: cultuais e caritativas. As cultuais compreendiam uma oração comum dos fiéis, leituras da Sagrada Escritura, discursos de exortação e de advertência sobre a ordem interna da comunidade e uma coleta para os necessitados. As reuniões caritativas eram acompanhados por cantos religiosos e feitas com as celebrações eucarísticas. Tanto as primeiras reuniões como as segundas eram presididas pelos dirigentes da comunidade, sendo bispos e presbíteros.

Assim como a Igreja antiga realizou muitos sínodos em vista do bem comum de toda a Igreja e do Senhor Jesus Cristo, teremos um Sínodo para a Amazônia, com a graça de Deus e a responsabilidade humana. O Sínodo dos Bispos possibilita um novo Pentecostes, um sinal dos tempos no qual o Espírito Santo abre novos caminhos para um diálogo recíproco com todo o povo de Deus, com os povos indígenas, com o povo da cidade e do campo, com os pobres e excluídos da sociedade. O Senhor Jesus Crucificado e Ressuscitado acompanhe-nos para percebermos os novos caminhos para a Amazônia e para uma ecologia integral.

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