12 Setembro 2019
Indígenas do Vale do Javari divulgaram uma nota denunciando o assassinato de Maxciel Pereira dos Santos que teria ocorrido no dia 6 de outubro, na cidade de Tabatinga, no Amazonas. Maxi, como era conhecido, colaborou com a Fundação Nacional do Índio por mais de 12 anos, atuando no combate as invasões e reconhecimento dos territórios indígenas.
A reportagem é publicada por Amazônia.org, 10-09-2019.
Maxciel foi morto com dois tiros, na frente de seus familiares em uma rua movimentada. Há suspeitas de que a motivação seja sua atuação em defesa dos povos tradicionais. Além da trabalhar na Funai, foi por cinco anos chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari e nos últimos anos, colaborou com a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari.
No comunicado os indígenas afirmam que há uma crescente tensão na região: “só neste ano, já aconteceram quatro ataques com arma de fogo contra as equipes que estão na Base de Vigilância Ituí, sobre os quais denunciamos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sem que fosse dada alguma resolução até a presente data”.
Assinado pelos coordenadores da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o documento representa os povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina (Pano), Korubo e Tsohom-Djapá.
A base da Funai na região é fundamental para a proteção dos índios isolados ou de recente contato. Existem oito grupos na região que sofrem com a falta de profissionais para executar as atividades. “Nos últimos anos a Coordenação Regional da FUNAI no Vale do Javari tem sido o reflexo da situação do órgão em nível nacional, funcionando mais pela garra de seus servidores do que a atuação de Estado; boa parte das vezes sem nenhuma garantia de respaldo pelas chefias superiores, a maioria indicações políticas e sem nenhum compromisso com a causa indígena”, afirmam.

Mapa Vale do Javari.
Em nota pública, a Associação de servidores da Funai prestaram solidariedade aos familiares e apontam que “este episódio trágico e extremo se soma a muitos outros. Nos mais diferentes contextos, da Amazônia à região Sul do país, indígenas, servidores e colaboradores atuam em condições precárias e insuficientes na proteção de Terras Indígenas. Por conta da participação em ações de combate a ilícitos nesses territórios, encontram-se cada vez mais ameaçados e vulneráveis”.
Os indígenas cobram investigações do assassinato e solicitam que a Funai viabilize a atuação de fiscalização e proteção permanente, visando impedir as invasões, o desmatamento ilegal, a proteção dos servidores e atendimento aos povos indígenas na região.
Leia mais
- A morte de indigenistas na região da Amazônia e o efeito Bolsonaro
 - Agronegócio, a inesperada resistência ao desmonte ambiental de Bolsonaro
 - Funai realiza Expedição para proteção de indígenas Korubo no Vale do Javari
 - O inaceitável massacre de indígenas isolados no Vale do Javari
 - Garimpeiros mataram índios “flecheiros” no Vale do Javari, confirma MPF do Amazonas
 - Operando com 10% do orçamento, Funai abandona postos e coordenações em áreas indígenas
 - O novo presidente do Brasil e “ruralistas” ameaçam o meio ambiente, povos tradicionais da Amazônia e o clima global
 - STF mantém demarcação com Funai; ministro aponta “comportamento ilícito” de Bolsonaro
 - Terras indígenas: mudanças do novo governo esvaziam direitos constitucionais
 - Precisamos falar da presidência da Funai
 - A Funai está morrendo
 - Assessor da bancada ruralista é nomeado presidente da Funai