Itália. A crise amplia o "fosso social". Para o 10% mais pobre apenas o 1,8% da renda

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24 Abril 2018

Eurostat: 10 anos atrás, era de 2,6%. Unimpresa: explosão do grupo em situação precária, 9,3 milhões de italianos em risco. Por um lado, os ricos estão ficando cada vez mais ricos. Pelo outro, os mais pobres continuam a ver a sua renda diminuir.

A informação é de Claudia Vittorini, publicada por Corriere della Sera, 23-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

É o que acontece na Itália desde o início da crise de 2016 de acordo com o panorama publicado pela Eurostat, que revela que na Itália estão aumentando as desigualdades sociais e é cada vez mais amplo o fosso entre aqueles que têm os rendimentos mais elevados e aqueles com menores disponibilidades. À custa da classe média, cada vez mais restrita. Os números falam. Em 2008, a parte mais pobre da população na Itália podia contar com uma renda que correspondia a 2,6% do total. Durante os anos da crise, a renda foi se reduzindo até chegar a 1,8%. Algo que não aconteceu com os mais ricos, que passaram a deter quase um quarto da renda, subindo para 24,4% em 2016 de 23,8% em 2008, mais do que a média europeia que estacionou em 23,9% (de 24,2 % em 2008).

O Eurostat então estimou que, em seis anos, de 2010 a 2016, a desigualdade de distribuição da renda aumentou de 31,7% para 33,1.

A Bulgária, com seu 38,3% tem a maior disparidade da Europa. Eslováquia e Eslovênia as menores: 24,3 e 24,4. Isso não causou surpresa para Enrico Giovannini, ex-presidente do Istat e professor de Estatística da Universidade Tor Vergata de Roma: "Aqueles de Eurostat são dados que evidenciam como na Itália, mais do que em outros Países, as desigualdades continuam a crescer, não só na renda, mas também em termos de riqueza, como já relevaram tanto o Istat como o Banco da Itália”. Não só. "Se antigamente os mais velhos eram aqueles com maior risco de pobreza - continua Giovannini – hoje quem está em perigo são principalmente jovens e adultos, isso porque o welfare até agora defendeu os mais idosos, não os mais pobres".

Um estudo da Unimpresa contou mais de nove milhões e trezentos mil italianos em risco de pobreza: de 2016 a 2017 "outras 128.000 pessoas entraram no grupo dos carentes", isso porque aumentam os trabalhadores precários com empregos muito instáveis e baixos salários. Esse é o ponto, explica Giovannini: "A retomada econômica na Itália gerou muitos postos de trabalho de baixa remuneração, são empregos temporários e precários com rendimentos muito baixos". A crise na Itália, explica o estudioso, "foi muito mais demorada, violenta e grave e levou a elevada taxa de desemprego e perda de renda, especialmente nas faixas de renda mais baixas".

Em 2013, Giovannini propôs o Sia, (Sustento de Inclusão Ativa), que em 2017 transformou-se em Rei (Renda de Inclusão): "Se o Sia tivesse sido introduzido imediatamente, hoje já teríamos alguns resultados, em vez disso o Rei, com um investimento de recursos tão limitado, não pode ser suficiente para reduzir o número de pobres, só pode atenuar o nível de pobreza".

E quanto à ‘renda de cidadania’, cavalo de batalha do partido Cinque Stelle "depende muito de quantos recursos serão destinados ao subsídio e aos serviços de acompanhamento mas, de qualquer forma, são importantes também políticas econômicas que lidem com as empresas, porque as políticas assistenciais não são suficientes".

De acordo com Giovannini “são necessárias políticas fiscais e de inovação para ajudar as empresas a aumentar a rentabilidade e, assim, gerar rendimentos mais elevados: só assim será possível alcançar um crescimento econômico real com salários adequados e empregos estáveis".

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